Leonardo Cabral em 28 de Junho de 2024
Marina Silva enfatizou que foi muito triste ver as belezas e riquezas sendo queimadas e destacou como a principal responsável pelo alto índice de incêndios à ação criminosa humana.
“Os incêndios florestais que estão ocorrendo agora têm uma junção perversa, mudança do clima, escassez hídrica severa e desmatamento - com uso de fogo, é isso que está fazendo com que a gente veja o Pantanal em chamas. Mão humana pode fazer muita coisa boa como estamos fazendo aqui, mas pode fazer também muitas coisas ruins, que é queimar um bioma único, como é o caso do Pantanal", frisou.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Marina Silva frisou que a principal responsável pelo alto índice de incêndios é a ação criminosa humana
“É por isso que foi possível mobilizar essa quantidade de recursos que temos hoje, agindo em parceria com os recursos de planejamento antecipado que já vinha sendo feito pelo governo do Estado, inclusive estabelecendo a lei para a proteção do Pantanal, proibindo atividades que devastassem o bioma. O governador foi quem planejou, articulou com o governo federal, para que tivéssemos uma pronta-resposta. Se o estado não tivesse planejamento desde antes ou se o governo federal não tivesse um planejamento que era para acontecer a partir de agosto, mas que vem correndo desde abril, quando decretamos emergência aqui no Pantanal, os resultados não seriam rápidos. Temos uma série de recursos avaliados e a determinação do presidente Lula é que a gente proteja todos os biomas brasileiros”, declarou Marina Silva.
Já a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reforçou que os incêndios florestais no Pantanal, além dos efeitos climáticos, têm lamentavelmente a mão do homem criminoso. "Óbvio que sabemos que os incêndios são acidentais, alguém que está manejando e deixa o fogo, mas tem muito da mão criminosa e eu falo como alguém que conhece desse assunto, sou do agronegócio, sou dessa terra”, frisou.
Simone disse que a presença em Corumbá não é tardia, após as duas ministras serem questionadas sobre o tempo de resposta aos incêndios. “Foi criado grupo de trabalho em setembro de 2023, e gerou frutos em novembro, com a lei do desmatamento ilegal do Cerrado e do Pantanal. As nossas presenças podem ter dado apenas em junho, mas estamos trabalhando há um ano, e, se não fosse isso, os focos seriam o dobro. Orçamento não vai faltar, mas nenhum dinheiro do Brasil ou de organismos internacionais será suficiente se não tivermos uma campanha de conscientização e de responsabilização dos incêndios criminosos no Pantanal e nos biomas brasileiros."
A ministra do Planejamento também transmitiu mensagem do presidente Lula. “Ele pediu para dizer ao povo do MS, que todos os ministérios estão envolvidos e que não faltará recursos e orçamentos, ainda com crédito extraordinário, para que possamos ter mais efetivo, mais brigadistas, mais aeronaves, veículos e mais recursos para combater esses incêndios”, afirmou.
O governador Eduardo Riedel, reforçou sobre o trabalho conjunto no combate dos incêndios florestais. "Nossa obrigação é ajudar a mobilizar no sentido de buscar essa pronta-resposta, não seria possível se não tivesse planejamento lá atrás do governo federal e também do estado – tivemos uma ação pronta e rápida. Hoje, além de homens no combate, como brigadistas, militares dos bombeiros, homens da Força Nacional, Corumbá recebeu a aeronave KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira, utilizada para combater grandes incêndios. Ela foi preparada e enviada para cá. É a primeira vez que temos aqui, um apoio muito importante que vai atuar junto com o nosso efetivo em campo”, disse o governador.
Perguntado sobre a possibilidade de ajuda internacional, o governador afirmou: "Acho importante deixar claro que o governo federal teve uma resposta absolutamente imediata. O planejamento permitiu isso e estávamos mobilizados. Na segunda-feira, eu conversei com o ministro da Defesa e com o ministro da Justiça pedindo o KC que está aí. Da mesma maneira, a Força Nacional chegou. Qualquer ação de demanda internacional só seria necessária se o Governo Federal não desse essa resposta ou não conseguisse atender a demanda. E eu tenho plena confiança de que vamos conseguir ter os meios para isso”, concluiu.A ministra Marina Silva completou: “Está sendo avaliada na sala de crise uma mudança nos procedimentos da ANAC, porque qualquer ajuda em termos de equipamento, sobretudo aeronave, não permite que haja operação por parte de pilotos estrangeiros. Mas como já estamos trabalhando de forma previdente, já temos uma minuta, se for necessário, para fazer uma mudança nesse regramento. A parceria pode vir do Chile, que tem expertise, do Canadá, que tem expertise, e também de Portugal, que pode ser um parceiro. Mas, nesse momento, estamos atuando com a nossa força de trabalho.”
Investigação dos incêndios
Órgãos do governo Federal e de Mato Grosso do Sul, como Polícia Federal e Polícia Militar Ambiental, estão trabalhando na investigação da origem dos incêndios florestais para a responsabilização daqueles que estejam agindo ao arrepio da lei.
“É comprovado que os municípios que mais desmatam são os que mais tem incêndios nesse momento. No caso de Corumbá, tivemos aumento de desmatamento de 50% no ano passado e o município está respondendo por 50% dos incêndios que temos agora, cerca de 85% dos incêndios estão ocorrendo dentro de propriedades privadas. Estamos fazendo trabalho conjunto, governo federal, Ibama, PF, PRF, Marinha, junto com o Estado para combater o fogo onde quer que ele esteja, mas também está sendo feito o processo de investigação para verificar a causa desses incêndios, se é culposo ou incêndio doloso. Já identificamos da onde veio a propagação do fogo, a origem, as propriedades onde o fogo começou, algo em torno de 18 a 19 propriedades”, afirmou a ministra Marina Silva.
Acima, no vídeo, veja a íntegra da apresentação das ações de combate ao fogo e a coletiva das ministras e governador.
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