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Nível do rio Paraguai quebra recorde histórico desde o início das medições em 1900

Rosana Nunes em 14 de Outubro de 2024

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

A recuperação do nível do rio vai ser lenta, segundo pesquisadores

O rio Paraguai, em Ladário, vive a maior seca da história. Nesta segunda-feira, 14 de outubro, a altura do rio alcançou 66 centímetros negativos na régua do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, órgão subordinado ao Comando do 6º Distrito Naval, sediado em Ladário.

A marca supera os 61 centímetros negativos registrados em setembro de 1964, que era o recorde histórico da vazante na região. O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973).

Com a marca de -66 cm de altura atingida nesta segunda, o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, mostra que o rio Paraguai está 2,68 metros abaixo do nível de redução – profundidade de referência que ainda garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas.

O rio Paraguai superou no sábado, 12 de outubro, a altura histórica na régua de Ladário. Naquele dia, o nível do rio mediu -62 cm. Até esta segunda, a marca baixou mais quatro centímetros.

Monitorando o comportamento do rio Paraguai desde 1900, a estação da Marinha do Brasil no município vizinho de Corumbá, é considerada referência termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal. São duas as razões para isso: a primeira, por ter a série de dados mais longa da bacia, o que é fundamental para analisar o comportamento do rio e embasar previsões. As informações sobre as cotas em Ladário são registradas desde 1900. Além disso, a estação serve como referência para a Marinha na análise das condições para navegação e definição de medidas de restrições.

Desde fevereiro, os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB) vinham alertando sobre a possibilidade de se chegar a uma mínima histórica na região. “Essa seca vem sendo observada em razão das chuvas abaixo do normal durante toda estação chuvosa, desde outubro de 2023. Por isso, temos alertado sobre esse processo que se desenhava na bacia”, explica o pesquisador Marcus Suassuna.

Durante a estação chuvosa, de outubro de 2023 a setembro de 2024, foi registrado um déficit acumulado de 395 mm de chuvas. O total estimado foi de 702 mm, enquanto a média esperada seria de 1.097 mm. De 2020 a 2024, o déficit acumulado foi de aproximadamente 1.020 mm, valor equivalente ao total de um ano hidrológico, ou seja, é como se, nos últimos 5 anos, tivesse faltado um ano inteiro de chuvas.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota zero, o rio Paraguai ainda tem cerca de 5 metros de profundidade, conforme dados da Marinha.

Recuperação será lenta

De acordo com as projeções do SGB, apesar de já serem observadas chuvas na região do Pantanal, a recuperação dos níveis na Bacia do Rio Paraguai será lenta. Ladário (MS) deve ficar abaixo de zero até a segunda quinzena de novembro, aproximadamente. As cotas são definidas com base em medições históricas e considerações locais. Mesmo  quando são registrados valores negativos, em alguns casos, ainda há uma profundidade significativa. 

“Observamos que o ritmo de descida do rio tem diminuído consideravelmente e estava estabilizado desde a última segunda-feira (07) em razão dessas primeiras chuvas da estação chuvosa. As precipitações devem continuar, mas não em ritmo muito forte que vá contribuir para subidas rápidas neste trecho e em toda a bacia”, analisa Suassuna. Com informações do SGB.

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