PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Fronteira completa 10 dias fechada e paralisação é a maior desde os “21 dias de Paro”

Leonardo Cabral em 31 de Outubro de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

É o segundo maior "paro cívico" depois dos 21 dias que resultou na queda de Evo Morales

A fronteira entre a Bolívia e Corumbá completa nesta segunda-feira, 31 de outubro, 10 dias fechada. É a maior paralisação realizada nos últimos quatro anos, após os “21 dias de Paro”, como ficaram conhecidos os protestos em novembro de 2019, que acabou na queda do então presidente Evo Morales.

A concentração dos manifestantes é na linha internacional entre os dois países. Do lado boliviano, foram colocados cavaletes, montes de terra e pedaços de pau na via, impedindo o tráfego de veículos e o transporte de cargas, que é intenso entre Bolívia e Brasil.

“Dez dias parados, o prejuízo soma em torno de 15 milhões de dólares na cadeia como um todo. Os caminhões não estão na fila, pois não há previsão de abertura da fronteira, eles estão em pátios de empresas, parados, com cargas só tomando prejuízo”, disse Lourival Vieira Costa Júnior, presidente do Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística), que frisa que o prejuízo não é só do caminhoneiro, a indústria perde dinheiro, importador perde dinheiro, transportador, o porto seco, “então, imagina 300 caminhões parados em Corumbá, média que passa entre importação e exportação, temos um prejuízo diário de 1,5 milhão de dólares por dia com a fronteira fechada”, ressaltou. 

O chefe da Receita Federal de Corumbá, Erivelto Moisés Torrico Alencar, explica que dos dez dias de fechamento de fronteira, apenas seis podem ser considerados dias úteis.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Caminhões, boa parte com placas da Bolívia, aguardam em filas na Ramão Gomes

“Fecharam numa sexta-feira (21) à noite. Dia útil começou segunda passada (24). De segunda a sexta, foram cinco dias úteis e hoje (31) começou o sexto, ou seja, 45 milhões de reais por dia útil de funcionamento do Porto Seco. Com isso, até o momento, temos um prejuízo estimado em 270 milhões de reais, valor que deixou de ser comercializado entre os dois países”, mencionou.

A presidente do Comitê Cívico Feminino de Puerto Quijarro, Lilian Andrea Pereira Román, explicou o Diário Corumbaense que até o momento não há nenhum resposta do governo. 

“A única solução quem tem é o governo central, mas existe soberba de poder em não ver que o povo suplica para que o Censo seja feito no primeiro semestre de 2023. Sem dúvida existem os prejuízos, sabemos que quem gera a maior economia, é Arroyo Concepción, que é uma zona econômica, mas também se não exigirmos o que é de direito, o que podemos esperar? Se não vão limpar um padrão eleitoral, o que nos aguarda? Que o governo central atenda o pedido para a realização do Censo”, disse Lilian.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Presidente do Comitê Cívico Feminino de Puerto Quijarro, Lilian Andrea Pereira Román

Há três dias aguardando para retornar para casa, o caminhoneiro Victor Hugo Llorente, que atua há 30 anos na profissão, está parado do lado de Corumbá, aguardando para seguir viagem até Santa Cruz de la Sierra. "Fui a Campo Grande onde deixei uma carga de carvão e cheguei aqui já estava fechada a fronteira. Estou três dias parado e isso me causa um prejuízo estimado em 1.500 dólares. Só quero voltar para casa", relatou o boliviano que aguarda às margens da rodovia Ramão Gomes junto com outros colegas de profissão. 

Dias de Paro

Santa Cruz é o centro dos protestos que exigem que o Censo Demográfico Populacional seja realizado em 2023, para que o resultado do levantamento sirva de base para a liberação de recursos aos municípios e para as próximas eleições, definindo o número de cadeiras no Congresso boliviano. 

Os dirigentes cívicos e o Comitê Interinstitucional, em reunião, ratificaram a greve e propuseram ao Governo que o Censo fosse realizado em outubro do ano que vem.

Na sexta-feira (28), em mais uma reunião entre o Governo, governadores e autarquias realizada em Cochabamba, surgiram duas propostas para a solução do impasse. Uma que o Censo seja em abril de 2024 com a distribuição dos recursos seis meses após a divulgação dos primeiros resultados, e a outra que o Censo seja realizado entre outubro de 2023 e abril de 2024, mas a data será definida por uma comissão técnica.

O Governo fixou inicialmente o recenseamento para novembro deste ano, mas posteriormente adiou a data para 2024, alegando problemas técnicos e pela necessidade de “despolitizar” o processo. Enquanto isso, sem nenhuma proposta aprovada, a greve segue no departamento de Santa Cruz de la Sierra

Com informações da Unitel.

PUBLICIDADE