Leonardo Cabral em 30 de Dezembro de 2022
Divulgação
Henrique Pereira (terceiro à esquerda, em pé), no elenco do Comercial, clube que ganhou do Santos de Pelé em 1973
Henrique, que vive em Corumbá, integrou o elenco do Comercial de Campo Grande, clube no qual encerrou a carreira como profissional, na vitória em cima do Santos. A partida, no Morenão, foi em setembro de 1973. Para ele, esse dia foi memorável, ainda mais por enfrentar o Pelé. “Tive 24 anos de carreira no futebol, outro que nem ele não vai aparecer”, disse ao Diário Corumbaense.
O ex-jogador conta que para enfrentar o Santos, o Comercial teve que fazer três jogos contra o Operário, numa melhor de três. “Ganhamos todas e aí fomos disputar o Brasileirão e foi contra o Santos, de Pelé”, relembrou.
“Não tinha amizade com o Pelé, mas já havia jogado contra ele em outras oportunidades, quando era atleta em São Paulo. No dia do jogo entre Comercial x Santos, quando o vi, fiquei até com vergonha, pois achei que ele não me reconheceria, mas ele veio e me deu um abraço e ainda perguntou da minha esposa na época e dos meus filhos. Ele ainda brincou dizendo se ela continuava brava e que eu tinha gostado mesmo de Mato Grosso do Sul”, contou Henrique.
Ainda sobre a conversa, Henrique lembra que Pelé, comentou: "ô japonês, seu time estava todo ‘emboletado’”, se referindo à vitória do Comercial. Em resposta, Henrique falou: “essa semana trocou de técnico e todo mundo tem que mostrar serviço para ele e para a torcida”, fazendo questão de lembrar que o jogo era para ser 2x0 para o comercial. “Tivemos um pênalti a nosso favor, mas erramos a cobrança. Gilberto Alves, o Búfalo Gil foi o autor do gol da vitória”.
“Hoje, aqui em casa, poderia ter a camiseta do Pelé, mas na hora, nem pensei em fazer a troca com ele. Mas tenho a camiseta do Edu, que jogou no Santos junto com ele e a guardo com todo carinho”, afirmou Henrique.Ele também fez questão de falar sobre uma das grandes caraterísticas de Pelé, quando o enfrentava. “Único jogador do mundo que fazia tabela na canela do oponente, os caras falavam para mim, mas não acreditava, foi aí que fui jogar contra ele e realmente foi isso. Pelé jogava a bola na sua canela e sabia para onde ia sair, nunca vi ninguém fazer isso. Ele jogou a bola na minha canela, acompanhou a bola, mas não foi suficiente, pois ganhamos dele”, disse com risos Henrique. “Mas jogador igual a ele, não nasce mais”, completou.
Reencontro com o Rei foi de longe
Alguns anos depois da vitória contra o Santos, naquele memorável ano de 1973, Pelé, retornou para Campo Grande, em um evento indígena. “Eu estava no meio da multidão, fui para dar um abraço nele, mas como tinha muita gente, não consegui nem chegar perto. Porém, um repórter me viu e perguntou o que estava fazendo ali, foi ele, quem entregou um bilhete para o Pelé, falando que eu estava ali”, lembrou Henrique.
No bilhete, o repórter escreveu: “Pelé, seu amigo Henrique Pereira, queria te dar um abraço!”. O recado chegou às mãos do Rei, mas por conta do tumulto, de longe, ele acenou.
“De longe ele me cumprimentou com um aceno, foi muito legal ele ter me reconhecido. Fiquei ali por um pouco mais de tempo e fui embora, pois havia muita gente”.
A morte de Pelé
Henrique, ao saber da morte de Pelé, ficou muito triste, mas tem orgulho de guardar na memória as partidas que fez contra o Rei do Futebol. “Recebi com muita tristeza a partida desse grande jogador. Que Deus o ponha descansando na paz eterna, ele merece. Jamais teremos outro jogador como ele”, afirmou com muita emoção.
Henrique Pereira
Divulgação Henrique jogando pela Portuguesa, time que defendeu por vários anos
Henrique Pereira defendeu os clubes: União Bandeirantes, Marília, Saad Esporte Clube, Comercial e Portuguesa, para quem ele torce ate hoje. “Meu time do coração”, finalizou.
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