Veterano fuzileiro naval completa 100 anos e recebe homenagem da Marinha

Como nos velhos tempos e em cumprimento às tradições navais, o terceiro-sargento (Fuzileiro Naval-Reformado) Edson Arguelho da Silva prestou, com entusiasmo, continência durante o arriamento do Pavilhão Nacional no fim da tarde do dia 23 de outubro, em Ladário. Desta vez, o sinal da corneta e os sete vivas com o apito tiveram um significado especial para ele: a comemoração pelo seu 100º aniversário, em cerimonial à bandeira narrado, no 3º Batalhão de Operações Ribeirinhas (3ºBtlOpRib).

O militar é Praça mais longevo do Corpo de Fuzileiros Navais e, entre fotos, documentos e condecorações, relembra com saudosismo e orgulho os anos servidos à Marinha do Brasil. “A Marinha é minha vida, minha segunda casa”, declarou.

Natural de Ladário, o veterano iniciou sua trajetória na Força em 02 de janeiro de 1943, quando ingressou como marinheiro-recruta na 1ª Companhia Regional de Ladário. Após 6 meses, foi promovido a soldado fuzileiro naval. Em junho de 1944, foi selecionado para o curso de especialização de motorista no Rio de Janeiro, regressando para Ladário após o fim do curso. Ainda em 1944, foi selecionado para realizar manobras e exercícios em preparação para a 2ª Guerra Mundial. 

O período, segundo o terceiro-sargento (FN-Ref) Edson, foi de intensa preparação, com muito treinamento e exercício, e prosseguiu com deslocamento até a Ilha da Trindade, de onde os militares seguiriam para a Europa. Com o fim da guerra, o militar retornou a Ladário. 

Durante uma missão em Corumbá, enquanto dirigia um jipe, um grave acidente o deixou à beira da morte. O episódio ocasionou uma perda óssea no braço do militar, o que o levou a ser reformado.

Hoje, aos 100 anos, o terceiro-sargento (FN-Ref) Edson permanece com forte admiração pela Marinha. Em uma caixa, estão guardados todos os convites de eventos recebidos, os quais ele faz questão de participar. Nas cerimônias de 11 de junho e 13 de dezembro, realizadas em Ladário, o veterano, até 2019, fazia questão de desfilar em continência às autoridades em um pelotão junto aos militares da reserva da área de jurisdição do Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN). Os desfiles em comemoração ao aniversário da cidade e à Independência do Brasil são eventos marcados na agenda do veterano, que não deixa de assistir e prestar continência aos pelotões.

Maria da Graça dos Santos Silva, filha de Edson, descreve o pai como alguém que sempre foi agitado e rigoroso quando mais jovem, um homem que “não perdia o horário do remédio e cuidava da saúde de forma disciplinada”. A longevidade e a vitalidade dele surpreendem a própria família: enquanto Maria toma seis remédios, ele toma apenas dois. E não se trata apenas da saúde física, mas também de uma mente ativa. “Ele lembra tudo de cabeça, número de CPF, do telefone das pessoas, dos militares e da Marinha. Ele mexe no celular sem dificuldades, escreve mensagem para os amigos”, conta a filha, orgulhosa.

O carinho de terceiro-sargento (FN-Ref) Edson pela Marinha transcende até questões de saúde. Em uma ocasião, após ser transferido para um hospital fora das instalações do Hospital Naval de Ladário devido a uma complicação de saúde, o militar fez questão de ser transferido de volta.

Família

O serviço militar foi inspiração para a família: quatro filhos, quatro netos e três bisnetos do terceiro-sargento (FN-Ref) Edson tornaram-se militares. O primeiro-sargento (Fuzileiro Naval) Wesley é um deles e relata que se inspirou no avô e no pai na hora de decidir o futuro. “Eu sempre tive um grande exemplo dentro de casa, não só do meu pai, mas também do meu avô Edson. Desde pequeno, via o orgulho quando nos mostrava fotos com o uniforme e as histórias que contava. Ele sempre dizia que ser militar não era apenas uma profissão, mas uma missão de vida. Acho que foi isso que me inspirou a seguir o mesmo caminho, a querer honrar o que ele e meu pai representam”, relatou o primeiro-sargento (FN) Wesley, que atualmente serve no Comando do 6º Distrito Naval e completou, neste ano, 26 anos de serviço ativo.

Cerimônia

Para comemorar os 100 anos do terceiro-sargento (FN-Ref) Edson, o 3ºBtlOpRib realizou uma cerimônia em homenagem ao veterano. Com a presença do Comandante do 6º Distrito Naval, militares do Complexo Naval de Ladário, Banda de Música do Com6ºDN e familiares do homenageado. O evento iniciou-se com o Cerimonial à Bandeira narrado e contou com a apresentação das crianças e adolescentes do Programa Forças no Esporte, do Ministério da Defesa. Em coro, sob regência da segundo-sargento (Fuzileiro Naval) Olga, os alunos cantaram a canção Cisne Branco.

A Banda do Com6ºDN, composta por fuzileiros navais músicos, tocou a canção “Nossa Senhora”, de Roberto Carlos, uma música considerada um amuleto e símbolo de fé pelo terceiro-sargento (FN-Ref) Edson, que é devoto da Santa. O corte do bolo, após os parabéns, foi realizado ao som do hino do Fluminense, seu time de coração. 

“Sinto-me honrado em celebrar o centenário de vida do veterano fuzileiro naval Edson. O militar é um exemplo de resiliência, sabedoria e coragem. Sua dedicação ao serviço, lealdade à Bandeira Nacional e amor à pátria são exemplos inspiradores para as novas gerações que buscam seguir seus passos”, declarou o comandante do 6º DN, contra-almirante Alexandre Amendoeira Nunes. 

Para relembrar o passado, a Banda entoou o hino dos Fuzileiros Navais, “Na vanguarda”, cantada com emoção pelo veterano.

Como homenagem final, a tripulação, sob o comando do comandante do 3ºBtlOpRib, capitão de fragata (FN) Milton, prestou continência ao militar pelo seu 100º aniversário. Como resposta, o veterano bradou, com orgulho, “Adsumus”, lema dos fuzileiros e que significa “aqui estamos!”.

As informações são da assessoria de imprensa do Comando do 6º Distrito Naval.