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Médico boliviano deixa trabalho em São Paulo e atua como voluntário no combate a incêndios na Bolívia

Leonardo Cabral em 19 de Setembro de 2019

Reprodução/Jornal El Deber

O médico Ricardo Rivero Bello faz voos de parapente para ajudar a identificar focos de incêndio

Há uma semana, o médico boliviano, Ricardo Rivero Bello, especialista em sobrevoo de parapente, deixou seu emprego em São Paulo, no Brasil, para integrar o corpo de voluntários que atuam na difícil tarefa de combater os focos de queimadas no município de Roboré, distante  cerca de 250 km da fronteira com Corumbá.

Devido a sua experiência, o boliviano já sobrevoou até o Parque Nacional Kaa-Iya, na fronteira com o Paraguai, onde foi possível verificar do alto os danos à fauna e à flora causados pelas chamas.

Rivero se colocou à disposição da comunidade de Roboré, e, para isso, realizou voos panorâmicos apontando os lugares exatos onde os incêndios começam e, logo depois, repassa as informações aos bombeiros e militares, que vão a pé para combater o fogo, que muitas vezes, fica localizado em lugares de difícil acesso.

“Os responsáveis por identificar os focos de incêndio usam drones, mas esses aparelhos não enviam as informações corretas para chegar ao local de combate ao sinistro, então essa é minha tarefa, porque pratico o esporte de parapente a motor no Brasil", afirmou Rivero completando que pela experiência, consegue ajudar com as informações coletadas por ele durante o sobrevoo.

O profissional de medicina ainda falou em entrevista ao jornal El Deber, que foi possível observar que os incêndios começam do nada. “Por isso considero a situação crítica nesta área, mas estou pronto para lutar com os bombeiros", acrescentou Ricardo Rivero Bello que deixou sua família no Brasil.

Sobrevoo na quarta-feira

O médico boliviano informou que na quarta-feira, 18 de setembro, na parte da manhã, depois de um voo de duas horas, foi possível identificar que perto da comunidade de Limoncito, próximo a Roboré, as chamas reacenderam. “Ao perceber a situação, logo repassei as informações para as autoridades que ali estão no combate ao fogo”, falou.

Reprodução/Jornal El Deber

Os incêndios na Bolívia devastaram, desde agosto, 4,1 milhões de hectares de florestas e pastagens

Rivero não apenas ajuda no ar, mas também vai a pé para deixar comida, especialmente frutas e água, a outros voluntários e pessoas que vivem na comunidade. Ele também lamentou a morte de animais. “Vi muitos animais mortos queimados, porque também voei para perto do Paraguai, em Charagua, onde evidenciei o desastre. Ficarei mais dois dias e voltarei ao Brasil ”, revelou o médico.

4,1 milhões de hectares queimados

Os incêndios na Bolívia devastaram desde agosto com 4,1 milhões de hectares de florestas e pastagens, informou na quarta-feira (18) a ONG privada Friends of Nature Foundation (FAN), apresentando um relatório baseado em imagens de satélite da Nasa e da agência européia ESA .

Os dados apontam que em Santa Cruz de la Sierra, que engloba toda a região da Chiquitania, como as cidades de Roboré, Puerto Suárez, Limoncito e San José, o fogo já destruiu cerca de 3.077.332 hectares; em Beni 879.495; La Paz, 142.134 e no resto da Bolívia, 30.429.

O tamanho do desastre até o momento é igual a 41.293,4 quilômetros quadrados, semelhante ao território da Suíça.

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