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Você é bom marido?

Por Wilson Aquino (*) em 29 de Novembro de 2019

O número crescente e assustador de casos de polícia envolvendo mulheres, vítimas de violência praticada pelos próprios maridos e ex-maridos, dentro e fora dos lares, resultando em espancamentos e até o extremo, a morte, tem obrigado as autoridades e a sociedade em geral a analisar o problema, com profundo pesar, para tentar encontrar as possíveis soluções para frear essas lamentáveis estatísticas.

 

Enquanto buscam, convém ressaltar que as mulheres enfrentam outros tipos de violência, também dentro e fora do lar, que só não são seguidos de agressões físicas, porém, da mesma forma, são graves. São mais sutis e até imperceptíveis para membros da própria família. São ações de desrespeito, grosseria e maus tratos pessoais e morais, onde elas são humilhadas, desprezadas, desvalorizadas, ridicularizadas e negligenciadas pelo próprio marido.

 

Mesmo com esse pesado fardo, que provoca sérios danos, a mulher - que tem a incrível capacidade de exercer as mais variadas funções junto à família, trabalhando pelo seu sustento financeiro; cuidando das crianças; do lar para que esteja sempre limpo e harmônico; além de cuidar também do bem-estar do próprio marido – acaba assumindo calada mais esse triste e lamentável peso sobre suas costas. Não devia, pois não merece ser maltratada, muito menos em público como muito se vê pelas ruas, nos shoppings e em eventos sociais, por exemplo.

 

São comuns esses maus tratos, verificados até mesmo junto a casais recém-casados e também àqueles com “bodas” de relacionamento e que deveriam ser exemplares. Muitos homens, sabe-se lá se por impulso ou por questão de má educação ou formação de caráter, parecem preferir adotar um jeito rude no trato das coisas, inclusive no lar, onde acaba ofendendo esposa e filhos. Tem o hábito de descontar nela, consciente ou inconscientemente, suas ansiedades, suas frustrações. Quem nunca testemunhou um homem, em público, desrespeitar a esposa, xingando-a ou proferindo palavras toscas, grosseiras, provocando a revolta daqueles que por eles passam?

 

Quando esse quadro se instala, certamente se deve ao fato de o casal não ter se permitido conversar francamente sobre o assunto, tão logo fora detectado. Lamentável, entretanto é que quando conversam e o homem, para justificar seu jeito grosso e estúpido de ser e de tratar as pessoas, responde com uma frase antiga e muito utilizada, de forma inconcebível: “Eu sou assim! Você me conheceu assim! E vou morrer assim!”. Perdão pelos termos, mas ressalto: esta é a frase mais estúpida, mais imbecil, que o homem poderia proferir para justificar seu jeito ignorante de ser.

 

Ninguém precisa “morrer assim”, pois o homem é um ser em evolução. As circunstâncias da vida e o desejo próprio de mudar, de aprender e crescer, são as ferramentas que tornam isso possível a todos. E o casamento de dois seres diferentes (macho e fêmea), criados em ambientes distintos e uma educação também diferenciada, é motivo ainda maior para se empreender esforços para a mudança, para que a vida a dois seja realizada de maneira satisfatória e agradável para ambos. Devem procurar sempre ter as bênçãos e a proteção de Deus.

 

Os homens precisam entender de uma vez por todas que as mulheres, como todo ser humano, merecem todo respeito. As esposas, muito mais ainda. Precisam de amor, de carinho, de compreensão, de paciência, de compromisso, de comprometimento mútuo e de flores e poesias, sempre. Carregar uma flor e escrever sobre seus sentimentos amorosos, não afetam em absoluto sua masculinidade.

 

Basta de ignorância e de um machismo inconcebível nesses tempos em que a mulher, mais que nunca e há muito tempo, já demonstrou sua competência e capacidade de exercer absolutamente toda e qualquer função, com igual ou maior eficiência, devido, como já disse, à sua grande capacidade de exercer mais de uma função ao mesmo tempo. Isto sem contar com sua sensibilidade para ver as coisas em todos os campos da vida.

 

Um amigo conta que, apesar dos mais de 20 anos de casado, ainda faz bilhetinhos de amor para a esposa. Outro, que de vez em quando inventa uma surpresa para demonstrar o seu amor; outro, da mesma forma, procura tratar a esposa como sua namorada proferindo sempre palavras mansas e carinhosas e criando ambientes agradáveis para que possam contemplar e curtir a vida. Diante do exposto então pergunto: Você é bom marido?

 

(*) Wilson Aquino é jornalista e professor.