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Como é o cemitério vertical que recebeu o corpo de Pelé

BBC/G1 em 03 de Janeiro de 2023

Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Cemitério vertical tem 17 mil túmulos

Após o velório no Estádio da Vila Belmiro, em que foram mais de 230 mil pessoas, o corpo de Pelé foi sepultado no segundo andar do mausoléu do cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, que fica a 1 km de distância do estádio na cidade do litoral paulista.

A área para o lendário ex-jogador brasileiro na necrópole existe desde 2003 — Pelé já pensava onde seria seu descanso final e comprou um memorial para seu enterro. O fundador do cemitério, o argentino José Salomon Altstut, o Pepe Altstut, era amigo do rei do futebol e morreu em 2021. 

Segundo o diretor do cemitério, Evans Edelstein, o memorial de Pelé é bem maior do que a média dos memoriais — foi construída praticamente toda uma ala voltada para o ex-jogador. A família ainda vai definir quando a área ficará aberta para visitação do público, diz Edelstein.   

Como funcionam os cemitérios verticais 

O memorial de Santos foi o primeiro cemitério vertical da América Latina: existe desde 1983. Mas a ideia de enterro vertical ainda é novidade para muitas pessoas. Inovações costumam ter uma introdução lenta no setor funerário, onde o público tende a aderir a formatos mais tradicionais.   

O cemitério vertical de Santos tem três tipos de sepultamentos possíveis. Os memoriais são áreas mais amplas, onde o corpo fica em um espaço selado, e parentes e pessoas próximas têm um espaço exclusivo para homenagens.   

Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Famílias podem deixar homenagens e flores nos túmulos

Há também os lóculos, que são túmulos menores enfileirados lado a lado e verticalmente em uma parede, onde também é possível fazer visitação e deixar flores. Famílias que escolhem pela cremação têm a possibilidade de deixar a urna com as cinzas em um espaço chamado cinério.   

Câmara lacrada   

Tanto nos lóculos quanto nos memoriais, os corpos ficam em uma câmara lacrada, onde ocorre a decomposição. "Tem toda uma tecnologia por trás, mas é como se fosse em um cemitério normal. A câmara é lacrada, não tem cheiro, não tem bichinho", explica Edelstein. Os líquidos provenientes da decomposição são colhidos por tubos especiais e descartados adequadamente.    

No Brasil, uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) já determina que, mesmo em cemitérios tradicionais, o líquido da decomposição seja tratado para que não contamine o solo. Na prática, no entanto, nem sempre isso acontece, pois os cemitérios mais antigos não foram instalados com a tecnologia necessária.     

Diamante com fio de cabelo 

O prédio do cemitério vertical começou com dez andares e foi crescendo: hoje tem 17 mil lóculos. O grupo de funerárias também oferece um serviço de transformar o cabelo do ente querido em um diamante — através de um processo químico que altera a estrutura da cadeia de carbono. O processo é feito no exterior e todo filmado. Demora de três a quatro meses.  

Pepe Altstut, o fundador do cemitério, explicou em uma entrevista de 2016 que a primeira experiência com a técnica foi realizada com o cabelo do próprio Pelé.

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