Leonardo Cabral em 23 de Outubro de 2019
Leonardo Cabral/Diário Corumbaense
Um caminhão atravessado na faixa de fronteira impede tráfego de veículos entre Brasil e Bolívia
Um caminhão e pedaços de madeira e galhos foram colocados na ponte do lado boliviano, para impedir o tráfego de veículos. Com a bandeira da Bolívia, os manifestantes querem contagem justa dos votos e também a realização do segundo turno entre o atual presidente Evo Morales e o concorrente, Carlos Mesa.
“Vamos permanecer com essa interdição até que o Órgão Eleitoral atenda nossa exigência. Queremos um resultado justo, já que com toda certeza tivemos uma fraude nas Eleições Gerais. Todos nós bolivianos estamos com sentimento de tristeza e queremos que respeitem a constituição política do nosso país e que o presidente entenda que sua gestão é de cinco anos e não deve permanecer no poder de forma ilegal, ou seja, driblando a constituição”, explicou ao Diário Corumbaense o presidente do Comitê Cívico de Puerto Quijarro, Marcelito Moreira.
Leonardo Cabral/Diário Corumbaense Presidente do Comitê Cívico de Quijarro, Marcelito Moreira, disse que comércio também vai fechar em adesão ao movimento
Para a presidente do Comitê Cívico Feminino de Puerto Quijarro, Rosário Hurtado de Gallardo, as manifestações em todo território boliviano, assim, como na fronteira com Corumbá, acontecem em defesa da democracia.
“Exigimos que o nosso voto seja respeitado. No início da apuração dos votos, tínhamos quase 95% de chance do segundo turno, e por causa de uma pausa do Tribunal Supremo Eleitoral pelo tempo de quase 24h, ao retornar, mostrava outra situação. Isso nos dá plena clareza que sim, houve fraude, uma manipulação na contagem dos votos, que dá a vitória ao atual presidente. Defendemos a realização do segundo turno, para que assim, nossa população possa decidir. Se Evo ganhar no segundo turno, vamos aceitar a decisão. Mas o que vemos é que não há transparência do TSE na apuração dos votos. Estamos numa luta para o país, queremos uma Bolívia livre”, falou Rosário Hurtado.
Além da fronteira, a estrada Biocêanica também está com pontos de bloqueios em algumas cidades que ficam localizadas às margens da rodovia, que liga Corumbá até a cidade de Santa Cruz de La Sierra. Nas cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, os Terminais Rodoviários cancelaram a saída de ônibus de viagens.
Os resultados parciais das eleições gerais na Bolívia geraram incerteza e tensão no país após a interrupção da contagem de votos. De acordo com os resultados parciais, com 83,7% dos votos contados, Morales - à frente do Partido para o Movimento Socialismo (MAS) - liderava o pleito no momento da interrupção com 45,28% dos votos, contra 38,16% de Carlos Mesa. Este, que governou a Bolívia entre 2003 e 2005, concorre pela aliança do Centro de Ciudadana (CC).
Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Leonardo Cabral/Diário Corumbaense
Somente a circulação de pedestres é permitida na fronteira com Corumbá
Golpe de Estado
O presidente Evo Morales, que com o resultado até agora, está muito próximo da reeleição, disse que as manifestações em toda a Bolívia são encaradas como um golpe de estado.
“Queremos denunciar que um golpe de estado está em processo. Quero que o mundo inteiro saiba que até agora sofremos ataques pacientemente para evitar a violência. Não entraremos no confronto, será um estado de emergência, mobilização pacífica e constitucional”, disse Evo Morales hoje durante coletiva de imprensa.
O líder cocalero, candidato ao Movimento Socialismo Al (MAS) para o quarto mandato, atribuiu a onda de protestos como tentativa de desestabilização da "direita" que, segundo ele, tem apoio internacional, informou o jornal El Deber.
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