Da Redação em 23 de Maio de 2018
“Os bugrinhos da Conceição têm grande importância para nosso patrimônio material e imaterial. Mariano deu continuidade ao trabalho que sua vó começou. É um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente”, explica Douglas Alves da Silva, historiador do Arquivo Público Estadual, aos alunos do EJA noturno da Escola Municipal Pedro Paulo de Medeiros que participaram da oficina “Modo de Fazer Bugrinhos”, na noite de terça-feira, 22 de maio.
Fotos: Aurélio Vinícius - FASP
Oficinas estão acontecendo dentro da programação do 14º FASP
A oficina faz parte da programação do 14º Festival América do Sul Pantanal e consiste em que os estudantes construam pequenos bugrinhos esculpindo sabão com espátula e pintando com tinta a óleo. O objetivo é que os participantes conheçam um pouco da obra de Conceição dos Bugres, continuada por seu neto, Mariano, presente na oficina, e também que tenham noção do que é patrimônio público. “As pessoas devem pensar no artesanato não só como um produto comercial, mas como um bem a ser preservado e que faz parte da identidade cultural do Estado”, completa Douglas.
Enquanto os alunos esculpiam seus bugrinhos, Mariano Neto fazia o acabamento com cera em uma das suas obras, e depois finalizava o cabelo, olhos e nariz do bugrinho com tinta a óleo preta. Esta sua escultura em madeira foi doada à escola ao final da oficina.
Mariano Antunes Cabral Silva, o neto de Conceição e quem continuou seu trabalho, explicou que os bugres surgiram devido a um sonho de Conceição. Ela sonhou com os bugres e depois começou a esculpir com rama de mandioca, que foi substituída por madeira para evitar apodrecimento. Ele ajuda sua avó com as esculturas desde os 12 anos. “Artesanato para mim é uma bênção. Fico emocionado com os bugres da minha avó, parece que ela está aqui olhando eu fazer. Só faço quando estou inspirado. Se Deus quiser vou fazer pro resto da vida”.
É a primeira vez que o artesão vem para o Fasp. “É uma bênção, estou todo faceiro. Eu durmo querendo que amanheça para ir para as oficinas. As pessoas me receberam bem aqui, tem muita gente que conhecia minha vó mas não me conhecia. Eu quero ir mais para outros lugares para passar este conhecimento”.
Mariano, neto da Conceição, perpetua trabalho da avó e ensina a técnica para se fazer os emblemáticos bugrinhos
O diretor adjunto da escola, Jorge Sambrana, disse que a oficina vem ao encontro da proposta da escola, que é dinamizar as aulas, “usando os mais variados recursos para o aprendizado”. “A oficina vem com uma proposta de algo prático. O aluno, além de ter o contato visual, também produz”.
A estudante Mônica Bejarano de 38 anos, foi uma das primeiras a terminar o seu bugrinho. Ela já tinha visto os bugres mas não sabia quem fazia e como fazia. “É muito interessante. Não foi difícil fazer, eu gostei. Vou colocar na minha sala. É meu primeiro trabalho manual”.
As colegas Ruth Oliveira, 56 anos, e Zaida Pereira, 75, até deram nome para as suas obras: Bugrinho Pantaneiro (o da Ruth) e Bugrinho Sertanejo (o da Zaida). “A gente vê essas esculturas a TV, nunca tinha visto ao vivo. É bom fazer, trabalha a mente”. Ruth disse que quando chegar e casa vai pintar o seu bugrinho todo de vermelho. Zaida vai deixar o seu de enfeite, e quando alguém vir, vai falar que fez como trabalho da escola.
Ao final da oficina, todos posaram felizes para uma foto com suas obras em sabonete e com o bugrinho de madeira do Mariano, doado para a escola, que o diretor prometeu deixar na sala da secretaria para que todos os alunos possam conhecer. As informações são da Assessoria de Comunicação da Fundação de Cultura e Cidadania de MS.
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