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Criado na década de 1980, Festival Estudantil tem história de revelações

Rosana Nunes em 16 de Maio de 2019

Arquivo pessoal

Gude, Jonas de Lima, Kid Noel, Andersen Navarro e João Luiz, apresentando uma das edições do festival

A edição 2019 do Festival Estudantil da Canção, começa hoje (16) e vai até 18 de maio, no Ginásio Poliesportivo Lucílio de Medeiros, localizado na rua Porto Carreiro, a partir das 18h. 

Irão participar do FECC alunos e profissionais de Educação das redes públicas e privadas de ensino. O festival será composto por seis categorias premiáveis, dividindo-se da seguinte forma: Infantil; Juvenil; Adulto; Gospel; Especial; Profissional de Educação. Independentemente da opção de canto individual ou em conjunto, a premiação será por categoria.

"E vai prosseguir o Festival!". Esse bordão marcou época no Festival Estudantil, que nasceu na década de 1980 com o nome Festival Estudantil da Interpretação. Hoje, o evento é realizado pela Prefeitura de Corumbá e passou a ser chamado de Festival Estudantil da Canção. O Diário Corumbaense conversou com João Luiz de Paula Gonzalez, idealizador do festival há mais 35 anos, para relembrar um pouco da história do festival que revelou inúmeros talentos ao longo dos anos. Confira. 

DC: Como começou essa história? 

João Luiz: Começou em 1982 quando o Movimento Jovem Construindo, da Igreja Católica de Corumbá precisava fazer dois Encontros da Juventude e tinha pouco dinheiro para realizá-los. Numa reunião do Secretariado que coordenava as atividades do Movimento, resolvemos fazer uma promoção envolvendo os jovens da cidade, revivendo os festivais que fizeram muito sucesso nos anos 70. Mas, do jeito que a ideia surgiu, ela morreu em poucos dias. Só um ano depois, com o mesmo problema da falta de dinheiro para realizar o encontro, foi que voltamos a pensar no assunto. E olha bem, resolvemos fazer o festival no dia 14 de agosto de 1983, na festinha de aniversário da minha esposa Julieta e, marcamos para o dia 17 de setembro, pouquíssimo tempo para preparar e organizar o festival.

Mas a ideia era sua?

Na verdade eu tinha esse sonho de voltar a fazer um festival, na reunião de 82 fui eu quem propôs, mas, quero deixar bem claro que eu compartilho com todos que acataram a ideia e todos que um ano depois tiveram a coragem de fazer o festival. Eu só estava louco para fazer algo parecido.

Como foi o primeiro?

Uma loucura. Nós não esperávamos tanta gente no Riachuelo. Eu me lembro que o João Luna me ligou dizendo, “venha logo que está lotado”. Eu não acreditei no que ele disse, mas quando cheguei ao Riachuelo, uma hora antes do festival e as arquibancadas já estavam lotadas, tomei um susto danado.

Éramos tão inexperientes que no final da noite o nosso querido Renato dos Santos, que era o presidente do clube, perguntou “Já pagaram os seguranças?”, só aí nos lembramos disso. Não tinha nenhum segurança no primeiro festival. Nem lembramos de contratar. O MJ6 fez um preço camarada e tocamos a divulgação nas escolas.

Lembra quem ganhou?

Claro que lembro. O saudoso Demésio Toledo, do Dom Bosco, foi o vencedor na música, só existia uma categoria e a Escola Maria Leite foi a vencedora como melhor torcida. Sabe quem comandava o Maria Leite? Professor Campos, hoje um dos baluartes do festival.

Divulgação

João Luiz, idealizador do Festival Estudantil da Interpretação na década de 80

Foi aí que surgiu o famoso “Vai prosseguir o festival...”?

Na tarde do primeiro festival, que foi realizado em apenas uma noite, minha sobrinha Lucia Coleto, que apresentou comigo o evento, me disse “Tio, lembra quando o Carvalho Sobrinho dizia vai prosseguir o festival” nos antigos festivais? Vamos repetir? Adorei a ideia e passei a soletrar um pouquinho a palavra festival no final da frase. Nos festivais seguintes começamos a pedir para o público responder e até hoje é uma marca. Quem começou a frase “vai prosseguir o festival” foi o Carvalho Sobrinho.

E nos anos seguintes?

Cada ano que passava o público foi aumentando. Começamos a convidar os radialistas para apresentar. Jonas de Lima praticamente esteve em todos os festivais. Todos os locutores eram convidados e para nós era uma alegria poder dividir o palco. Em 1984 passamos para duas noites e de 1985 até os dias atuais com três noites. O fator torcida passou a ter um brilho muito mais que especial nas realizações com as escolas se preparando para uma maratona de três noites coreografas e animadas. E nós na organização começamos a pensar cada vez mais na premiação. Demos retroprojetor, novilhas, passeios no Lago Azul, enfim, prêmios que agradavam a todos os integrantes. Por isso a disputa entre as torcidas começou a ficar cada vez mais acirrada.

É verdade que teve um ano com mais de cinco mil pessoas no Riachuelo?

