Campo Grande News em 14 de Fevereiro de 2023
Marcos Maluf/Campo Grande News
Amigos e familiares no velório do empresário, no Cemitério Parque das Primaveras
Os dois se juntaram aos outros familiares e amigos que se amparam, hoje, no velório realizado no Cemitério Parque das Primaveras, em Campo Grande.
Nos dois casos, o choque à incredulidade pelo absurdo. “Como mataram meu pai? Ele não tinha inimigos, não fazia mal a ninguém”, questionou Wagner.
Para a família, o absurdo foi crescente. Carvalho morreu ontem de manhã, com três tiros na cabeça, durante audiência de conciliação no Procon, na rua 13 de Junho, em um ambiente que, apesar de tenso, não se cogitaria o desfecho que teve. A negociação era com o subtenente reformado da PM (Polícia Militar), José Roberto de Souza, 53 anos.
Segundo o filho da vítima, Carvalho ofereceu garantia pelo motor da caminhonete do PM, mas era recesso de Natal e alguns fornecedores estavam fechados. No período em que ficou sem o veículo, o militar fez a denúncia no Procon. O empresário aproveitou para cobrar pela troca de óleo, orçada em R$ 630.Em conversa com a conciliadora, presente na reunião, Wagner Caetano soube que os dois se exaltaram, ela pediu calma e houve pedido de desculpas das duas partes. No decorrer da negociação, ficou acertado o pagamento de R$ 630 pelo serviço de troca de óleo. “Ele falou que ia pagar”, contou. “Quando meu pai foi levantar, ele deu três tiros nele”.
José Roberto de Souza fugiu após matar o empresário e ainda não foi localizado. A informação é que ele se apresentaria à Polícia Civil, o que ainda não ocorreu.
“Meu pai tinha 40 anos de profissão aqui em Campo Grande, nunca foi ameaçado, sempre foi muito correto e certo”, disse Wagner, lembrando das dificuldades que Carvalho passou na profissão. “Teve uma época em que faliu, como todo comerciante passa por isso; foi embora para Uberlândia, pagou todos os credores dele, não ficou devendo ninguém, voltou e reconstituiu a vida de novo”.
A irmã, Juliana Caetano, também está em choque. Mora em Campinas (SP) e chegou ontem, juntamente com o marido, a irmã mais velha e o cunhado. “A palavra ‘assassinado' é muito forte para mim, eu nunca imaginei que meu pai passaria por isso, nunca imaginei que nós passaríamos por isso, nunca passou pela minha cabeça uma briga, porque meu pai era pessoa muito querida por todo mundo”, contou.Bastante conhecido na cidade, o empresário atuava há 40 anos no setor automotivo, proprietário da Aliança Só Hilux, especializada em peças para camionetes Hilux e SW4.
Além de empresário de sucesso, prestando serviço em todas as 79 cidades de Mato Grosso do Sul, Caetano também exercia o cargo de membro do Conselho Deliberativo da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) na gestão do triênio 2020-2023.
Juliana e Wagner falaram da relação paterna. “Meu pai era extremamente carinhoso, sempre que a gente se falava dizia que me amava e estava com saudade. Queria pôr a gente no colo, meu pai era minha pessoa favorita no mundo”, disse ela.“Amava a vida, gostava de passear e viajar, frequentar bons restaurantes, mas nunca desamparou ninguém. Sempre foi honesto”, contou Wagner. “Ele falava muito que ‘o combinado não sai caro’”, disse, emocionado. “Ele falava 'se você combinou, você honre seu compromisso'”. Também era apaixonado por moto, participando de motoclube como locutor de eventos e em ações sociais do grupo.
Os irmãos pedem justiça pela morte do pai. “Até agora a polícia não encontrou o suspeito, estão passando panos quentes por ele ser polícia, mas, na verdade, ele é um assassino”, diz Juliana. “Também não era inimputável mentalmente, ele sabia o que estava fazendo, foi premeditado”, concluiu.
A mesma opinião tem Wagner Caetano. “Ele parou a moto longe do Procon, parou na rua Maracaju, então, ele premeditou tudo isso, deu três tiros em um senhor de 67 anos”.
Além de Juliana e Caetano, o empresário tinha mais dois filhos. Deixa ainda a viúva, uma neta e um bisneto. O corpo dele será enterrado às 16h.
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