Por Victor Raphael (*) em 26 de Janeiro de 2018
Vejamos por exemplo um cavaquinho desafinado no time de cordas de determinada agremiação: além de render perda de pontos de discrepância musical no quesito “samba-enredo”, ainda pode causar uma desafinação do interprete, provocando também uma dissonância entre canto da escola e do carro de som, o que interfere no quesito “Harmonia e Evolução”.
Temos também um caso clássico... a saída do recuo de bateria. Caso a escola abra um buraco nessa saída, a perda de pontos no quesito “Harmonia e Evolução” é iminente. Mas também, caso a bateria corra para preencher esse espaço e altere o seu ritmo, também perderá alguns pontinhos no quesito bateria.
Alas sem significação para o enredo também podem ter dupla punição: a falta de concepção dentro do quesito “Fantasia”, bem como a não contribuição para o entendimento do tema da escola no quesito “Enredo”.
Existem tantos outros exemplos a serem citados de falhas que podem causar estragos na hora das canetas. Mais do que isso, o julgamento é um retrato do que acontece à frente da cabine dos julgadores, e o dinamismo do desfile provoca esse tipo de diferença. Há um caso tipicamente corumbaense: Uma agremiação passou pela primeira cabine de jurados praticamente perfeita, sedimentando seu caminho para a vitória, porém, sucessivos erros aconteceram diante da segunda cabine de jurados, o que contribuiu para o resultado final, onde mesmo com o maior número de notas máximas, a escola acabou perdendo o carnaval para outra coirmã, que foi mais regular dentro dos quesitos. Eis a mística do carnaval!
Evoé!
* “Evoé”, em Grego EUOÉ, em Latim EVOHÉ, era um grito de alegria e comemoração lançado pelos bacantes nas festas de DIÓNISO (ou BACO, para os romanos).
(*) Victor Raphael é compositor e diretor da Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá.