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Famílias enfrentam o vazio que a covid-19 deixou; já são 423 mortes em Corumbá

Leonardo Cabral em 22 de Junho de 2021

Desde o início da pandemia, Corumbá já registrou 423 óbitos em consequência da covid-19 e a doença segue tirando vidas e devastando as famílias de quem perdeu a batalha para o vírus.

Entre elas, está Cristiane de Arruda Dantas, de 39 anos. Internada por 48 dias, ela não resistiu às complicações provocadas pelo coronavírus e morreu em janeiro deste ano.

Ainda bastante emocionada e abalada com tudo que enfrentou e vem enfrentando,  a irmã de Cristiane, Letícia Arruda Dantas, de 32 anos, que também foi infectada pelo coronavírus, contou ao Diário Corumbaense, que jamais imaginou passar por essa situação e descreveu a doença como “devastadora”.

Arquivo Pessoal

Cris, como era chamada, perdeu a batalha para vírus em janeiro

“Diria mais, essa doença é cruel. Pessoas que não imaginavam que ficariam numa situação tão terrível por causa do vírus, estão morrendo. Eu me considerava uma pessoa saudável, forte e infelizmente não fui, senti a doença na pele. Não fui intubada, mas logo depois de testar positivo, a minha irmã também foi diagnosticada, e foi com ela que enfrentamos a maior batalha, pois ela tinha comorbidades, apesar de nova. Após longo período internada, por 48 dias, ela se foi. Meu mundo caiu, ela deixou dois filhos e esposo, além do vazio enorme que jamais será preenchido. Busco nas boas lembranças com ela seguir caminhando”, falou Letícia.

Ela ainda destacou a falta de compaixão por parte de alguns que ainda insistem em não acreditar na tamanha dor que a doença pode causar. “Já passamos da marca dos 420 óbitos e ainda há pessoas que não dão importância para a vírus, para a dor dos outros, de pessoas que estão lá dentro internadas, orando. Vejo muitos ainda resistindo e não usando máscara, álcool em gel. Essa doença vai além, destrói o psicológico da gente. Até hoje, convivo com o medo, tenho crise de ansiedade, pânico, medo de entrar no mercado, sair na rua. Que tenhamos consciência, é doloroso, sofrido", desabafou Letícia, que está à espera do terceiro filho.

Arquivo Pessoal

Jandonir Estigarribia, de 71 anos, foi um dos primeiros mortos pela doença em Corumbá

Já Clarice Estigarribia, disse que o vírus impediu a família dela de dar o último adeus ao pai, Jandonir Estigarribia, de 71 anos, que morreu em junho do ano passado, um dos primeiros a perder a batalha para o coronavírus em Corumbá.

“Foi em 16 de junho de 2020, o meu pai Jandonir faleceu. Sempre foi uma pessoa ativa, trabalhadora e já nos primeiros dias infectado ficou sem forças e quando ele faleceu, não tivemos a chance de nos despedir, nem encostar no caixão ou fazer um funeral para honrar a pessoa maravilhosa que ele foi. A covid nos tirou o adeus. Uma das piores dores é não poder se despedir de uma pessoa que amamos”, contou Clarice a este Diário.

Um ano após a perda, a filha sofre com a ausência do pai, mas as boas lembranças a confortam. “Todos que perdem as pessoas para a covid sentem isso, que não existe um ponto final, essa doença vem e leva as pessoas que amamos sem avisar e não nos permite o último adeus. Para nós é um ano de saudades, há um ano tentamos aceitar a partida. Que ele e todos que se foram, encontrem paz e que nós que ficamos, aprendamos a conviver com essa triste realidade que a covid nos deixou”, expressou Clarice.

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