Torcida do Corumbaense fez festa para os jogadores em plena madrugada de segunda-feira

É indiscutível que o Corumbaense tem uma das torcidas mais fanáticas de Mato Grosso do Sul. Capaz de invadir estádios adversários, de viajar centenas de quilômetros para não deixar a equipe sozinha, de lotar o Arthur Marinho e apoiar o time durante os 90 minutos, isso já é do conhecimento de todos. Porém, na madrugada desta segunda-feira (24), a torcida alvinegra demonstrou mais uma prova de sua paixão.

Centenas de pessoas aguardaram em frente ao estádio Arthur Marinho o ônibus que trouxe os jogadores após a conquista da classificação em cima do Operário de Campo Grande, em pleno Morenão. Alguns estiveram na torcida na Capital, e mesmo cansados permaneceram até às 02h15 da manhã, quando os atletas chegaram.

O torcedor Emerson Macedo falou sobre a alegria de participar da conquista do time. “No estádio o bicho pegou, passamos um sufoco lá mas conseguimos trazer a classificação com muito orgulho e muita honra. Há tempos que não tínhamos essa alegria aqui”, disse ao Diário Corumbaense.

O membro da diretoria da Torcida Jovem do Corumbaense, Gustavo Casarin, explicou que quase 90 pessoas viajaram no sábado para apoiar o time. “Jamais poderia deixar de acompanhar o nosso Galo Guerreiro. O nome já diz, Galo Guerreiro, onde estiver estaremos juntos. O primeiro passo a gente já deu, agora vamos dar o outro que é ser campeão aqui dentro da nossa casa. O cansaço a gente supera nessas horas em que a vitória fala mais alto. São 33 anos que a gente aguarda por esse título e com certeza ele virá para Corumbá”, afirmou.

Muitos torcedores sequer viram o título de 1984. Um exemplo é o torcedor mirim Roger Almada, de 10 anos. Ele esperava desde a meia-noite a chegada dos atletas na frente do estádio. De acordo com o pai do menino, o garoto o "obrigou" a levá-lo na comemoração. “Eu gosto muito do Corumbaense e pra mim o time representa minha vida. Acompanho todos os jogos e vou assistir a final. Vale a pena esperar para ver o time”, contou Roger.

O meio-campista Juninho Bill, que não pode ir à Campo Grande por motivo de lesão, fez questão de recepcionar os jogadores. O atleta destacou o amor pelo clube e a importância de fazer parte da história do Corumbaense.

“É difícil ficar de fora, saber que não pode ajudar lá dentro, mas a gente tinha total confiança no grupo e sabíamos que era possível sair com resultado positivo, e foi o que aconteceu. Acho muito legal a gente estar na história do clube. Depois de trinta anos, chegar a uma final e ver isso aqui, o que eu nunca tinha vivido na minha vida, é muito bom. Isso faz a gente ter ainda mais força para poder chegar na final e trazer o título mais esperado”, ressaltou o jogador lembrando que seu tio, Negão, foi o autor do gol do único título estadual do Carijó da Avenida.

O jogador que deve passar por cirurgia e só retorna no próximo ano reforçou a vontade de permanecer na equipe para as disputas nacionais. “Vou ter que operar, perdi o campeonato, perdi o ano inteiro, mas com essa passagem para a final e previsão de competições no ano que vem, fico mais tranquilo para poder ter uma boa recuperação e voltar no estadual e na Copa do Brasil para poder ajudar”, disse Juninho.

Na chegada os jogadores pareciam não acreditar na recepção. Com cantos de incentivo e gritando os nomes dos jogadores, os torcedores fizeram uma festa em plena madrugada. Muitos jogadores não tinham palavras para falar sobre a festa. O zagueiro Tosta destacou o reconhecimento que todo profissional do futebol sonha. “Isso aqui representa todo um sonho de uma cidade que a gente abraçou e está vivendo. É uma coisa única na vida de um jogador, de um profissional”, explicou o zagueiro.

Surpreso, o lateral Robinho exaltou a torcida. “Não esperava isso tudo. Estou muito feliz, essa torcida é maravilhosa”.

Em êxtase, ao som de “...é o melhor goleiro do Brasil”, Diego não dizia uma palavra, apenas sorria e erguia os braços. Ele, que foi um dos destaques da partida ao fazer uma defesa à queima-roupa já nos acréscimos do segundo tempo do jogo, evitando que o Operário chegasse ao segundo gol.

Até mesmo o técnico Douglas Ricardo não conseguiu se expressar diante da mobilização dos torcedores. Perguntado se tinha dimensão do que a classificação representa para a cidade, o treinador não conseguiu responder. “Não tenho palavras. Não esperava uma coisa dessas, nesse horário. Não tem o que falar”, concluiu o técnico.

A decisão do título de 2017 será nos dois próximos domingos entre Corumbaense e Novoperário. Por ter melhor campanha, o Carijó da Avenida tem a vantagem de dois resultados iguais e faz a segunda partida no caldeirão do Arthur Marinho.