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Bloqueio na fronteira de Corumbá com a Bolívia entra no quarto dia

Leonardo Cabral em 26 de Outubro de 2019

Diário Corumbaense

Caminhão segue impedindo o tráfego de veículos na fronteira

Entrando no quarto dia de bloqueio, neste sábado, 26 de outubro, lideranças políticas da Província de German Busch, seguem com a determinação de manter a fronteira entre Corumbá e a Bolívia, fechada. Os manifestantes querem a realização do segundo turno da eleição presidencial por causa da suspeita de fraude. No entanto, o presidente Evo Morales já foi declarado vencedor da eleição para o quarto mandato.  

Ao Diário Corumbaense, o presidente do Comitê Cívico de Puerto Quijarro, Marcelito Moreira, informou que aguarda um parecer do Comitê Cívico de Santa Cruz.  “Estamos aguardando uma decisão deles e então saberemos o que irá acontecer. No entanto, vamos permanecer com a fronteira fechada seguindo as mesmas determinações. Queremos o segundo turno nas eleições. Queremos que respeitem a nossa democracia”, falou Marcelito.

Ele ainda revelou que na noite de ontem, 25 de outubro, parte da população seguiu em carreata desde a cidade de Puerto Quijarro até a ponte que separa Corumbá e as cidades fronteiriças. De acordo com ele, cerca de 200 carros e 60 motos participaram do ato.

Foto enviada ao Diário Corumbaense

Carreata foi realizada na noite de ontem (25) se encerrando com uma missa na ponte que une os dois países

“A carreata mostrou o poder do povo, que eles estão com a gente e querem que se respeite a nossa democracia”, falou Marcelito informando que também foi celebrada uma missa.

Evo reeleito 

As eleições presidenciais bolivianas ocorreram no último domingo (20), e a apuração foi acompanhada por polêmica. Em cenário polarizado entre Evo Morales e Carlos Mesa, não faltaram acusações de ambos os lados. Morales acusou Carlos Mesa de delinquente. Carlos Mesa afirma que Morales fraudou o pleito.

Com 100% das urnas apuradas, o atual presidente, Evo Morales, contabilizou 47,08% dos votos e Carlos Mesa, seu principal opositor, 36,51%. A diferença entre os candidatos é de 10,56%. Pela legislação eleitoral boliviana, para vencer no primeiro turno, é preciso conquistar mais de 40% dos votos com pelo menos 10% de diferença do segundo colocado.

A Missão de Observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da apuração e defendeu a realização de segundo turno no país, devido à pouca diferença de votos entre os candidatos. 

Diário Corumbaense

Manifestantes dizem que vão manter fronteira fechada e aguardam posição de lideranças de Santa Cruz de La Sierra

O bloqueio da fronteira entre Corumbá e o país andino teve início na quarta-feira, 23 de outubro. Além disso, pontos de bloqueios são registrados na estrada Bioceânica. 

As lideranças contrárias ao presidente Evo Morales, prometeram seguir com a greve até que haja o segundo turno nas eleições. A Bolívia está parada e já há registro de escassez de alimentos nas prateleiras de supermercados e mercados municipais.

Do lado brasileiro, o prejuízo é grande também. No Porto Seco, dezenas de caminhões com cargas diversas estão parados, sem poder atravessar a fronteira. O comércio corumbaense também sente os reflexos do bloqueio, pois os bolivianos têm sido a principal clientela, principalmente no setor de vestuário, calçados e alimentos. 

Brasil não reconhece

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou na sexta-feira à noite que não reconhecerá os resultados das eleições na Bolívia até que seja realizada uma auditoria do processo realizada pela Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) declarou oficialmente ontem a vitória de Evo Morales no primeiro turno.

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