Campo Grande News em 17 de Junho de 2020
De acordo com o delegado Daniel Rocha, coordenador da “Operação Hipócrates”, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (17) em Corumbá e também em Imperatriz (MA), foram cumpridos dois mandados de prisão e outros três de busca e apreensão. Na casa de um dos criminosos, os agentes encontraram R$ 100 mil em espécie.
No Maranhão foram cumpridos mais quatro dos outros cinco mandados de prisão. Um dos acusados não foi localizado, mas a polícia sabe que está foragido na Bolívia. Com outro, foram apreendidos mais R$ 13 mil.
O delegado explicou que os criminosos não faziam transações para um grupo específico, mas para várias pessoas envolvidas em crimes como tráfico de drogas, roubo, peculato, contrabando e descaminho.
Eles receberam dinheiro de mais de mil contas bancárias diferentes, sacaram em território brasileiro e depositaram em casas de câmbio na Bolívia. O delegado acredita que o valor movimentado pelo grupo no esquema de lavagem de dinheiro seja superior aos R$ 90 milhões.
Ainda de acordo com o delegado, em Corumbá foram presos dois operadores financeiros envolvidos no esquema. Eles não tiveram as identidades divulgadas.
As investigações apontaram que os criminosos realizavam saques em vários bancos diferentes e depositavam valores inferiores a R$ 10 mil para não chamar atenção da Receita Federal ou de qualquer outro tipo de fiscalização sobre a tentativa de evasão de divisas.
“Vamos analisar os materiais apreendidos e descobrir o principal propósito do grupo”, pontuou o delegado. Segundo ele, os presos já foram interrogados e encaminhados para o presídio. “Eles deram algumas informações, mas mantêm a justificativa de que estavam enviando dinheiro para estudantes. Isto por si só já configura evasão de divisas”, completou Daniel Rocha.
O delegado comentou que também foram realizados o sequestro de bens e o bloqueio das contas dos investigados. No Maranhão foram sequestrados dois dois veículos avaliados em mais de R$ 100 mil e um outro carro com valor semelhante em Corumbá. Todas as ordens judiciais foram expedidas pela 3ª Vara Federal de Campo Grande.
Os criminosos foram indiciados e vão responder pelos crimes de evasão de divisas (Art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86), lavagem de capitais (Art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98) e organização criminosa (Art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13), cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A operação foi denominada “Hipócrates” em referência ao filósofo grego pai da medicina, já que o envio de dinheiro para estudantes brasileiros de medicina na Bolívia era utilizado como justificativa para a remessa ilegal dos valores ao país vizinho.
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