Campo Grande News em 20 de Junho de 2018
Gabriel Queiroz, de 26 anos, preso na noite de sábado (16) pelo atentado contra o prefeito de Paranhos, Dirceu Bettoni (PSDB), confessou o crime em depoimento e afirmou só ter descoberto quem era o alvo dos tiros depois do crime, enquanto jogava baralho em um bar da cidade e viu a notícia da tentativa de homicídio na televisão.
Para a polícia, Gabriel contou detalhes do crime, mas foi categórico em afirmar que não sabia quem era a vítima. Em depoimento, o suspeito relatou que já cumpriu pena por roubo em Dourados e que atualmente trabalhava como auxiliar de enfermagem em Campo Grande, mas há dois anos se envolveu com o contrabando de cigarro e chegou a “puxar” a mercadoria do Paraguai para o Brasil.
Segundo ele, foi nessa época que conheceu o contratante do crime, identificado como "Treme Terra". A proposta para matar o prefeito veio no começo do mês, por WhatsApp. Por mensagem, Cláudio ofereceu o “serviço” a Gabriel que aceitou, com a promessa de receber R$ 20 mil. No dia 10 deste mês, ele viajou para a fronteira com a mulher, Djuly Priscilla Couto e a enteada de 5 anos. O casal foi até Sete Quedas e lá, em um posto de combustível, o suspeito encontrou Jomar Lemes, funcionário do mandante do crime que acabou assassinado a tiros ao sair da delegacia no domingo (17).
Em um veículo Fiat Strada, vermelho, Jomar levou Gabriel até a casa do prefeito e pelo celular, mostrou a foto de Bettoni, segundo o autor, sem falar o nome do alvo. Com o “negócio fechado”, o pistoleiro recebeu R$ 5 mil antecipado. O dinheiro foi depositado por Cláudio e usado na compra da moto utilizada no crime.
Na noite do dia 14 de junho, Gabriel foi até Paranhos e viu o momento em que o prefeito chegou em casa com a caminhonete Hilux. Ele, então, virou a esquina, estacionou a moto e voltou a pé. Em depoimento, ele afirmou que se aproximou, abriu a porta do veículo e se deparou com a vítima ainda na caminhonete.
Assustado, o prefeito teria chutado o autor, que disparou várias vezes. Gabriel lembrou que estava com dois revólveres, um calibre 38 e um 32. Sacou primeiro o revólver calibre 32, descarregou a arma, guardou no casaco e pegou a 38, fez novos disparos e fugiu.
Depois de jogar o casaco que vestia fora e abandonar a motocicleta na saída da cidade, Gabriel andou até um bar e começou a jogar baralho. Foi neste momento, segundo ele, que descobriu em quem havia atirado. Por notícias do crime na televisão, viu que a vítima era o prefeito de Paranhos.
“Pedi um telefone emprestado e liguei para minha mulher, ela foi me buscar”, contou. A todo momento, Gabriel afirmou que a esposa não sabia do crime. Para a polícia, Djuly Priscilla, contou que também foi pela televisão que descobriu sobre o crime e desconfiou do marido. Ao perguntar se ele era o autor da tentativa do homicídio ouviu: “Dei bote errado, eu não sabia que o cara era prefeito”.
Dirceu Bettoni foi atingido por quatro disparos, foi transferido para o Hospital do Coração de Dourados, onde passou por cirurgia. Segundo o prefeito interino, Luciano Rodrigues (DEM), Bettoni deve deixar ainda nesta quarta a UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Sem receber o restante do dinheiro, Gabriel e Djuly foram presos em flagrante por equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), quando voltavam para Campo Grande. No dia 18, o casal passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada.
O homem foi levado para o Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande e a mulher segue presa no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”.
Motivo
A motivação para a tentativa de execução não foi confirmada pela polícia, mas informações apontam que a causa foi um desacordo na venda de uma fazenda em território paraguaio. Dirceu Bettoni teria vendido a propriedade ao suspeito, que não pagou o valor combinado no negócio.
Para tentar reaver as terras, o prefeito de Paranhos entrou com uma ação na justiça paraguaia. A ligação entre “Treme Terra” e o crime, teria sido confirmado por Jomar Lemes, que acabou assassinado a tiros na tarde de domingo (17), logo após prestar depoimento e deixar a Delegacia de Polícia Civil da cidade.
No meio do ano passado, o suspeito foi apontado pela polícia Paraguaia como o proprietário de uma fazenda de plantação de maconha, na cidade de Itanará. No local foram encontrados 15 hectares da planta, já pronta para colheita. O caso é investigado em segredo de justiça.
20/06/2018 Alvo de atentado, prefeito de Paranhos retorna ao cargo em 30 dias, diz vice
19/06/2018 Após matar homem perto de delegacia, pistoleiros foram perseguidos até o Paraguai
18/06/2018 Mandante de atentado contra prefeito de MS é brasileiro e mora no Paraguai
18/06/2018 Governador diz que mandante de atentado foi identificado e vai pedir apoio da polícia paraguaia
18/06/2018 Homem executado após sair de delegacia tinha envolvimento com atentado
18/06/2018 Testemunha de atentado a prefeito é executada a tiros ao sair de delegacia
17/06/2018 Suspeito de atentado a prefeito é preso pelo Garras fugindo para Campo Grande
15/06/2018 Prefeito de Paranhos sofre atentado a tiros ao chegar em casa
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.