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Não era invencionice da mídia golpista

Da Redação em 16 de Março de 2016

A política nacional viveu mais um dia de turbulência nesta terça-feira, 15 de março. O Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação premiada firmada entre o senador Delcídio do Amaral e a Procuradoria Geral da República (PGR) para colaborar com as investigações da Operação Lava Jato. Muitos que diziam que a delação – antecipada pela Revista Istoé – era uma peça de ficção e "invencionice da mídia golpista" para desestabilizar o governo petista no País, viram justamente o contrário: a delação existia mesmo.


Fogo para todos os lados

Não sobrou pedra sobre pedra. Os alicerces da política brasileira foram fortemente abalados. Nomes das principais autoridades do País apareceram na delação do senador, que por conta própria anunciou a saída do PT ontem mesmo. O documento traz episódios envolvendo o ex-presidente Lula; a presidente Dilma Rousseff; o vice-presidente Michel Temer; o senador Renan Calheiros; o deputado federal Eduardo Cunha e até uma situação, gravada em áudio, com o ministro Aloizio Mercadante. Nem os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso escaparam. Foi fogo para todos os lados.


Chamuscou em MS

Até nomes do cenário político estadual entraram na roda. O senador citou o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o ex-secretário de Obras, Edson Giroto. No anexo 10 da delação homologada ontem pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Delcídio conta de um acordo ilícito para descentralizar os investimentos federais em Mato Grosso do Sul, facilitando a arrecadação de propina.


Superfaturamento em Corumbá

O senador citou esquemas de superfaturamento mediados pelo empresário sul-mato-grossense José Carlos Bumlai. Falou do superfaturamento na fazenda São Gabriel, localizada em Corumbá. Segundo Delcídio, o hectare da propriedade avaliado na época por R$ 2.500, foi vendido ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) por R$ 4.500. "Essa aquisição gerou vários processos pelo verdadeiro absurdo praticado", disse na delação.


Fim de papo com o PT

Depois que a delação pipocou por todo o Brasil. O senador anunciou sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores. Em carta, ao presidente da legenda em Mato Grosso do Sul, Delcídio pediu seu desligamento do partido. Foi bem econômico nas palavras: “sirvo-me do presente para informar minha decisão de desfiliação do Partido dos Trabalhadores. Desde já agradeço as providências necessárias”. Assim terminou a história do senador dentro do PT.


Vai para o PDT mesmo

Um quadro político mais calmo, pelo menos no que diz respeito à delações, é o foco agora. Como esta coluna já informou, está praticamente certa a ida do prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, para o PDT. O ingresso nos quadros pedetistas se deve, e muito, ao relacionamento do prefeito com o deputado federal Dagoberto Nogueira, que pode ser parceiro importante na busca de recursos para o município. O chefe do Executivo já conversou com Dagoberto, que colocou o PDT à sua disposição para que ele encabece a chapa na busca pela reeleição ao comando da Prefeitura Municipal.


Assédio foi grande

Embora ingresse no partido fundado por Leonel Brizola e que abrigou o antropólogo Darcy Ribeiro, Paulo Duarte foi bastante assediado por outras legendas antes de deixar o PT e, principalmente, após sair do Partido dos Trabalhadores. Não faltaram convites do PSB, PSD, PSDB e até do PMDB para que assinasse a filiação. O prefeito pode anunciar a ida para o PDT ainda esta semana.


Janela partidária

A janela partidária, aberta em 18 de fevereiro por trinta dias, é uma emenda à Constituição Federal, promulgada pelo Congresso Nacional, que estabelece um período em que os detentores de mandato eletivo podem trocar de partido sem o risco de serem cassados por infidelidade partidária. Senadores, prefeitos, governadores e presidente da República não entram nessa norma. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em maio do ano passado que a regra da fidelidade partidária não se aplica a eles. Os eleitos para estes cargos podem trocar de partido sem terem seus mandatos cassados.