Portal de Notícias de MS em 03 de Abril de 2023
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Método ABA é o que possui melhores resultados na terapia de crianças que convivem com o TEA
Em Mato Grosso do Sul, a Saúde estadual financia o custeio para esta linha de cuidado, assim, o Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da SES (Secretaria de Estado de Saúde), em parceria com o Centro Médico e de Reabilitação da Apae (Associação de Pais e Amidos dos Excepcionais) Campo Grande, oferecem capacitação sobre o método ABA – Análise do Comportamento Aplicada – aos pais e/ou cuidadores de crianças que convivem com o transtorno.
O treinamento, que teve início no dia 29 de março, visa disponibilizar e ampliar aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) o acesso a terapia ABA. Com carga horária de 40 horas, a capacitação tem como objetivo ensinar aos pais ou cuidadores a realizarem atividades e registros para intensificar o tempo de estimulação oferecido à criança, ou seja, onde o desenvolvimento da criança não ficaria restrito à sessão de terapia feita no centro de reabilitação.
Segundo a psicóloga e especialista em Análise do Comportamento Aplicada, Cíntia Nishikawa, o método ABA é o que possui melhores resultados na terapia de crianças que convivem com o TEA.
“À medida que desenvolvemos a criança e que ela começa imitar algo que ensinamos, nós passamos atividades para casa, para que a família comece a realizar o atendimento no lar. Então conseguimos estender o atendimento e fazer com que fiquem intensivos. Deste modo, constatamos que o método tem efetividade, a criança começa a apresentar um desenvolvimento típico, como outra criança da mesma idade, ou em outros casos, crianças que necessitam de pouco suporte”, afirma a psicóloga.
Mãe atípica, Ana Paula da Silva Castro participa do treinamento e está satisfeita com o que o método já proporcionou à sua família. “Eu tenho uma menina de oito anos, a Beatriz, assim que ela iniciou aqui na Apae, aos quatro anos de idade, ela começou com o tratamento ABA. Desde então, ela teve uma evolução absurda, hoje tem um comportamento adequado em relação a crianças típicas, faz um mês que está sem o acompanhamento, o apoio escolar, então consegue ficar na escola sozinha, consegue ter o mesmo comportamento das outras crianças através desse tratamento”.
Além da Beatriz, Ana Paula é mãe de Tomaz, de 14 anos, e Felipo, de um ano e oito meses. Tomaz já possui o diagnóstico fechado para TEA, mas Ana Paula só descobriu quando Beatriz iniciou seu tratamento na Apae. Já Felipo começou recentemente o tratamento e ainda se encontra em fase de avaliação.
Em um futuro próximo, a SES e o centro de reabilitação da Apae pretendem oferecer a capacitação para os professores auxiliares da rede estadual de educação. Ao mesmo tempo, o Estado planeja melhorar a oferta de serviços para as pessoas que convivem com o TEA com a criação de quatro centros de referência a fim de ampliar o atendimento para diagnóstico e tratamento multidisciplinar.
Para a gerente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência da SES, Juliana Medeiros, a implementação de políticas públicas para pessoas que convivem com o TEA é de extrema importância, não apenas para as pessoas com o transtorno, mas também para seus familiares e todos que as cercam.
“O acesso aos tratamentos adequados, ao sistema de saúde e à educação possui um custo muito elevado, já que são ações de necessidade contínua e frequente. Por isso, o papel do Estado não é apenas garantir esse acesso, mas de garantir, essencialmente, a qualidade desses serviços, a fim de que os autistas e seus familiares possam atingir uma qualidade de vida digna”, declara a gerente.
Autismo
O autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um distúrbio do neurodesenvolvimento e pode ser caracterizado por algum grau de alteração no desenvolvimento. Estima-se que uma em cada 160 crianças tenha o transtorno. No mundo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), acredita-se que mais de 70 milhões de pessoas convivam com o autismo. O diagnóstico e intervenção precoce podem oferecer mais qualidade de vida às pessoas com autismo.
Os primeiros sinais podem ser notados ainda na infância e persistir na adolescência e idade adulta. Cada indivíduo dentro do espectro desenvolve um conjunto de sintomas e características bastante particulares, afetando como se relaciona, expressa e comporta. Pode apresentar dificuldade para interagir socialmente, manter o contato visual, fazer amizade, dificuldade na comunicação e alterações comportamentais como o apego à rotina, interesse em assuntos específicos, sensibilidade sensorial, manias e padrões fixos de comportamento, entre outros sintomas. Nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.
O diagnóstico do autismo é fundamentalmente clínico, realizado por meio de observação direta do comportamento do paciente e de uma entrevista com os pais ou cuidadores. O tratamento do TEA envolve diversos profissionais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogos, entre outros.
Abril Azul
Criado em 2007 pela ONU, o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é comemorado no dia dois de abril e tem por objetivo conscientizar as pessoas a respeito do autismo e ajudar a promover o diagnóstico precoce. Para o ano de 2023, a campanha ‘Abril Azul’ traz à discussão o tema “Mais informação, menos preconceito”, em busca de sensibilizar a sociedade para maior aceitação e inclusão de autistas em todos os âmbitos.
O debate sobre o assunto é essencial para a construção de uma sociedade democrática em que seus membros possam se relacionar e participar de forma atuante e em igualdade de condições, fortalecendo cada vez mais a integração e o respeito às diferenças.
“O dia da conscientização do autismo é muito importante, pois não há possibilidade de desenvolvimento desse indivíduo sem uma mudança atitudinal da sociedade. Nesse sentido, colocar o tema em pauta é um dos caminhos para que as pessoas iniciem seu processo de entendimento sobre o tema”, finaliza Juliana.
Símbolos do TEA
Cor Azul
Conforme dados de OMS (Organização Mundial da Saúde), do total de crianças diagnosticadas com TEA, a incidência de casos no sexo masculino é de 80%, por isso a cor azul.
Quebra-cabeça
Representa a complexidade dos transtornos que formam o espectro autista, a ideia de que pessoas autistas são difíceis de compreender.
Fita de conscientização
A fita do quebra-cabeça foi adotada em 1999 como o sinal universal da conscientização sobre do autismo. As peças em diferentes cores representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o TEA.
Logotipo da neurodiversidade
O sinal do infinito nas cores do arco-íris foi colocado como uma alternativa para o quebra-cabeça. O logotipo celebra a diversidade de expressões dentro do espectro.
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