"Não desconfiei porque tinham todos os dados", diz vítima que perdeu R$ 50 mil em golpe

Era fim da manhã do dia 27 de dezembro quando o telefone do restaurante de Francisca Alves da Silva, 48 anos, em Campo Grande, tocou. Em meio ao movimento típico do horário, ela conseguiu atender. Do outro lado da linha uma pessoa se identificou como funcionário do aplicativo de entrega de refeição e informou que precisava atualizar o sistema usado no estabelecimento. Munido de todas as informações da dona da linha, acabou por conseguir ludibriá-la e clonar seu celular lhe causando prejuízo de R$ 50 mil.

Sim, ela havia caído em um golpe. Não desconfiou porque a pessoa de fato tinha todos os seus dados e, embora a plataforma nunca tenha entrado em contato via telefone, não conseguiu assimilar que se tratava de um golpista porque estava no meio do expediente, atarefada com outras coisas.

“Ele foi falando meus dados que estão na plataforma e pediram para eu destravar a tela do meu celular para dar mais agilidade ao atendimento. Quando destravei ficou tudo preto e não consegui mais ligar o aparelho. Nessa hora comentei com uma das funcionárias que eu achava que tinha acabado de cair em um golpe e era isso mesmo”, relatou.

Sem acesso ao celular, ela foi até a revendedora oficial do aparelho e conseguiu resetá-lo para frear a ação dos bandidos. Contudo, eles já haviam lhe roubado R$ 10 mil da conta bancária e feito outros R$ 40 mil em empréstimo. “É o dinheiro do meu trabalho. A minha casa está em obra, eu estava usando para isso. Levaram tudo que eu tinha na conta e ainda fizeram empréstimo. Tudo que puderam fazer, fizeram”, lamentou.

A comerciante diz que primeiro teve sentimento de impotência e depois questionou a própria inteligência. “Não sou leiga, como que eu caio em uma dessas? Um minuto de bobeira e acontece isso. O restaurante estava muito movimentado, não deu para prestar atenção”.

Prejuízo poderia ter sido maior

Ao todo, Francisca trabalha com três contas no aplicativo de entrega de refeição, sendo que uma delas está cadastrada junto ao nome do filho. O rapaz estava com a mãe na hora do golpe e também seguiu a instrução dos golpistas, porém, como não tinha dinheiro em conta, o prejuízo não foi maior. 

Além disso, segundo a vítima, dias antes ela retirou R$ 80 mil de suas economias para quitar débitos relativos à reforma que está fazendo em sua casa. “Nossa sorte foi essa, senão o golpe seria ainda maior”, finalizou.

A reportagem tentou contato com o aplicativo em questão para saber se faz parte do modus operandi da plataforma entrar em contato por telefone com comerciantes, mas as ligações não foram atendidas.