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Fé e tradição levaram milhares de pessoas ao Banho de São João em Corumbá

Caline Galvão em 24 de Junho de 2015

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Tradição há mais de cem anos, na noite do dia 23, fiéis descem ao rio Paraguai para banhar o santo

Na noite do dia 23, corumbaenses e turistas participaram do famoso Banho de São João, o mais tradicional festejo junino do Centro-Oeste brasileiro. Descendo a ladeira Cunha e Cruz, 92 famílias levaram os andores com o santo até a prainha do Porto Geral onde, nas águas do rio Paraguai, banharam o São João, tradição que ultrapassa gerações. Turistas, devotos e curiosos contemplavam os andores que, adornados com muita criatividade, desfilavam pela ladeira, se cumprimentavam e instigavam a crença de muita gente. 

Dona Bernardina José deixou o marido internado no hospital só para passar por baixo do andor do São João. “Cheguei de Campo Grande na segunda-feira para vir aqui no São João. Eu moro aqui, mas estava com meu marido operado. O médico nem deu alta, mas eu falei que precisava vir. São João está olhando a gente”, afirmou. Ela contou que todos os anos passa por baixo do andor e tem motivos especiais para isso. “Conservar o casamento dos filhos e da gente também, e pedir saúde”, explicou. “Eu tenho fé em São João desde o tempo de criança. Eu ia na beira do rio banhar São João”, assegurou.

Em Corumbá, há uma crença que diz que se o fiel passar sete vezes por baixo do andor, São João promete casamento. Mas não é só por isso que os corumbaenses fazem o ato. Maria Miranda, não acredita na crença, mas sempre passa por baixo do andor. “Eu gosto de passar no andor, mas eu não quero casar não”, falou sorrindo ao Diário Corumbaense.

Participantes da festividade passam por baixo do andor para pedir graças e arranjar casamento

Dona Neyla Lopes Velasques, no auge dos seus 80 anos, passou também debaixo do andor.  “Há 75 anos que eu gosto de ouvir essa musiquinha. Eu tenho fé em São João”, afirmou. “Saúde, força e coragem, que nunca nos falte”, pediu ao santo.

É tradição na festa os andores descerem a ladeira, as famílias banharem o santo e depois retornarem com ele subindo pelo mesmo caminho. Durante o percurso, quando os andores que estão descendo se encontram com os que estão subindo, eles se cumprimentam. “Eu acho que é sinal de respeito”, afirmou dona Marilza, que carregava um andor. “Eles têm que se cumprimentar um ao outro, é uma questão de respeito, de tradição”, acredita Dilva Rodrigues.

Desde 2005, a família de Marilda Fonseca Herrera desce com o São João para a prainha do Porto Geral. “Era da minha irmã que faleceu e eu estou fazendo no lugar dela. Eu tenho fé no São João, com certeza, ganhamos muitas graças com ele. A minha família está feliz em realizar esse sonho para ela”, afirmou Marilda, que depois seguiu para o Arraial do Robertinho.

O que importa é a fé

Maria José Vilalva prova que tamanho de santo não importa quando a fé é grande. Responsável por um dos andores mais famosos pelo tamanho de 5 centímetros, Maria José explicou porque desce todos os anos com o São João. “É uma alegria, é um louvor, uma devoção, é amor, é caridade, tudo”, frisou.

“Há vários anos eu desço aqui com o São João. Eu tenho muita fé, por isso é que eu estou participando”, afirmou Roberto Cruzeta, que tinha acabado de banhar o santo. Maria Helena Ortiz, responsável por um dos andores, logo depois de dar banho no santo, afirmou que desce todos os anos por “fé, tradição, por hereditariedade, meus avós, meus tios, agora minha mãe que é responsável e eu”.

O menor andor do São João tem santo que mede 5 centímetros

Mas não é só corumbaense que gosta do Banho de São João. Turistas de Cuiabá estavam com a família prestigiando o evento. “Eu vim resolver questões particulares porque temos propriedade aqui, porém, aproveitando o dia da festa de São João estamos aqui admirando essa bela festividade. Parabéns à cidade, parabéns ao povo de Corumbá”, felicitou o cuiabano Heraldo Figueiredo.

A corumbaense Eloísa Barros Figueiredo mora em Cuiabá há quarenta anos. “Vim para visitar meus parentes e prestigiar o São João de Corumbá. Acho a festa aqui magnífica. É uma tradição de Corumbá. Mesmo no meu tempo de menina que aqui a gente vinha no dia 23 trazer o São João na água. Isso é muito importante para mim, relembrar os meus velhos tempos e que ainda hoje se mantém essa tradição”, comentou.

Posando para fotos agarrada com o santo, Angelina Baruki afirma que “é o São João da minha avó, então a gente trouxe para dar banho nele. É tradição familiar, todos os anos fazemos isso”. Adriana do Carmo também desceu ao rio com o santo por tradição. “Acho que desde os meus 18 anos eu desço com o São João, é por tradição e a fé que nós temos. Eu acredito muito no São João, por isso que nós fazemos a festinha todo ano. Para mim ele já fez milagre, estou bem, melhorei até minha vida”, afirmou Adriana.

Depois do banho no santo, os andores seguiram para as casas dos festeiros, onde “arraiás” e celebração regada à comida e bebida encerraram as comemorações do São João de Corumbá, já na madrugada desta quarta-feira, 24 de junho, dia dedicado ao santo.

 

Galeria: Banho de São João - 2015

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