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Bovinos pantaneiros do rebanho da Embrapa ganham registro genealógico

Campo Grande News com Embrapa Pantanal em 26 de Setembro de 2023

Raquel Brunelli/Embrapa Pantanal

Rústicos e resilientes, animais da raça bovino pantaneiro foram adaptados ao longo do tempo às condições do bioma

A equipe da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS) e a ABCBP (Associação Brasileira de Criadores de Bovino Pantaneiro) realizaram o registro genealógico de nove touros e 55 matrizes pertencentes ao rebanho do Núcleo de Conservação do Bovino Pantaneiro, do Campo Experimental da Fazenda Nhumirim. Os machos e fêmeas jovens foram avaliados e pré-selecionados para um registro futuro, dependente do seu desenvolvimento e características raciais. Trata-se de um importante passo para o processo de registro da raça junto ao Mapa (Ministério de Agricultura e Pecuária).

Segundo a pesquisadora da Embrapa Raquel Soares Juliano, responsável há 15 anos pelas pesquisas realizadas com o bovino pantaneiro, cada animal passou por uma avaliação técnica para atender aos critérios que determinam o padrão racial e foram identificados com uma marca e numeração junto à ABCBP, além de registro fotográfico individual. Os dados desses animais estarão disponíveis na Plataforma Alelo de Recursos Genéticos, administrada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF).

“Aproveitamos para classificar, individualmente, o escore corporal e frigorífico dos bovinos e detectar animais com características interessantes a serem mantidas nessa população: diversidade de pelagens, habilidade materna, mansidão, produção satisfatória de crias, longevidade, boa conformação para produção de carne e leite”, detalha a pesquisadora. 

Raquel Juliano destaca que o registro dos animais na ABCBP deve fortalecer o trabalho de conservação e uso do bovino pantaneiro que vem sendo realizado desde a década de 1980, quando o primeiro rebanho de conservação foi implantado, na Embrapa Pantanal. O esforço reúne também outras Unidades da Embrapa, criadores, técnicos, universidades e instituições de pesquisa.

Raquel Brunelli/Embrapa Pantanal

Além da mansidão, Embrapa destaca outras características das fêmeas, como capacidade leiteira, entre outras vantagens e diferenciais

“As pesquisas realizadas ao longo dos anos demonstraram que o bovino pantaneiro tem como principal diferencial o fato de ser o taurino mais adaptado às duras condições do Pantanal. Esses animais produzem carne macia e suculenta, com bom marmoreio e leite com alto teor de gordura; os touros possuem alta libido e as vacas são muito longevas e prolíferas.

Os rebanhos acompanhados pelos pesquisadores e pela ABCBP são criados tradicionalmente em sistemas extensivos, a pasto, sendo uma boa opção em empreendimentos pecuários com perfil de atendimento a nichos mercadológicos”, explica a pesquisadora.  

Ela informa que o rebanho da Embrapa Pantanal auxilia a definir critérios para a seleção de animais, que, em um futuro breve, serão a base do melhoramento genético da raça. “Esse processo não pode ser isolado. A participação dos criadores é fundamental para a adoção desse patrimônio genético brasileiro e sua consolidação como oportunidade de negócio rentável, comprometido com aspectos de qualidade e sustentabilidade”, defende.

O presidente da ABCBP, Thomas Horton, é um grande incentivador da raça. "Eu tenho touro robustos, bezerros que desmamam com 200 quilos", frisa Horton ao contar que o custo de criação do Bovino Pantaneiro é menor, e que a raça é ótima escolha para uma propriedade de porte médio como a dele. "Considero os animais de fácil manejo, com boa resistência a carrapatos e verminoses. Verifiquei nas pesquisas, que foram feitas com a Embrapa e parceiros, a qualidade da carne e o seu marmoreio”, relata o criador.

Bovino Pantaneiro

Trazido da Europa na época da colonização por portugueses e espanhóis, passou por um processo de seleção natural, resultando em uma raça extremamente adaptada às condições do Pantanal, capaz de suportar fatores pouco favoráveis em termos de clima e nutrição – mantendo altas taxas de reprodução, apesar dos extremos do bioma.

Trata-se de uma raça rústica e resiliente, que apresenta cascos resistentes a longos períodos de pastejo em áreas alagadas, mansidão, boa habilidade materna e capacidade leiteira, entre outras vantagens e diferenciais. Atualmente, a raça está em alto risco de extinção, possui carne e leite com sabor e qualidade diferenciados, com um potencial comercial para atender a nichos de mercado.

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