Caline Galvão em 23 de Junho de 2016
Festeiros vão descer hoje a ladeira Cunha e Cruz, a partir das 18h, para o tradicional Banho de São João. Os andores, já enfeitados, aguardam a chegada da noite para o desfile cultural. Os festeiros já estão com suas casas repletas de bandeirolas, imagens do santo homenageado e, nesta quinta-feira (23), o conhecido café da manhã, oferecido por alguns deles, deve atrair dezenas de fiéis e curiosos que admiram a festa e a fé dos devotos.
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Há 70 anos a família da dona Maria Paula realiza festa de São João em Corumbá
Dia 30 de junho, dona Maria Paula da Silva completa 81 anos e já são mais de três décadas participando do Banho de São João, oferecendo café da manhã no dia 23 de junho e muita festa em sua casa. “Eu lembro que quando eu tinha cinco anos, minha avó já fazia a festa lá em Cáceres. Eu vim para cá com 12 anos e quando chegamos aqui, tinha umas três pessoas que faziam a festa de São João. Minha avó fazia a festa, depois passou para minha mãe que faleceu e dei continuidade. Agora tenho sete filhos e eu não sei qual deles vai continuar, mas eu espero que continuem”, afirmou dona Maria Paula ao Diário Corumbaense.
Ela explicou que toda manhã do dia 23 de junho oferece café da manhã, quando entre setenta e cem pessoas comparecem e passam quase o dia todo comendo e tomando chá. Logo de manhã, um terço será rezado e por volta das 06h30, a comida será oferecida. Durante todo o dia haverá preparativos para o Banho de São João, que acontece à noite. Vão suspender o mastro em homenagem a São João e fazer churrasco e sarravulho. Depois da descida do andor pela ladeira Cunha e Cruz, os convidados voltam para a casa da dona Maria Paula para dançar e festejar. “Eu sou devota de São João que me fez muitos milagres e vou fazer a festa dele até eu falecer”, afirmou a festeira.
Alfredo Ferraz, de 28 anos, talvez é um dos festeiros mais jovens que estão dando continuidade à tradição popular da festa de São João. “A devoção começou com meus avós paternos, mas eu comecei bem criança, quando ganhei da minha tia a imagem de São João e meu tio preparou o andor. Eu tinha entre 08 e 10 anos, então nós começamos. Minha mãe começou a preparar o andor e a gente realiza o ritual da reza e da fogueira aqui em casa e dávamos banho no santo em uma caixa d’água”, contou o festeiro. Ele afirmou que começou a levar o andor em procissão com a vizinha em 2003 e não parou mais.
Alfredo Ferraz se dedica à festa todos os anos por causa da sua fé em São João
Os andores confeccionados por Alfredo Ferraz são muitas vezes premiados por causa do capricho com os enfeites e detalhes. Ele contou que faz tudo com muito cuidado por causa de sua fé em São João. “Pela fé, pelo amor, pela devoção, o carinho, a gente sempre procura fazer o melhor para São João. É uma forma de gratidão que eu sinto pelas graças, pelas bênçãos que recebemos e a gente procurar fazer o melhor graças ao apoio e a colaboração dos padrinhos que ajudam a confeccionar e auxiliam financeiramente”, disse a este Diário. Às 05h da manhã haverá alvorada festiva e Alfredo Ferraz vai sair em procissão com os vizinhos até a Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Às 07h acontece a missa e depois os vizinhos retornam para a casa do festeiro em procissão onde acontece o levantamento do mastro com a bandeira do santo, na frente da casa dele, e depois é oferecido o café da manhã, para cerca de 500 pessoas. A tarde inteira será uma preparação para a noite, quando haverá a descida do andor e o Banho de São João, e os convidados retornam para a casa do festeiro para a comemoração que entra pela madrugada.
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