Campo Grande News em 16 de Março de 2023
Apesar de nenhum envolvimento da rede O Boticário nos golpes, a reportagem entrou em contato via e-mail para saber se a empresa gostaria de se manifestar. Ainda não houve resposta.
Nesta quarta-feira (15), duas pessoas procuraram a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro para registrar boletim de ocorrência, após cair no golpe do presente.
Agindo da mesma maneira com todas as pessoas, os criminosos entram em contato através do número (67) 99865-6273 e se passam por funcionários do Boticário. As ligações coincidem com a data de aniversário das vítimas. Eles falam que a empresa está presenteando o cliente e ele só precisa pagar o valor de R$ 7 da taxa de entrega para o motoboy.
Sem suspeitar de que possa ser um golpe, o cliente informa o endereço e recebe a encomenda. No momento em que o entregador chega e a vítima passa o cartão, o criminoso consegue transferir valores altos, sem que a ação seja percebida.
Na tarde de ontem, após cair no golpe e perder R$ 45 mil, uma mulher de 65 anos, que mora em Campo Grande, procurou a delegacia para registrar o caso. Ela revelou que por volta das 09h recebeu uma ligação, em que uma mulher se passou por funcionária da loja e informou que teria um presente para lhe entregar.
O entregador chegou na residência da vítima, no Bairro Santa Fé, em uma moto pequena tipo Honda CG Fan, acompanhando de outro homem. Os criminosos tentaram passar um cartão da idosa em uma máquina, mas segundo eles tinha dado erro. Momento em que pegam outros equipamentos e tentam passar um segundo cartão. Após os procedimentos, foram embora alegando que voltariam depois para entregar o creme e o sabonete.
Em seguida, a vítima recebeu uma notificação do banco de uma compra no valor de R$ 25 mil e que ao verificar o outro cartão usado pelos criminosos havia mais uma quantia aprovada em R$ 20 mil.
Segundo a idosa, um dos criminosos era branco, magro e alto, trajava calça jeans, camiseta manga longa azul e capacete, o outro era negro, estatura média, vestia camiseta de manga longa cinza. Os dois aparentavam ter 25 anos.
Quem também caiu no golpe do falso presente foi um homem de 52 anos, morador do Conjunto Residencial Octavio Pecora. Ele perdeu R$ 3,5 mil. A vítima recebeu uma ligação do mesmo número que a idosa e o falso funcionário disse a ele a mesma coisa.
Sem desconfiar de que era um golpe, a vítima recebeu os entregadores em casa. Conforme ele disse no boletem de ocorrência, o motoboy que desceu parecia ser uma boa pessoa, então ele passou o cartão do INSS (Instituo Nacional do Seguro Social), que tem função crédito e débito, mas que sempre aparecia na maquininha transação não aceita.
Ele pediu para que o homem não tentasse passar de novo, porque o cartão poderia ser cancelado. A vítima pagou o valor de R$ 7 em dinheiro e o suspeito saiu do local.
O homem foi agradecer o filho pelo presente e ele disse que não tinha comprado, então tentou saber quem tinha enviado e não conseguiu mais falar com a loja.
Após observar o extrato bancário percebeu que tinham dois débitos descontados de sua conta, um no valor de R$ 2,5 mil e outro de R$ 1 mil.
De acordo com a vítima, os entregadores tinham as mesmas características físicas dos homens que foram até a residência da idosa.
Se livrou
Na última terça-feira (14), uma dentista de 66 anos quase caiu no mesmo golpe. No dia do seu aniversário, ela recebeu uma ligação no celular do consultório onde trabalha, no Jardim dos Estados. A pessoa informou que tinha um presente do Boticário para entregar a ela, mas ela teria que fazer o pagamento ao motoboy.
“Primeiro eles entraram em contato comigo pelo meu número pessoal, mas eu estava com paciente e não pude atender, achei que tinham ligado no fixo do consultório, mas não, ligaram no celular que não é tão divulgado”, explicou a vítima.
A princípio a dentista achou que o presente era de um amigo que mora em São Paulo e não desconfiou. Passados 30 minutos, o entregador tocou a campainha, a secretária autorizou a entrada e foi na sala da dentista buscar o dinheiro para pagar a entrega. Ela deu R$ 7 em espécie para o suspeito, que disse que não aceitava dinheiro vivo, apenas cartão.
“Achei que fosse ordem da empresa que ele trabalha. A secretária levou a máquina para eu passar o cartão e ele ficou na recepção. Tentamos passar uma vez e não deu certo, ela foi até ele e disse que não conseguiu fazer o pagamento, ele entregou outro aparelho para ela e novamente não passou”, relembra.
Por conta da falha na hora de efetuar o pagamento o suspeito disse que teria que levar o presente de volta, a secretária foi buscar na sala da dentista e quando retornou para a recepção o homem tinha ido embora.
“Ele sumiu, achei estranho e fomos abrir o presente. Era uma caixa de sabonete da O Boticário e um desodorante masculino, deixei ali e continuei a vida”.
Após um tempo, a dentista recebeu uma mensagem no celular da operadora do cartão perguntado se ela tinha conhecimento de uma compra no valor de R$ 22,2 mil. “Respondi que não reconhecia e veio outra mensagem falando que o cartão foi bloqueado e que era para eu entrar em contato com o banco”.
Imagens da câmera de segurança do consultório da dentista registraram características físicas do suspeito. A mulher optou por não registrar boletim de ocorrência, para ela o caso não será resolvido. “Sei que a polícia está desfalcada de pessoas, não vou perder meu tempo lá”.
Depois do susto, ela deixa o alerta. “Só não caí no golpe porque a operadora foi mais rápida que eu. O alerta é não pagar nada de entregador em cartão e nem cometer o erro que cometemos, de deixar o cara entrar e ficar de capacete”, finaliza.
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