Família de irlandês que morreu vítima de acidente na BR-262 finaliza doação ao CTI de Corumbá

O atendimento realizado pelo Sistema Único de Saúde, na Santa Casa de Corumbá, rendeu ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI) a doação de uma quantia em dinheiro, que irá custear o aluguel por oito meses de oito ventiladores mecânicos e dez monitores multiparâmetros de última geração. A notícia foi divulgada pelo diretor técnico do hospital, Manoel João de Oliveira, que chefia provisoriamente o CTI, na manhã desta quarta-feira, 13 de fevereiro, por meio das redes sociais.

O montante foi disponibilizado pela família do turista irlandês Christopher Eugene Peck, de 37 anos, que morreu em maio do ano passado, em Corumbá, após não resistir aos ferimentos causados em um acidente, na BR-262.

Após todos os processos, desde a notícia do acidente, internação e morte do viajante, a família ficou surpresa com todo o atendimento prestado não só à vítima, como a eles, durante estadia na região.

“Eles vieram no hospital e ficaram impressionados com o atendimento e trabalho desenvolvido na Santa Casa. Diante disso, se propuseram em arrecadar doações, como forma de agradecimento pelo atendimento que o Christopher recebeu, aonde infelizmente veio a óbito. Até mesmo a Embaixada da Inglaterra esteve aqui, e então, a mãe Sylvia Peck e seu irmão Sean Peck, deram início às arrecadações e chegaram a esse montante disponibilizado para esses equipamentos em nosso CTI”, contou Manoel João ao Diário Corumbaense.

Ainda segundo o chefe do CTI, os equipamentos chegam em boa hora, pois irão suprir necessidade da unidade hospitalar. “Vem em um momento em que estávamos sufocados,  porque a gente já estava com carência de ventiladores mecânicos. Nosso equipamento já é antigo, praticamente do tempo que começou o CTI, com essa doação conseguimos alugar os materiais por oito meses, quantia que já foi paga à empresa contratante, por meio de um contrato firmado entre a Prefeitura, Junta administrativa e direção do hospital, que irá garantir daqui a 19 dias as instalações desses equipamentos, sendo a empresa responsável também pela manutenção dos mesmos. Hoje, não se dispensa mais esses aparelhos em CTI, já que nos permite ver todos os parâmetros do paciente”, explicou o médico Manoel João ressaltando o gesto da família para com a Santa Casa. “Isso só se faz com amor. E disso eles sabem muito bem o que estão fazendo. Temos algo de novo, de muito positivo para a cidade”, afirmou.

Treinamento e pós-vencimento do contrato

Atualmente o CTI de Corumbá tem 10 leitos. Para o uso desses aparelhos, haverá treinamento do profissional que ficará responsável em manusear os equipamentos, suficientes para suprir os leitos da santa Casa.

Manoel João ainda lembra que após o vencimento do contrato, que é de oito meses, os aparelhos deverão permanecer no CTI, com a anuência e cooperação do prefeito Marcelo Iunes, Junta Administrativa e a direção da Santa Casa. “Eles vão ser alugados por três anos, depois desse período de contrato, os equipamentos ficam definitivamente na Santa Casa”, garantiu.

O acidente

Christopher Eugene Peck, de 37 anos, morreu na manhã do dia 02 de maio de 2018. Ele ficou internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de Corumbá, desde o dia 20 de abril, quando ficou gravemente ferido em uma colisão frontal, na BR-262, no quilômetro 447, distante aproximadamente 35 quilômetros da área urbana do município.

O turista irlandês percorria países da América do Norte, Central e no dia do acidente, 20 de abril, quando seguia para Campo Grande para resolver pendências de documentação para a viagem internacional, acabou sendo atingido por um veículo Gol, que realizava uma ultrapassagem, vindo a bater de frente com a moto da vítima que teve amputação da perna esquerda abaixo do joelho, fratura exposta do fêmur lado esquerdo, fratura no quadril e quadro de intensa hemorragia.

A morte do irlandês teve destaque internacional. O jornal britânico “Daily Mail” divulgou reportagem sobre o caso ocorrido em Corumbá. Na publicação, o jornal relatou o drama vivido pela família da vítima que travou uma batalha contra a seguradora contratada por Peck, que se recusou a prestar o atendimento devido a questões, que segundo a empresa, estavam previstas em contrato.

Segundo a seguradora que foi contratada para uma viagem de aventura, Peck conduzia veículo com cilindrada acima da coberta pela empresa. A informação estaria em letras minúsculas de um contrato de várias páginas.