Leonardo Cabral em 17 de Julho de 2020
Diário Corumbaense
Somente na fronteira é permitida a passagem de caminhões de cargas; na Bioceânica, bloqueio continua
Já do lado de Corumbá, a fila de caminhões também é grande. Os caminhões parados chegam até o posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), às margens da rodovia Ramão Gomes.
Conforme o presidente do Comitê Cívico do Distrito de Arroyo Concepción, Antonio Chavez Mercado, a fronteira permanecerá aberta para o transporte pesado nas próximas horas, mas pode voltar a ser fechada, dependendo do que será decidido.
“Aqui na fronteira entre Bolívia e Corumbá, na ponte, decidimos liberar o trafego, mas vamos ter uma reunião com o vice-ministro de Saúde, que vem com uma comitiva, para discutir as nossas reivindicações. Depois da reunião é que teremos um parecer, se iremos seguir com a fronteira aberta ou se ela volta a ser fechada para este setor”, explicou Chavez Mercado salientando que o bloqueio segue na Bioceânica, em Puerto Suárez.
Ele ainda disse, que nesse período de bloqueio, os manifestantes abriram os pontos, para o tráfego de veículos em dias diferentes, pelo tempo de duas horas, para que alguns caminhões pudessem seguir viagem. “Nesse ponto (Bioceânica) foi aberto por duas horas o tráfego, depois voltou a ser fechado novamente”, completou.
O caminhoneiro Rogério Antônio Bassetto, que mora em Corumbá, e que estava parado há mais de oito dias na fila de caminhões, do lado boliviano, com a abertura da fronteira e pelo tempo de duas horas dada pelos manifestantes, em Puerto Suárez, conseguiu cruzar para Corumbá, mas a pé. O caminhão ficou no país vizinho.
“Consegui vir até Corumbá, passei a primeira barreira, na Bioceânica, mas retorno agora pela manhã para Puerto Suárez, pois não conseguimos atravessar a fronteira que estava com muito movimento. Aproveitar agora que a fronteira está aberta e tentar cruzar com o caminhão”, mencionou caminhoneiro, que saiu de Corumbá para pegar uma carga de silo em Rolândia, no Paraná e de lá seguiu para a Bolívia, onde descarregou em Warnes, cidade próxima a Santa Cruz de La Sierra. Isso no dia 06 de julho, e ao retornar, pegou o bloqueio na Bioceânica.
Entenda
O bloqueio interno na Bolívia é por tempo indeterminado. A linha férrea também está bloqueada na fronteira.
A mobilização acontece para chamar a atenção dos governos nacional, departamental e municipal, sobre a situação precária da saúde local, mais precisamente do hospital San Juan de Dios, em Puerto Suárez, o único que atende toda a região. Apesar da infraestrutura física, a unidade de saúde está vazia, sem estrutura alguma para atender os pacientes neste período de pandemia de covid-19 e o hospital mais próximo fica a mais de 600 quilômetros de distância, em Santa Cruz de La Sierra.
O hospital San Juan de Dios é classificado pela Serviço Departamental de Saúde (Sedes) como segundo nível. Em cinco anos, não foi realizada nenhuma movimentação para equipá-lo.
Puerto Suárez tem 25.000 habitantes e o hospital San Juan de Dios é um dos pontos de referência na província de German Busch. Atende pacientes de outras cidades como Puerto Quijarro, Roboré e Carmen Rivero Tórrez.
Com a crítica situação do sistema de saúde do lado boliviano, muitos doentes acabam entrando em território brasileiro, por trilhas clandestinas, para buscar atendimento em clínicas particulares e na Santa Casa de Corumbá.
A linha internacional da fronteira entre Brasil e Bolívia está fechada desde março por causa da pandemia do coronavírus. Antes do bloqueio, somente é permitida a passagem de caminhões de cargas nos dois países.
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