Leonardo Cabral em 15 de Junho de 2020
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Bolivianos foram atendidos pelas autoridades após três dias aguardando na ponte da linha internacional
O grupo faz parte dos estrangeiros que foram flagrados na última sexta-feira (12), pela equipe da Coordenadoria de Fiscalização de Posturas, Guarda Municipal, Agetrat e Polícia Militar, desembarcando de maneira irregular no assentamento Urucum, às margens da BR-262 e área rural de Corumbá. No município, o embarque e desembarque de passageiros está proibido como forma de prevenção ao novo coronavírus.
Todos os estrangeiros permaneceram três noites na fronteira e só foram recebidos pelas autoridades bolivianas, comandantes da Armada Boliviana, Andrés Carlos Peredo Flores e da Polícia Boliviana, Fernando Pelaez, na manhã desta segunda-feira (15), quando foram autorizados a cruzar a ponte e aguardar em uma estrutura do lado da Bolívia, os procedimentos para que possam ingressar no País.
Conforme o comandante da Polícia Boliviana, Fernando Pelaez, o grupo veio de maneira irregular, não cumpriu requisitos para ingressar em território nacional, conforme determina o decreto do governo, assinado pela presidente interina, Jeanine Añez, desde o fechamento de fronteiras.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Comandante da Polícia Boliviana na fronteira, falou que depois de autorizados, bolivianos devem cumprir quarentena
Ele ainda ressaltou que os compatriotas vão permanecer no local até determinação de ingresso no País. “Estamos analisando, fazendo consultas em La Paz, para que possamos dar resposta mais exata a eles. Uma vez autorizados, devem cumprir quarentena, total de 14 dias, em um local que temos específico em Puerto Suárez, para que assim, depois de tudo isso possam seguir viagem para as suas cidades de origem”, esclareceu.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Grupo, depois de atravessar a fronteira, agora aguarda decisão do governo para seguir viagem
Sentimento de tristeza
Revoltada, mesmo sabendo que veio de maneira irregular, Marta Duran, disse que jamais esperava passar pela situação, ainda mais ao retornar ao seu País. “Estou com meu filho de onze meses, ele está sem tomar banho há três dias, assim, como eu. Não comemos todos esses dias desde que saímos de São Paulo. Só queria entrar no meu país. É muito triste tudo isso que estamos enfrentando. Fora o frio que passamos nessas noites e a forma como dormimos, em cima do asfalto. Precisamos que as autoridades façam algo por nós logo”, disse Marta que veio ao Brasil há três meses, foi dispensada do trabalho em São Paulo e agora procura chegar até Cochabamba.
Ismael Vargas destacou que o mais difícil eles conseguiram, que foi sair de São Paulo, com destino à fronteira. “Aqui temos crianças, mulheres que estão sem comer, sem contar pessoas doentes, com diabetes. Também corremos riscos de nos contagiar com outras doenças, como a dengue. Precisamos de uma resposta urgente”, pediu Ismael.
Ele também disse que o grupo não teve apoio dos Consulados Bolivianos. “Apenas uma secretária do Consulado de Corumbá veio até nós, mas nada foi resolvido. É uma situação de tristeza chegar em seu país e não poder entrar. Me dá uma dor no coração. Que essa resposta autorizando a nossa entrada saia logo”, concluiu Ismael.
Fronteiras fechadas
As fronteiras do Brasil e da Bolívia, permanecem fechadas, conforme determinação dos governos federais. A medida está em vigor desde março, como forma de evitar a propagação do novo coronavírus.
Do lado boliviano, seguindo o decreto e Emergência Sanitária, ninguém entra e nem sai do país. Só é permitido o ingresso de bolivianos repatriados de outras nações que estejam portando documentação correta. O setor de transporte pesado também pode cruzar o limite entre os dos países para que não haja desabastecimento.
No Brasil, o decreto proíbe a entrada de estrangeiros. Apenas é permitida a entrada do setor de transporte pesado, de brasileiros repatriados, e em circunstâncias especiais determinadas no documento.
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