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Leia artigo Democracia da Imposição, de Cléber de Oliveira Júnior

Fonte: Cléber de Oliveira Júnior* em 30 de Novembro de 2010

O governo estadual atualmente é uma peça onde o autoritarismo norteia os passos, os rumos e as ações do governador André Puccinelli, que por se encontrar como governante reeleito acredita que seu poder pode ser entendido como mando e desmando, na essência democrática da imposição.

Lamentavelmente, parece faltar ao ilustre mandatário estadual, a sensibilidade que norteia um estadista, a compreensão que lastreia as atitudes de um democrata, a visão que clareia os ideais cidadãos, a aquiescência que valoriza a história, essa construída para preservar a memória dos grandes administradores.

Observando os passos e as controvérsias desenvolvidas pela administração estadual, o povo corumbaense assiste estarrecido a um festival de atitudes insensatas, trazidas à baila em uma guerra que só aos vingativos traz alento, porque aos bons, justos e de bons costumes, não convence, além de dilapidar a característica maior que pode ter um ser humano.

Na contramão das tolices, com a certeza de seguir o caminho democrático, ilustrando uma gestão voltada a superar todos os desafios, a administração do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira atua com sabedoria e absorve todas as subtrações interpostas em sua gestão pela falta de coerência do governo estadual.

Reconhecidamente, o governador é um grande administrador, firme, decidido, forte, extremamente autoritário e leal aos seus princípios, independente de serem eles os mais condizentes com a liturgia de um cargo da envergadura de um governador de estado. Já o provou enquanto prefeito da capital, que sabe costurar alianças, ao seu modo, que sabe gerenciar, ao seu jeito, tanto que com sua história política lastreou sua plataforma vencedora para chegar ao governo de Mato Grosso do Sul.

No entanto ao desprezar todo um povo, ao menosprezar a história de uma cidade, ao desfavorecer a hospitalidade em favor da intolerância, ao desprestigiar o desenvolvimento pela vontade de subjugar, ao entregar seu apoio, mesmo mínimo em mãos alheias aos interesses maiores, comete a imprudência de dizer ao povo que não se importa com a geração de empregos, muito menos com a melhoria da qualidade de vida da população corumbaense.

A política, é bom lembrar, é a arte de fazer valer direitos constitucionais, é a possibilidade de agregar valores cidadãos para a construção de um mundo melhor, e longe de querer ensinar o caminho ideal, até porque a sapiência de um homem não está no que constrói pelo rancor, mas o que faz enaltecer pelo amor, pelo respeito e pela tolerância com seus semelhantes.

O que espera a sociedade, é que uma vez de posse de um cargo, um homem público governe sem mágoas e sem ódio, enfrentando as adversidades com sabedoria, inteligência e reciprocidade às boas luzes. O tempo eleitoral já ficou para trás e deveria ter levado com ele, as rusgas e os dissabores da disputa.

Ao deixar de repassar à Prefeitura Municipal de Corumbá, cerca de R$ 60 milhões relativos ao ICMS do gás, proveniente da arrecadação do Gasoduto Bolívia Brasil, descumpriu com um contrato que tirou da cidade boa parte de suas prerrogativas de desenvolvimento. E para continuar a destratar a gente corumbaense, castiga a administração municipal com a redução em 5,52% do índice provisório de repasse da cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 2011.

As informações do secretário de Administração e Finanças da Prefeitura Municipal de Corumbá, Daniel Martins Costa, é que o município sofrerá um baque da ordem de 7,5% que causará enorme prejuízo financeiro a Municipalidade. O juízo que se faz é de que o governo estadual serve aos que dizem "amém", deixando de lado a democracia, reconquistada a duras penas, isso porque além de Corumbá, estão sendo penalizadas outras cidades, cujos prefeitos ou são de oposição ou mesmo aglutinados em seu partido, o PMDB, atuam de forma contrária aos ditames do cabresto.
A quem tudo pode, são vastos os exemplos, tudo acontece, e o tempo é o contrário da destemperança.

Mato Grosso do Sul ainda está sob investigação das denúncias que arrasaram Dourados e que provocaram dissabores irreversíveis na Assembléia Legislativa, cujas apurações estão sendo aguardadas pela sociedade e estão a cargo do CNJ, cujos representantes estão em Campo Grande, além da Corregedoria da Assembleia Legislativa, da Procuradoria Geral da República, do acompanhamento pela OAB, Maçonaria, Assomasul entre outras instituições democráticas, que exigem respostas, até porque as acusações feriram conceituados cidadãos do Ministério Público, deputados estaduais e diretamente o governador do estado.

Ao direito de resposta cabe a consciência, a justiça como parâmetro de dignidade e de cidadania. É uma veia salutar que traz esperança de liberdade, respeito e grandeza de propósitos. Alguns serão lembrados pelas suas obras, outros pelas suas derrotas, mas todos serão lembrados pelas suas faltas.

*Cléber de Oliveira Júnior é articulista.