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Depois da Marcha dos Esquecidos, assentados definem ações com Ruiter

Marcelo Fernandes em 16 de Setembro de 2010

Marcelo Fernandes

Prefeito e secretários se reuniram com líderes de assentados por duas horas e meia

Ricardo Albertoni

Pela manhã, parceleiros fizeram a Marcha dos Esquecidos

Produtores rurais dos assentamentos Taquaral; Tamarineiro 1 e 2; Paiolzinho; São Gabriel; Urucum; Mato Grande e Setenta e Dois, de Corumbá e Ladário, promoveram a primeira Marcha dos Esquecidos, na manhã desta quinta-feira, 16 de setembro. O protesto pacífico cobrou atenção das três esferas governamentais com os parceleiros dos dois municípios.

Faixas e cartazes denunciavam os principais problemas enfrentados no cotidiano dos assentados. O grito de ordem dos manifestantes – até certo ponto bem humorado – resumia as principais reivindicações: “água; estrada e saúde pra valer. O povo sai nas ruas e os governos vão tremer”, diziam em uníssono os participantes da mobilização que percorreu as ruas centrais de Corumbá.

Um panfleto distribuído pelos integrantes da Marcha dos Esquecidos elencava as ações reivindicadas: abastecimento de água do rio Paraguai para irrigação e consumo animal; abastecimento de água potável para consumo humano; pavimentação e aplicação de cascalho nas estradas de acesso aos assentamentos; construção de tubulação e pontes para córregos secos; retorno da patrola da zona rural; construção de uma escola técnica federal para alunos assentados; renegociação das dívidas de financiamento; retomada das agrovilas cedidas a uma empresa privada; atendimento médico eficiente nos postos de saúde; ambulâncias e extensão dos programas de Saúde da Família em todos os assentamentos de Corumbá e Ladário e descriminalização do trabalho nos assentamentos rurais em relação ao meio ambiente.

Os pequenos produtores, iniciaram a mobilização na frente do lixão do bairro Nova Corumbá e entregaram a pauta de reivindicações ao Ministério Público Federal (MPF) e Prefeitura de Corumbá.

Ações emergenciais

Na reunião com o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, no auditório da Prefeitura, uma comissão da Marcha dos Esquecidos definiu uma pauta de ações emergenciais que o Executivo Municipal vai desenvolver nos assentamentos. As prioridades serão definidas pelos próprios assentados e encaminhadas à Prefeitura o mais breve possível.

No que tange às estradas ficou acertada a realização de um serviço tapa-buracos e a ação de uma motoniveladora para atender a demanda das localidades. Para a saúde pública serão estudadas condições para ampliação do número de médicos por assentamentos e rediscutir o tempo de atendimento e o número de consultas por profissional, situações que atendem normas do Conselho Regional de Medicina (CRM). Carros pipas vão atender os assentamentos no que diz respeito ao fornecimento de água potável para os parceleiros.

A água

A falta de água trouxe à tona um problema que aflige os assentados há quatro anos: o fato de a Sanesul não se responsabilizar pelo abastecimento na zona rural. Uma forma para fazer a empresa retomar o serviço vai ser discutida entre Prefeitura e MPF. “Além de atender essa questão premente, por meio de uma situação emergencial com caminhão-pipa, vamos ver a possibilidade de a Sanesul, que tem a licença de concessão do município, voltar a prestar esse serviço. Vou discutir com a Procuradoria Jurídica do Município e reunir com o Ministério Público Federal para ver se eu posso, de alguma forma, fazer com que a Sanesul volte a prestar esse atendimento para a população dos assentamentos, disse o prefeito Ruiter Cunha. No Município, a Sanesul, empresa do Governo do Estado, tem a concessão dos serviços de água.

Ruiter se comprometeu a empregar 10% do que espera receber da cobrança judicial que faz do Governo do Estado com relação aos repasses da cota-parte do ICMS em projetos que viabilizem água aos assentamentos. “O que conseguirmos ganhar desse dinheiro que é nosso, legítimo do município, me comprometo a destinar 10% desse recurso para a água dos assentamentos. Evidente que com R$ 6 milhões ou R$ 8 milhões não se consegue resolver todo o problema, mas eu tenho absoluta certeza que se isso se sobrepor a um projeto maior e for contrapartida do município, de repente com R$ 20 milhões ou R$ 25 milhões já resolve”, concluiu o prefeito depois de quase duas horas e meia de reunião.

“Foi positivo, tivemos esse diálogo com o prefeito. Ele atendeu nossas reivindicações, se prontificou a buscar solução para o problema da água e ações rápidas, vamos encaminhar essas prioridades o mais breve possível, as associações vão apontar as prioridades e repassar até segunda-feira. Valeu a luta e reivindicar os direitos”, disse Jairton Saraiva Moreira, morador e trabalhador no assentamento Taquaral, após o encontro com o prefeito de Corumbá.