Campo Grande News em 11 de Outubro de 2023
Arquivo histórico
Alunos da antiga Mace nas ruas em comemoração à criação de Mato Grosso do Sul
O professor Pedro Chaves dos Santos Filho, de 82 anos, era diretor do Colégio Mace na época e lembra bem da comemoração. “Nós liberamos os alunos para se manifestarem, autorizamos e fomos atrás”, conta. A passeata ocorreu um dia antes de 11 de outubro de 1977, porque a data da criação, já prevista, seria feriado no novo Estado, que nesta quarta-feira completa 46 anos.
“Foi maravilhoso, um sonho”, disse, recordando que o clima entre as pessoas era de euforia e que as manifestações representavam um “grito preso na nossa garganta há anos”, ressaltou. “Foi um momento mágico, fomos protagonistas desse momento histórico e havia um sonho para as futuras gerações de crescer e progredir.”
O professor destaca que a vontade de separar os dois estados era centenária, mas se consolidou com a Revolução Constitucionalista de 1932, quando até governo provisório foi implantado em Campo Grande. “Desde a época da Revolução Constitucionalista, havia esse desejo intenso de separação, porque Campo Grande produzia e todos os recursos iam para Cuiabá”, rememora Chaves.
Registros da revista do Arquivo Histórico de Campo Grande, a Arca, revelam que “na década de 1940, a concentração populacional e o desenvolvimento local faziam de Campo Grande 'a capital econômica de Mato Grosso', beneficiada pelo processo de colonização que ocorreu no sul do Estado uno”, conforme edição número 10 da publicação, de 2004.
Para Pedro Chaves, além disso, havia muita distância cultural e social entre Campo Grande e a então capital de Mato Grosso, Cuiabá. “Cuiabá sempre se alinhou mais ao Rio de Janeiro e Campo Grande mais a São Paulo”, comentou.Esse comentário também é reforçado por registros da Arca, que na mesma edição já citada, escreveu: “A velada competição entre campo-grandenses e cuiabanos tinha lá suas razões de existir. Cuiabá recebia influências do Rio de Janeiro, Goiás e parte de Minas Gerais. Campo Grande foi mais influenciada por São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná”.
O texto discorre ainda que “na Revolução Constitucionalista de 1932, os campo-grandenses aliaram-se aos paulistas, enquanto Cuiabá ficava com os legalistas. Nessa época, papel importante desempenharam os meios de comunicação que, além de informar, contribuíram para o posicionamento da população. O sul tornou-se independente do norte e, segundo historiadores - embora a autonomia tenha durado pouco tempo - o fato foi decisivo para arraigar o orgulho de ser campo-grandense”.
Quanto à passeata, o professor destaca que pelo menos dois mil alunos participaram e por onde passavam, mais pessoas iam se juntando à manifestação. “Ele bradavam 'Viva, Campo Grande', 'Abaixo, Cuiabá', daí a gente pedia para irem com mais calma”, lembra aos risos. Também gritavam “Agora é nossa vez!”, “Capital sul” e “Adeus, Cuiabá”, como mostra a foto.
Por fim, imagem captada no Bar do Zé, na Rua Barão do Rio Branco, em 11 de outubro de 1977, ilustra a página 89 da Arca, edição número 15 de 2011. Homens seguravam faixas que ostentavam o nome de Mato Grosso do Sul com alegria.
11/10/2023 Mato Grosso do Sul completa 46 anos de história nesta quarta-feira
Ivair Caetano rosa: A separação desses dois estados foi a melhor coisa que aconteceu para ambos os dois. Com a separação MT cuidou de seu próprio povo e hoje MT se consolidou como um dos maiores do Brasil e MS também se desenvolveu muito também.
Jorge da biblioteca: MS tem muito o que comemorar! MT tirava muito mais do que investia. Com a separação a diferença entre os dois estados é brutal. Basta ver a diferença entre as capitais. Uma é planejada, bem cuidada, tem árborização urbana, um Centro agradável para se passear, etc..., enquanto a outra coloca a culpa da falta de investimentos e cuidados adequados, num passado longínquo e esquenta cada vez mais, sufocada na fumaça e na secura que castigam com mais severidade a cada ano.
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