Leonardo Cabral em 24 de Junho de 2023
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense Multidão acompanhou a descida dos andores pela Ladeira Cunha e Cruz
Os festeiros desceram a Ladeira Cunha e Cruz, com os andores e a imagem de São João Batista, em direção as águas do rio Paraguai, mantendo viva uma tradição com influência portuguesa, um momento de fé, devoção e agradecimento. O ato remete ao batismo de Jesus Cristo por João Batista nas águas do rio Jordão, mas toda a festa começa na casa dos devotos. Lá, eles preparam comidas típicas, rezam pelas graças alcançadas e pedem bênçãos a São João.
Os andores, cada um com suas peculiaridades - grandes, médios ou pequenos -, se encontravam e a reverência entre eles é um dos pontos mais cultuados pelos festeiros, na hora da descida, subida ou nas margens do rio. Os cortejos foram acompanhados por cânticos em louvor a São João e atraíram uma multidão.
Não diferente de anos anteriores, os festeiros reforçaram a tradição que segue em Corumbá, passada de geração para geração. Rosália Silva do Nascimento, moradora do bairro Padre Ernesto Sassida, há 10 anos realiza a festa. Ela herdou dos avós a tradição e segue junto com as irmãs.
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense O banho da imagem no rio é um dos momentos mais marcantes da festa
A festeira, Rosiane Silva do Nascimento, moradora também do bairro Padre Ernesto Sassida, estava acompanhada do neto e filhos, mostrando de fato, que a devoção segue de geração para geração.
“É só gratidão, força espiritual, minha mãe de santo tem um terreiro onde ela é de Xangô e foi com ela que a gente começou a cultuar São João. Hoje, tenho meu terreiro e sigo mantendo a tradição, a sequência da espiritualidade de São João, de Xangô. Vou seguir enquanto estiver viva. Meu neto já está envolvido, meus filhos também, fé realmente que é da nossa raiz, do nosso coração”, falou Rosiane ao Diário Corumbaense.
Agradecendo pela vida do neto, Claudete de Arruda Ferreira, trouxe o pequeno João Arthur Leonardo, que carregava o andor da avó.
Leonardo Cabral / Diário Corumbaense Avó e neto após banharem imagem de São João, agradecendo pela saúde do menino
Três décadas de união
Aproveitando os festejos de São João, o casal Rogéria Fonseca e Rossini Benício, fez a renovação dos votos do matrimônio, durante a descida pela Ladeira Cunha e Cruz, junto a a imagem do santo.
Rogéria, que é de Corumbá, disse a este Diário, que fez questão de vir com o esposo para renovar os votos, celebrando as Bodas de Pérola. Uma caravana, com amigos e familiares, veio acompanhando o casal, que hoje vive em Campo Grande. Segundo ela, que mal conseguia falar por conta da emoção, pouco mais de 100 pessoas vieram da Capital para acompanhar esse momento do casal.
“A gente vem para cá todas as festas, e nada melhor do que estarmos aqui, nesta noite especial, para renovação do nosso casamento, que é um momento de muito amor. Estou muito feliz e só tenho a agradecer e espero que São João siga nos abençoando, para completarmos mais 30 anos”, pediu Rogéria.
O noivo, também bastante emocionado, revelou que o casal completa as Bodas de Pérola mês que vem, mas, “quisemos aproveitar este momento de muita fé, devoção, para renovarmos os nossos votos e reafirmar nosso amor”. O casal faz a renovação dos votos neste sábado, 24 de junho, na Igreja Matriz, em Corumbá, “e logo sem seguida, vamos descer de novo com o andor”, afirmou Rogéria.
Sete vezes para casar
Diz a crença que a pessoa que passar sete vezes debaixo do andor de São João, será a próxima a se casar e muita gente não perdeu a oportunidade.
Foi o caso da dona Joice Mara Sanches Navarro, de 68 anos. “Quem sabe, tudo pode acontecer no São João. Sou de Aquidauana e nunca tinha passando por baixo dos andores. Tudo isso é muito mágico, contagiante a fé das pessoas, é lindo de se ver. Mas descobri que eram só sete andores, passei por mais vezes. Prefiro pecar por mais do que por menos”, disse Joice aos risos.
A tradição
A Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá tem 98 andores cadastrados.
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense Festa é uma das maiores manifestações religiosas populares do Centro-Oeste
Aos gritos de “Viva São João”, escuta-se batuque da umbanda e do candomblé na beira do rio, anunciando a presença de entidades num grande terreiro. Os pagadores de promessas se ajoelham com emoção e fé fervorosa. Depois do ritual, o andor retorna para a casa do festeiro.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
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