Camila Cavalcante e Rosana Nunes em 16 de Julho de 2015
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Oito policiais militares e duas viaturas foram para a Delegacia de Polícia Boliviana
A perseguição iniciou por volta das 11h30, na fronteira de Corumbá com a Bolívia, quando uma equipe à paisana da Receita Federal viu quando o carro do homem era carregado em uma trilha clandestina conhecida como trilha do Gaúcho. "Era uma grande quantidade de mercadoria e quando o abordamos, ele imediatamente iniciou a fuga. Tentou entrar na Bolívia, não conseguiu e veio para Corumbá. Pedimos o apoio da Polícia Militar e saímos em perseguição. Já na cidade, ele bateu em um Honda Civic e pegou o caminho de volta para a fronteira, batendo também em outros veículos que estavam à sua frente. Nós o cercamos e ele jogou o carro contra mim e outro servidor da Receita e acabou entrando em território boliviano", contou ao Diário Corumbaense o auditor fiscal da Receita Federal, Thiago Lessa, que foi à Delegacia da Polícia Federal corumbaense registrar ocorrência contra o motorista, além do crime de descaminho, por tentativa de homicídio e fuga.
Duas guarnições da Polícia Militar continuaram perseguindo o contrabandista na Bolívia, que acabou preso. Porém, as autoridades daquele País, detiveram também os policiais militares brasileiros e as viaturas por terem invadido o território boliviano portando armas. Somente por volta das 18 horas, o fiscal (promotor) da Província de German Busch, Roman Guhuayhua afirmou que os policiais não estavam detidos, mas, permaneciam na delegacia aguardando para darem mais declarações a respeito da perseguição. Porém, foi enfático ao apontar que a PM quebrou acordos internacionais ao invadir terras bolivianas com armas de fogo.
“Estamos vendo os tratados internacionais e reforçamos que temos uma boa relação com o Brasil. Estamos resolvendo a situação. Só há um detido e um veículo retido, que é o rapaz que estava com as roupas. Os policiais brasileiros estão aguardando na sede da Polícia para algumas declarações. Eles vieram para cá por terem entrado em território boliviano com armas, o que não é permitido”, frisou.
Mais cedo, o comandante geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Deusdete Souza de Oliveira Filho, disse a este Diário, que havia um acordo “informal” com as autoridades daquele País. "Nós já estamos em contato com as autoridades bolivianas para esclarecer a situação, porque anteriormente, já tínhamos, informalmente, acordado uma possibilidade, não de entrar no País vizinho, mas sim de um acompanhamento e pedido de apoio nessas situações e hoje, para nossa surpresa, os veículos e as guarnições foram retidos", contou ao informar ainda que destacou oficiais da corporação para esclarecer o caso.
Porém, o promotor boliviano disse à imprensa, que não tinha conhecimento desse acordo informal. “Não há nenhum acordo informal em relação à entrada da polícia brasileira em território boliviano com armas nem vice e versa”, explicou.
Homem detido pelos policiais brasileiros foi levado para a Diprove também
O condutor do Voyage foi detido em uma residência localizada no bairro El Carmem, próximo à feirinha boliviana. Ele teria invadido a residência de um mecânico e tentado se esconder no local, após abandonar o veículo e as mercadorias. O mecânico informou ao Diário Corumbaense que apenas o conhece de vista devido ao fato de já ter consertado o veículo dele. “Foi bem rápido, eu estava trabalhando, minha mulher me chamou e disse que havia polícia em nossa casa. A PM entrou em minha casa, procurou o rapaz, o encontrou em um dos quartos e o levou. Foi uma ação que assustou a todos”, disse.
Segundo a Receita Federal, o homem, de 33 anos, já é conhecido da fiscalização. Foi detido duas vezes por crime de descaminho e até teve perda de veículo. Ele também foi levado para a sede da Diprove e segundo informações, teria levado um tiro de raspão no punho direito. Um advogado já o acompanhava no País vizinho.
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