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Empresa fecha por luto e funcionário não entende motivação de crime

Campo Grande News em 13 de Fevereiro de 2023

Alex Machado/Campo Grande News

Placa de luto no portão da empresa de Antônio Caetano, morto a tiros por PM aposentado

Perder a causa e ainda ser cobrado por uma troca de óleo teria sido o estopim para que o subtenente reformado da PM (Polícia Militar) José Roberto de Souza executasse o empresário Antônio Caetano de Carvalho, 67 anos, na manhã desta segunda-feira (13), durante audiência de conciliação do Procon, em Campo Grande.

Segundo Jhonny Pinheiro, funcionário de Caetano, o subtenente procurou a empresa da vítima para um serviço no motor de sua caminhonete em meados de 2022. No final do ano, o veículo teria apresentado novamente o problema e ele voltou ao local.

“Ele queria garantia, mas como era fim de ano, as distribuidoras e fornecedores estavam de recesso. O Caetano explicou que naquele momento, por conta desse recesso, não seria possível. Nós não negamos a garantia, só pedimos para ele esperar”, disse Jhonny.

Ainda conforme o trabalhador, quando as distribuidoras e fornecedores voltaram do recesso, Caetano fez contato com o policial que levou novamente o veículo para refazer o serviço, mas ele já havia dado entrada no pedido de indenização no Procon.

“Quando tudo foi normalizado, ligamos para ele e falamos para ele levar o veículo na empresa. Ele levou, fizemos o que precisava e demos garantia total. Só que ele já tinha entrado no Procon”, continuou o funcionário. 

De acordo com o apurado pela reportagem, a primeira audiência do caso foi realizada na sexta-feira (10), mas como não houve conciliação, ela acabou sendo remarcada para esta segunda-feira. Na ocasião, a empresa de Caetano teria ganhado a causa e por conta de todo o transtorno, o empresário aproveitou para cobrar uma troca de óleo feita antes da manutenção no motor. 

“A causa foi dada para o Caetano. Ele tinha tudo documentado. Ele não deixou o cliente desamparado e hoje tinha que dar o aval. Também tinha uma troca de óleo que ele não pagou e tinha que pagar hoje na audiência. Eu não sei o que houve. Ele executou o Caetano, mas o Caetano fez tudo certinho”, finalizou o empregado.

Caetano foi executado durante uma audiência de conciliação no Procon, localizado na Rua 13 de Junho, região central de Campo Grande. Ele foi atingido por três tiros na cabeça dados pelo policial reformado, que fugiu em seguida e está sendo procurado.

Após o crime, a segurança do Procon foi reforçada. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) Centro e está sendo investigado. 

Apaixonado por motos

Arquivo pessoal

Caetano em um dos passeios com grupo de motociclistas

Além de empresário de sucesso, prestando serviço em todas as 79 cidades de Mato Grosso do Sul, Caetano também exercia o cargo de membro do Conselho Deliberativo da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) na gestão do triênio 2020-2023.

“A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande lamenta profundamente o falecimento do empresário e diretor da entidade. A ACICG manifesta suas condolências aos familiares e amigos neste momento de pesar”, comunicou a entidade.

Apoiador e locutor de eventos de motociclismo, sempre apaixonado por motocicletas, o empresário ainda era membro do STJDM (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo).

“Você matar alguém por uma desavença por conta de seiscentos reais é realmente uma coisa muito triste. Ele era uma pessoa fantástica, querido, carinhoso, atencioso, um ótimo pai de família e marido. O que eu posso ser que ele era um excelente amigo. Além de tudo isso, motociclista, um apaixonado por moto, por viagem, apaixonado por competição e que fazia parte da diretoria da confederação. Infelizmente perdi um grande amigo, por um motivo banal”, lamentou o presidente da confederação brasileira de motociclismo, Firmo Henrique Alves.