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De Brasília a Corumbá, triatleta pedala 1.500 km para homenagear o pai e o avô em Forte de Coimbra

Leonardo Cabral em 30 de Julho de 2020

Reprodução/Rede Social

Frederico junto com amigos pedalando em direção ao Pantanal de Corumbá

“Uma verdadeira aventura, repleta de muita emoção e com a sensação de dever cumprido”. É assim, que o triatleta, Frederico Gall, define o percurso de 1.500 quilômetros, que está enfrentando entre Brasília e Corumbá, na “Expedição Em Nome do Pai”.

Pode parecer loucura, mas ele, junto com os amigos, Weimar Pettengil e Fabiano Bielefeld Narddtto, enfrentam o desafio sobre bicicletas e também de caiaque.   

A pedalada até o Pantanal, apesar de parecer uma aventura, vai bem mais além. Frederico está homenageando o pai, Eduardo Santa Rita de Athayde Gall e o avô Camillo Comoretto Gall, que foi comandante do Forte de Coimbra. Ambos já faleceram.

O triatleta contou ao Diário Corumbaense, que o pai e o avô, eram dois apaixonados por Corumbá e pelo Pantanal, e que, por conta disso, cresceu ouvindo as aventuras vivenciadas pelos dois, mas após a partida deles, resolveu fazer a homenagem.

“Corumbá, o Pantanal e o Forte de Coimbra têm grande relevância na história da minha família e, eu, estou cumprindo um sonho meu e do meu pai, já que em vida, infelizmente não conseguimos visitar Forte de Coimbra, junto com meu avô. Deles carrego na memória as histórias e aventuras que tomam contam da minha imaginação e que eles vivenciaram”, contou Frederico.

A viagem

Tudo começou quando Frederico, que além de triatleta é um dos mais experientes corredores de aventura do Brasil, visitou Corumbá em 2015, durante uma competição de corrida, um ano após a morte do pai. Mesmo estando em solo pantaneiro, não deu para visitar o Forte, devido a “correria” da competição que exigia muita concentração.

Porém, sentindo toda a emoção por estar em terras que acolheram seu pai e avô, Frederico começou a pensar em uma nova viagem à região pantaneira, mas para render homenagem aos dois.

Arquivo Pessoal

Uma pausa para o lanche

“Foi aí que cogitei fazer essa aventura, fui planejando e acabei deixando. Neste ano, antes da pandemia, decidi concretizar o sonho. No meio de tudo isso acabei conhecendo Weimar Pettengil, que hoje é meu companheiro de pedaladas, junto com o Fabiano. Contei sobre a ideia e simplesmente ele também se interessou pelo desafio, pois é nascido em Mato Grosso do Sul”, falou.

Após a conversa, Frederico até pensou em planejar a viagem de maneira mais calma, porém, foi surpreendido pelo companheiro. “Uma semana depois que conversamos, o Weimar me ligou e perguntou se eu estaria pronto para embarcar e por incrível que pareça eu disse que não. Mas a emoção tomou conta e com a coragem, saímos de Brasília com destino ao Forte de Coimbra”, relembrou.

O trajeto

Planejada, a viagem teve início na última sexta-feira, 24 de julho, saindo de Brasília, passando por cidades de Goiás e pelo menos 35 municípios em Mato Grosso do Sul. Sobre o trajeto, Frederico disse que teve muitas surpresas.

Arquivo Pessoal

Frederico saiu de Brasília e passou por cidades de Goiás antes de chegar a Mato Grosso do Sul

“Pela qualidade da estrada, que em alguns pontos, estava bem ruim trafegar e também o que mais me chamou a atenção foi o respeito dos caminhoneiros. Em alguns pontos, eles davam prioridade pra gente. Isso me deixou muito surpreso”, mencionou o triatleta que havia acabado de chegar em Ribas do Rio Pardo quando falou com o Diário Corumbaense.

E para encarar o desafio, os atletas estão a bordo de bicicletas Gravel (uso misto, terra e asfalto). Além disso, uma equipe composta por Ana Cristina Rodrigues Leite e Elcio Gustavo Rodrigues Mendes também dá apoio aos aventureiros. Eles seguem em um veículo todo aparelhado e que também carrega os outros equipamentos e os caiaques.   

A homenagem

A expedição dos aventureiros recebeu o nome “Em nome do Pai”, por conta da homenagem que Frederico irá fazer ao pai e ao avô. O companheiro de viagem, Weimar Pettengil, também, fará homenagem à família em Campo Grande, onde nasceu e cresceu.

A previsão de chegada até a ponte do rio Paraguai, na região de Porto Morrinho, distante cerca de 70 quilômetros da área urbana de Corumbá, é nesta quinta-feira (30), caso não haja nenhum imprevisto.