Sim, verdade. Não é um número exato, fizemos esse cálculo por aproximação com base nos talões de ingressos. Fomos advertidos pelos Bombeiros para pararmos de vender ingresso. Não cabia mais ninguém no Riachuelo.  E não estou falando do Ginásio, estou falando também da Discofunk e toda a área externa. Aliás, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar passaram a ter uma importância fantástica na segurança dos festivais.

Qual o festival que marcou a sua vida?

É difícil responder só falando de um, talvez o primeiro foi o que mais me fez vibrar. Mas eu diria que dois momentos foram marcantes de todos os que vivemos. Um vivido nos bastidores antes de começar a noite e sem ninguém ver o que estava acontecendo. Juntamente com o Campos, Aírton Pereira e Jonas de Lima, orávamos abraçados pedindo pela noite que iríamos viver. Eu não esqueço nunca desses momentos. Isso acontecia em todos os festivais, todos. Todas as noites rezávamos abraçados agradecendo e pedindo pelos jovens que lá estavam. O outro momento de muita emoção foi quando o meu filho cantou no festival. Vejam bem, no primeiro ele foi na barriga da minha esposa e pouco tempo depois estava cantando. Foi no décimo quinto que ele cantou.

Você citou alguns nomes. Muitos foram importantes, né?

Muitos. Posso cometer até uma injustiça em não citar um ou outro, mas eu diria que em 1989 o festival não morreu graças a Aírton Pereira. Ele aguentou firme uma maré terrível de contrariedade. Lourival Campos, é outro nome que jamais posso deixar de citar. O homem dos ensaios e das apresentações. E, é claro, quero falar do Jonas de Lima, meu parceiro eterno nos palcos dos festivais.

E tem a turma lá do comecinho.

Que turma?

Pois é, aí que eu posso cometer muitas injustiças. Foram tantos ainda jovens envolvidos nos primeiros festivais. Uns colocavam faixas nas ruas, outros convidavam as escolas, outros assumiram os ensaios. Fico emocionado ao me lembrar do encerramento do primeiro festival quando choramos abraçados, todos os integrantes do Movimento Jovem, felizes com o sucesso do primeiro. Minha família foi muito importante. Minha esposa que esteve no primeiro festival faltando três dias para o nascimento do meu filho. Nunca imaginei que trinta e cinco anos depois eu ainda estaria falando sobre o assunto.

Comentários:

Wenceslau alle de Souza .: Primeiramente ,parabéns a todos os envolvidos em especial ao saudoso mestre joao luna,...olha não tem como não lembrar e voltar ao passado e adentrar as boas lembrança que era poder participar do festival estudantil da canção,eu era aluno da cidade DOM BOSCO,e disputa entre torcidas do santa Teresa e da escola Maria leite eram ímpares ,dávamos gritos e mais gritos de guerras,saiamos com meia hora de antecedência das aulas para treina nas torcidas.picar papéis etc...tempos bons e que se revivam essa espiritualidade sadia entre os jovens .nomeio o João Luiz em parabenizar a todos os envolvidos desde o início até tempos atuais,pois não quero deixar nenhum dos mentores e idealizadores de fora .que DEUS os abençoes eee...VAAII PROOSSEGUIIRR ....OOOO FEESSTIIVAALL..

JOAO LUIZ TELES: Necessário salientar os intérpretes vencedores como: Wilson Freitas, Denise Campos, Amarildo Viana entre outros, participei algumas vezes também.

gelson farias teixeira : ate rola uma lágrima de lembrar daqueles momentos lindos do professor Campos as torcidas eu fazia parte do grêmio e participei de reuniões para decidir e ate ajudar as torcidas era um glamour a força dos bordões criados por alunos subiam ali tímidos e saim vitoriosos eu amei e reviveria com alegria cada momento daqueles tempos valeu obrigado por não desistirem.

Sergio Paulo da Cunha: A minha história de vida particularmente se confunde com uma parte da história dos Festivais Estudantis que tive a oportunidade de participar nos anos 90 no Riachuelo. Cantando músicas sertanejas que estavam no auge na época, tive a graça de vencer algumas vezes. O Festival é algo que sempre mexeu muito com a minha emoção e sobretudo nos dias de hj ao ver meus filhos Gustavo E Guilherme participando, impossível segurar as lágrimas de felicidade. Deus abençoe o João Luiz, Jonas de Lima, o saudoso Antônio Ávila que me lembro que apresentou algumas e todos os que contribuíram para a idealização dessa linda festa. A juventude de Corumbá sempre teve muito potencial e necessita exatamente de incentivos com esse maravilhoso evento. Gostaria muito que tivesse uma categoria para ex-alunos, de modo que eu pudesse participar também. Mais uma vez parabéns à todos. E vai prosseguir... o Festival!!!

Iolanda Victorio da Silva Filha: Eu me lembro de Sirlei Nazaré, dona de uma voz maravilhosa e acredito que até hoje. Lembro também quando instituíram o troféu quebra gelo. E eu ganhei esse troféu, pois fui a primeira a me apresentar no primeiro dia do festival. Que não se perca a magia dos festivais.

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