Fonte: Mirella Dutra* em 12 de Março de 2013
Quando falamos biblioteca ou do papel do bibliotecário logo nos surgem várias perguntas: por que se guardam livros? Quem guarda livros? Com que intenção, com que sonho, com que visão para o futuro? Para que e para quem?
Bastos Tigre foi o primeiro bibliotecário reconhecido no Brasil que exerceu a profissão por 40 anos e com espírito inovador vislumbrou novos conceitos, tornando a biblioteca não apenas uma depositária de livros, mas sim como um centro dinâmico por excelência. A biblioteca não é mais uma caixa esquecida e sim um polo de conhecimento e informação para a comunidade onde ela está inserida. Cabe ao profissional bibliotecário caminhar frente da sociedade, auxiliando-a no seu processo de busca de identidade, visando proporcionar-lhe uma aproximação cada vez maior com a justiça, a democracia e a igualdade para todos.
Contribuir para o acesso a todos, indicar o conhecimento, lutar por programas de democratização do saber, na transformação do homem e de seu mundo através de seu instrumento de trabalho: A Informação. Sua principal função é envolver-se, tomar posicionamento, assumir uma postura político-filosófica e atuar. É passar de um mero técnico da informação para uma AGENTE CULTURAL.
Mas continua a pergunta: por que guardamos livros, fotos, jornais, documentos? No fundo queremos guardar o tempo que o homem mostrou sua existência quando inventou a escrita e seus outros suportes de memória. Ou seja, ao escrever seu primeiro texto, o homem desligou-se do presente e se lançou na aventura do futuro. Ao registrarmos qualquer coisa em papel ou outro suporte, deixamos que este não se perca, mas nos tornamos escravos dele. Não se pode viver sem o fato de ter existido. Começa assim a história, seja ela de um povo ou de uma pessoa. A partir da escrita não podemos mais voltar atrás e nem segurar a história e o homem tornou-se um produto do livro.
Infelizmente alguns reis e governantes tentaram apagar o passado de seu povo queimando uma das maiores bibliotecas já existentes, a Biblioteca de Alexandria, destruindo manuscritos e anos de historia. Em tempos mais remotos Hitler e Stalin, queimaram livros e suprimiram personagens. Hoje, quando vemos bibliotecas sendo abandonadas e fechadas, privando o povo de cultura e sua história, estamos deixando de lutar por nossa história.
Um longo caminho foi percorrido até chegarmos aos livros de hoje. Uma enorme quantidade de conhecimento é acumulada e vem evoluindo a cada minuto com o advento da informática. Guardar tudo que se produz não e fácil, nem possível. Hoje, o conhecimento e a informação, são gerados muito rapidamente e da mesma forma é necessária aos que os procuram. Ver nossas bibliotecas sendo abandonadas e servindo apenas como depósitos de livros, é como parar na história e ver seu povo se esquecer do seu passado. A biblioteca e o bibliotecário têm o papel de serem transformadores da informação. Por fim, desafio a todos a visitarem as bibliotecas.
Percorram esse mundo e calculem o valor diário e interminável de sua criação, onde nós, bibliotecários, nos tornamos um agente secreto a desvendar uma busca incessante de informação, para sua pesquisa, sua história, seu conhecimento. Vejam o quanto ela traz da sua história e o quanto ela é importante para mantermos viva a memória do nosso povo. Lembrem-se que quase tudo que o homem pensou ou criou, deve ser guardado e que as bibliotecas são os centros de transferência da informação. Ela é um espaço dinâmico que atende a história de seu povo, onde o papel transformador do bibliotecário como agente cultural é dinamizar este espaço, tornando-o um centro múltiplo de informação e cultural de seu povo.
*Mirella Dutra é coordenadora da biblioteca da Fundação de Cultura de Corumbá
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