“Vai ser um momento de muita emoção. Será como um filme de toda a vida que passará pela minha cabeça, com as histórias do meu avô e do meu pai. A paisagem deslumbrante do Pantanal, ficará pra sempre em minha memória”, espera Frederico.

Da ponte do rio Paraguai, os atletas irão encarar mais 100 km em uma canoa dupla e caiaque até Forte Coimbra, onde a homenagem ao pai e ao avô será concretizada.

Arquivo Pessoal

O triatleta tem previsão para chegar em Corumbá, na ponte do Morrinho, nesta quinta-feira

No local, Frederico, irá jogar as cinzas do pai nas águas do rio Paraguai. “Ele faleceu em 2014, foi cremado e desde então, guardo as cinzas dele. Quando chegar em Forte Coimbra, depositarei as cinzas no rio Paraguai, onde ele vivenciou inúmeras aventuras, quando morou ali. É uma emoção tremenda que estarei vivendo, mas com a certeza dele estar alegre por esse gesto”, disse Frederico.

O avô de Frederico, Camillo Comoretto Gall, foi capitão do Exército e comandou o Forte de Coimbra de junho de 1951 a julho de 1952. O local é conhecido como marco fronteiriço entre Brasil, Bolívia e Paraguai.

O Forte

Em 2016, o Iphan apresentou à Unesco a candidatura do Conjunto de Fortificações do Brasil a título de Patrimônio Mundial. São 19 edificações, fortes e fortificações construídas entre os séculos XVI e XIX. Localizadas em todas as regiões do país, testemunharam o histórico esforço para a ocupação, defesa e integração do território nacional. Dentre eles, está o Forte de Coimbra.

O Forte de Coimbra foi o primeiro a ser erguido a partir de uma ordem da Coroa Portuguesa para a construção de fortificações militares em alguns pontos do rio Paraguai, a partir de 1775. Durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), teve papel importante nas batalhas travadas, sendo fundamental para a consolidação da fronteira oeste do Brasil.

O Forte pertence ao Exército Brasileiro e é mantido pela 3ª Companhia de Fronteira, unidade militar da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira/Comando Militar do Oeste. Trata-se de um representante da arquitetura militar portuguesa do século XVIII nos sertões ocidentais brasileiros. Além disso, é um testemunho da ocupação do território nacional no período de guerras e indefinições.

Sucessivamente atacado por guaicurus no final do século XVIII, por espanhóis em 1801 e por paraguaios em 1864, o Forte de Coimbra passou por diversas recomposições e adaptações, até uma última reforma pelo Exército em 1908. Hoje, em terras oficialmente brasileiras e mantido pelos militares, suas muralhas são um testemunho daquele período da história. O Forte tem como atrações a visita à parte alta da construção, de onde se observa o rio Paraguai ao lado de antigos canhões, além do passeio à vila de moradores e à gruta Buraco do Suturno.

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

O Forte pertence ao Exército Brasileiro e é mantido pela 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira

Comentários:

Luiz Felipe Santa Rita d ATHAYDE Gall: Sou irmão do Homenageado, Morei em Forte de Coimbra, Com 5 anos, voltei lá com 13 Com meu pai, fomos visitar um tio, na época tenente Paulo Santa Rita Carvalho de Athayde, minha tia era professora e foi diretora da escola, sou irmão do homenageado e amigo da família Pettengill, também sempre tive vontade de retornar ao forte e levar meu Filho e netos, tenho algumas fotos da época, o rio cheio Chegava na cerca da rua e Baixo passava depois do corinho, da pesca de Jaú e Da lancha Comandante Balduino, pescamos muita Piranha e sardinha, tomávamos banho perto Da bomba d’água.

MARILENA GOMES: Linda homenagem. Nela contida várias atitudes: amor, respeito e carinho, pelo avó e principalmente pelo pai, que Frederico (Lico) foi descansar suas cinzas, pedalando incansável, com amigos, 1.500 km. Como quero também ser cremada, após minha morte, considero essa atitude de respeito às cinzas a maior demonstração de DESPEDIDA do corpo físico com RESPEITO. Emoção.

Denise R V Almeida: Linda homenagem. Parabéns aos envolvidos.????

rubens junior: Que historia linda!

Rubens EDUARDO SANTA RITA de Oliveira : Fico emocionado com essa ação, que envolve respeito, reconhecimento, saúde, esporte e VIDA, DUDA foi como eu conheci meu padrinho e pouco tempo convivi com ele, mas guardo muitas lembranças de todos, Paulinho, Pingo, Arquimedes e do saudoso Padrinho Duda. Não é por menos que minha madrinha Mariazinha (Pucumanha era assim que eu a chamava e o General Gall não gostava kkkkk) me homenageou com o nome que tenho Rubens EDUARDO SANTA RITA de Oliveira.

Vito Galantini: Boa Wéi do corvo e Loco Joe... Bela homenagem!

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