Campo Grande News em 29 de Maio de 2023
Segundo os moradores do bairro pequeno, que fica a cerca de 2 km do perímetro urbano de Selvíria, a idosa era uma pessoa tranquila. "Vinha bastante aqui lavar o carro, conversava, era uma pessoa tranquila. Ninguém imaginava que faria isso", descreve o dono de um lava a jato, que pediu para ter o nome preservado por medo.
Dona de um espetinho, que também preferiu não divulgar o nome, contou que conhecia Aparecida. Ela frequentava o local, na maioria das vezes sem Antônio. "Era tranquila, bebia a cerveja dela, comia espeto e quando ele vinha, ficava no carro", descreve a comerciante. "Foi surpresa para a gente, ela não tinha cara de fazer essas coisas não", completa.
Outra vizinha contou que Aparecida se demonstrava uma mulher calma e "sempre conversando". Ela disse que quando passava em frente ao imóvel, ouvia o casal conversando, mas na última semana, estranhou o silêncio na casa. "Essa semana que aconteceu isso, eu não estava mais ouvindo eles conversando, achei que ele tinha ido embora", disse.
Entenda
Os conhecidos do casal já desconfiavam do sumiço de Antônio Ricardo. Contudo, não imaginavam que Aparecida teria matado o marido. A desconfiança aumentou quando a idosa contou que familiares de Antônio teriam chegado de madrugada e levado ele para São José do Rio Preto (SP) para fazer tratamento. Ele tinha sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Até então, mesmo com as estranhezas contadas aos vizinhos e o sumiço do idoso, Aparecida continuou seus afazeres normalmente durante a semana e, segundo ela mesmo conta, "conseguia conversar com as pessoas sem qualquer sentimento".
O que mudou tudo foi o achado do tronco do idoso, em uma mala na noite do dia 25, às margens da BR-158. Foi então que a polícia passou a investigar.
Uma vizinha que limpava a casa dos idosos por algumas vezes relatou que no imóvel havia bastante retalho. Quando o investigador mostrou os retalhos que foram encontrados junto ao tronco na mala, a vizinha confirmou que se tratava dos mesmos que Aparecida usava. Questionada, a idosa acabou confessando o assassinato.
Planejado
Aparecida relatou que estava com Antônio há dois anos e mantinha os cuidados ao marido. Contudo, segundo ela, estava cansada de não ser valorizada. Segundo a mulher, Antônio dizia que ela o roubava e fazia ameaças. Então, decidiu matá-lo.
Na manhã de segunda-feira, 22 de maio, foi até uma loja agropecuária e comprou veneno de rato. Ela lembrou que um dia a irmã tomou e quase morreu, então decidiu dar ao marido. Voltou para casa e com argumento que ele precisava tomar remédio, deu o veneno.
Antônio permaneceu deitado e, "de cinco em cinco minutos", Aparecida contou que ia ao quarto para saber como ele estava. No início da noite, constatou que havia morrido. Na manhã seguinte, 23 de maio, ela o esquartejou sobre a cama forrada com saco plástico. Para que o sangue não se espalhasse, pegou vários panos para ir secando.
Aparecida, então, começou a cortar a cabeça, membros superiores e inferiores, sendo colocados em sacos separados e guardados em um freezer. Já o tronco, foi colocado na mala. À polícia, contou que sempre matou porco e "sabe bem como fazer".
No dia seguinte, 24, o corpo começou a feder e Aparecida chamou dois conhecidos para carregar a mala. Ela relatou que não aguentou o peso e, como fazia tapetes para vender, alegou aos dois homens que se tratava de retalhos de tecido. Eles questionaram o fedor e ela inventou que havia jogado veneno de rato e provavelmente havia ratos e morcegos mortos na mala.
Os homens, então, ajudaram a mulher e colocaram a mala no carro. Ela deu carona e deixou eles em casa, seguindo sozinha até o ponto onde a mala foi encontrada, na BR-158. Lá, desceu até o carro não ser mais visto na rodovia e deixou a mala.
Na quinta-feira, 25, pegou as outras partes que estavam em sacos no freezer e colocou dentro do carro. Contudo, o veículo não pegou e ela teve que devolver ao refrigerador. O mecânico foi chamado, arrumou o carro e somente na sexta-feira (27) ela conseguiu seguir com o plano.
A mulher colocou as partes novamente no veículo e saiu na rodovia, sentido a Três Lagoas, procurando "um lugar mais fácil para esconder". Em determinado local, achou um barranco e jogou os sacos. Em seguida, urinou perto de uma árvore e voltou para casa.
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