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"Seca relâmpago" é novo efeito climático que atinge MS

Campo Grande News em 14 de Maio de 2024

Henrique Kawaminami/Campo Grande News

Tempo seco que atinge Mato Grosso do Sul

A recente série de tempestades que devastaram o Rio Grande do Sul é apenas um presságio dos extremos climáticos que podem atingir o Brasil ainda neste ano. De acordo com o meteorologista e pesquisador Humberto Barbosa, fundador e coordenador do Lapis (Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas), eventos como inundações e secas repentinas podem se tornar mais frequentes e intensos em diferentes partes do país.

O meteorologista alerta que as mudanças climáticas, combinadas com fatores naturais, estão criando condições propícias para eventos climáticos extremos em várias regiões brasileiras. "Este ano, devido às massas de ar provocadas tanto naturalmente quanto pela ação humana, o Brasil está enfrentando potenciais extremos climáticos", afirmou o pesquisador em entrevista ao UOL

Enquanto o Rio Grande do Sul sofre com as inundações, outras regiões, como o Sudeste e parte do Centro-Oeste, estão experimentando um fenômeno conhecido como "seca relâmpago". Este evento, caracterizado pela ausência de chuvas e temperaturas elevadas, já está afetando o Pantanal e Campo Grande, além de cidades como São Paulo, Curitiba e Brasília desde abril. 

Reprodução/Lapis

Massa de ar seco que encobre todo o Estado

"Esses eventos extremos estão conectados pelo excesso ou pela deficiência de umidade, e ambos são provocados não só pela natureza, mas também pela atividade humana. Embora tenham efeitos opostos, eles têm a mesma origem: altas temperaturas, que resultam em chuvas excessivas em algumas áreas e seca em outras", explicou Barbosa.

Enquanto as inundações são mais visíveis e imediatamente impactantes, as secas repentinas podem ter consequências igualmente graves a longo prazo. "O que estamos vendo no Sudeste e no Centro-Oeste com essa massa de ar quente é um evento extremo. As chuvas pararam e isso não é normal, ainda que seja mais silencioso, porque você não vê e não sente os seus efeitos como acontece nas enchentes, por exemplo. Por enquanto, a maioria só sente desconfortos causados pelo tempo quente e, no caso das enchentes, são mais rápidas, ela destrói e pode matar rápido", disse Barbosa.

Segundo o pesquisador, os riscos imediatos das secas incluem escassez de água para consumo e agricultura, bem como um aumento nas queimadas em áreas vulneráveis do centro-sul do país. "A escassez de água gera muita vulnerabilidade social e agrícola. Com o solo mais seco, as queimadas se intensificam e podem causar eventos extremos perceptíveis", alertou.

Os monitoramentos do Lapis indicam que o tempo quente e seco deve persistir sobre o Sudeste e Centro-Oeste em maio, com a possibilidade de se estender para outras regiões, como o Sul. Diante desse cenário, medidas de prevenção e adaptação são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelos extremos climáticos.

Reforçando a situação de “seca extrema”, a ANA (Agência Nacional de Águas) decretou situação de escassez hídrica na região hidrográfica do Paraguai, válido até 31 de outubro de 2024. A resolução levou em conta os boletins do serviço geológico, que identificou índices mínimos dos níveis dos rios. Em Mato Grosso do Sul, a partir do decreto, o governo estadual informou que avalia quais medidas devem ser tomadas, que vão desde a estratégia de ajustes operacionais em reservatórios até melhoria do uso da água para setores de agricultura e indústria.

A Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, inclusive, o Pantanal, a maior área úmida contínua do planeta, e se estende por áreas da Bolívia e do Paraguai. Dentre seus principais cursos d’água, destacam-se os rios Paraguai, Taquari, São Lourenço, Cuiabá, Itiquira, Miranda, Aquidauana, Negro, Apa e Jauru. 

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