Por Victor Raphael (*) em 12 de Janeiro de 2018
O carnaval vem se aproximando e o corumbaense começa a voltar olhos, ouvidos e vozes para as escolas de samba da cidade. O carnaval do samba, trazido pelos marinheiros às margens do Rio Paraguai, hoje é parte da cultura tradicional corumbaense, e movimenta paixões nas rodas de conversa e redes sociais na cidade.
Como bom sambista, de mãe sambista, tendo o carnaval como parte da minha criação, já fiz um tanto de coisa no carnaval: compositor, ritmista, diretor de harmonia, autor de enredo, diretor de carnaval, fora os quebra-galhos que sempre existem nesse tipo de ambiente. Em vista disso, algumas dessas curiosidades que só quem se envolve em carnaval sabe é o que pretendemos mostrar nesse espaço, do qual desde já agradeço ao Diário Corumbaense pela oportunidade.
Uma das ideias para começar a escrever sobre carnaval é entender qual é a função econômica dessa festa para a cidade de Corumbá, principalmente em momentos de crise como que estamos passando em âmbito nacional. É necessário esclarecer que o carnaval corumbaense tem natureza superavitária. O que isso significa para o Poder Público?
É bem simples. O valor que é gasto com o carnaval dos desfiles das escolas de samba, blocos, cordões, blocos independentes e os shows dos bailes populares, assim como toda a programação diária e o pré-carnaval, é inferior ao valor de circulação econômica que o município tem nesses dias. As médias de circulação econômica no município são entre 300 e 500% maiores que o investimento realizado. Isso causa um efeito interessante: o que se investe através do orçamento próprio da cultura acaba gerando tributos ao município que podem ser utilizados em qualquer pasta, provocando assim uma maior capacidade do município em ter o recurso livre para definir em quais lugares há prioridade.
Sendo assim, mais que uma alternativa de lazer pro nosso povo, trata-se de um importante condicionante econômico para o nosso município a presença de um carnaval forte, que provoque o engajamento da população e atraia cada vez mais turistas para conhecer o melhor carnaval do Centro-Oeste do Brasil.
Evoé!
* “Evoé”, em Grego EUOÉ, em Latim EVOHÉ, era um grito de alegria e comemoração lançado pelos bacantes nas festas de DIÓNISO (ou BACO, para os romanos).
(*) Victor Raphael é compositor e diretor da Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá