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Equoterapia permite avanços na qualidade de vida de praticantes

Ricardo Albertoni em 29 de Julho de 2015

Anderson Gallo

Projeto existe há oito anos e já atendeu mais de 200 pacientes

Princesa, Rosírio, Cigana, Delícia, Olívia e Amoroso. Mais do que cavalos pantaneiros, eles são instrumentos no tratamento que busca o desenvolvimento psicossocial de pessoas com deficiência ou necessidades especiais: a Equoterapia. Ela consiste em um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação.

“Equoterapia é o trabalho desenvolvido com cavalo, com as crianças portadoras de deficiência, para que elas desenvolvam equilíbrio e forças para melhorar o desempenho no dia a dia. Temos pacientes sem controle nenhum de tronco e que a partir do tratamento, passaram a adquirir melhora nesse controle. Isso ocorre devido aos movimentos que o cavalo faz durante o percurso no picadeiro”, esclareceu  a fisioterapeuta Ester Nascimento dos Santos.

Praticantes de todas as partes da região e até mesmo do país vizinho são atendidos. A boliviana Fátima Mendonça traz há dois anos o filho Jesus Antônio, de 6 anos, que nasceu com paralisia cerebral. Na opinião dela, a melhora é significativa, tanto na parte motora, quanto psicológica. “Ele era mais quieto, molinho, não conseguia nem sentar. Hoje ele já está bem melhor, entende, interage através de sinais inclusive", disse Fátima ao Diário Corumbaense.

Anderson Gallo

O cavalo é utilizado dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação

A psicóloga Renata Camargo de Souza Veron Esnarriaga, explica que os praticantes chegam após um encaminhamento médico, a partir daí passam por avaliação de uma equipe multidisciplinar, e só então é avaliada a necessidade ou não do tratamento. “Trabalhamos muito a questão da autoconfiança, autocontrole, concentração, tensão estimulação do cognitivo e também a questão da linguagem. Procuramos trabalhar uma séria de aspectos tanto psicológicos quanto motor, cognitivo”, afirmou.

A psicóloga ressaltou que o trabalho com os animais é válido não somente na questão motora, mas também no estabelecimento de vínculo, pois, principalmente nos casos de autismo, existe dificuldade de socialização. “Além disso, é realizado um trabalho com os pais, através de palestras que ensinam desde o uso da medicação correta até a inserção de regras, pois as crianças com deficiência são iguais a qualquer outra criança, têm que seguir rotina e regra, e é isso que a gente tenta sempre estar levando para essas famílias. A importância do desenvolvimento delas só acontece com o auxílio e com o compromisso da família”, reforçou.

Criação

Em Corumbá, o trabalho surgiu há oito anos, no 6º  Batalhão de Polícia Militar e já atendeu mais de 200 crianças portadoras de deficiência. A Associação do Centro de Equoterapia Odilza Miranda de Barros, hoje localizada na rua Gonçalves Dias, no bairro Aeroporto, atende cerca de 50 praticantes e conta com dez profissionais prestadores de serviços que são pagos com recursos destinados aos projetos que a Associação apresenta. O prédio, cedido, foi totalmente reformado e conta com banheiros adaptados e locais para os animais que foram instalados com os recursos destinados.

“Nós temos um convênio com o Estado, que paga luz, água, ração. Além disso, contamos com a ajuda de doadores, como por exemplo, o Posto Janjão, Equipe Engenharia, Pantagro, La Barca, entre outros e temos o projeto inscrito no Fundo Municipal de Investimento Social (FMIS). Também conseguimos construir e adquirir grande parte de nosso material com os recursos destinados pela Vale (mineradora)”, explicou Evanancy Alcântara, diretor responsável.

Tratamento mudou vida de Gabriele

Tida como um exemplo e símbolo do projeto, Gabriele, de 10 anos, nasceu com atraso neuro-motor, quando uma parte do cérebro não se desenvolve por completo. A deficiência não foi diagnosticada durante a gravidez e pegou de surpresa a mãe, Angela Souza de Carvalho, que tinha 21 anos quando ela nasceu. Angela recebeu o diagnóstico da neuropediatra que a filha não iria andar nem falar, quando ela tinha 2 anos. A partir daí, o avô, então sargento da Polícia Militar, passou a buscar mais informações sobre o assunto e encontrou em Campo Grande o tratamento que poderia ajudar, além da neta, outras crianças portadoras de deficiência.

Arquivo Familiar

Hoje com 10 anos, Gabriele é tida como símbolo do projeto; acabou mudando a vida de muitas outras crianças que passaram a ter no tratamento sobre o cavalo, a oportunidade de evoluir

“A Gabi foi a primeira praticante. Tínhamos esse diagnóstico inicial de que ela não iria andar. Quando começou o tratamento, ela deu os primeiros passos e entrou no consultório onde foi dito que ela não teria evolução, andando”, disse a mãe da menina.

Hoje, além de andar, ela corre. A criança, que na opinião médica, era tida como sem esperança de evolução, além de ter mudado a própria vida e da família, acabou mudando a vida de muitas outras crianças que passaram a ter no tratamento sobre o cavalo, a oportunidade de evoluir do ponto de vista médico, além de fortalecer os vínculos familiares.  “A Gabi veio para que a gente olhasse para o próximo, e graças a Deus a Equoterapia está ajudando muita gente. Muitas pessoas quando chegam, vêm sem perspectiva, pois os médicos sempre são muito realistas, mas a Gabi está lá pra justamente servir de prova que não podemos nunca perder a esperança”, afirmou Angela a este Diário.

Questionado sobre de que forma as pessoas podem ajudar o trabalho, o diretor responsável, Evanancy Alcântara, explica que antes é preciso que as pessoas conheçam o projeto. “Muitas gente em Corumbá não conhece a equoterapia. Geralmente só quem realmente precisa busca saber mais sobre o projeto, por isso temos realizado ações para que as pessoas de uma maneira geral conheçam o tratamento. Temos condições de atender até 120 crianças. Pedimos às pessoas que queiram ajudar de alguma forma, que venham conhecer o trabalho desenvolvido aqui, para saber exatamente o que está ajudando", pediu o responsável pelo Centro de Tratamento Equoterápico.

A Associação do Centro de Equoterapia Odilza Miranda de Barros fica na rua Gonçalves Dias, 2100 – bairro Aeroporto, Corumbá – MS. O telefone de contato é o (67) 3907-5465.

Comentários:

Arnaldo guedes: Excelente matéria ,que chama nossa sociedade à exercer responsabilidade social. Parabens toda equipe da equoterapia pelos serviços prestados à nossa populaçã . Parabéns toda equipe do Diário Corumbaense pela sensibilidade em expor esse trabalho para toda nossa Corumbá.

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