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Plano de ação emergencial é testado em simulação de rompimento de barragem

Leonardo Cabral em 28 de Agosto de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Moradores moradores foram acolhidos nos pontos de encontro disponibilizados pela empresa

“Apesar de saber que é uma simulação, a sensação de medo existe, pois não sabemos e, muito menos eles sabem, se isso pode acontecer, porém, o que temos é que estar preparados”, disse a moradora, Lenise Quirino, que vive há mais de 30 anos no assentamento Urucum, em relação à simulação de rompimento da barragem da Mina Laís, da empresa Vetorial, realizada na manhã desta quarta-feira, 28 de agosto. A Mina Laís está localizada a cerca de 25 km da área urbana de Corumbá e Ladário.

As sirenes emitiram o som de alerta para toda a região às 10h17, logo após uma apresentação realizada na sede do escritório da Vetorial sobre a simulação para os órgãos participantes. Ao todo, 31 pessoas, conforme a empresa vivem no entorno da mina e seriam atingidas num eventual rompimento. São 10 casas que estão no caminho da mancha de lama, que poderia chegar e ultrapassar a BR-262 em 3,3 metros, numa área denominada ZAS - Zona de Autossalvamento. 

Apesar de toda a ação de prevenção, que põe em alerta além da comunidade, os colaboradores da empresa, o diretor de Minas da Vetorial, Rodrigo dos Anjos Xavier, garantiu que a barragem é estável e segura.

“É uma barragem estável, com todos os cuidados técnicos para tal, ou seja, temos uma barregam de alto nível de estabilidade o que traz tranquilidade para a comunidade de Corumbá e Ladário. Ela é uma barragem com alteamento e temos todos os estudos técnicos que garantem a estabilidade e nos dão a tranquilidade de que esse maciço é extremamente seguro e não traz nenhum risco para a comunidade”, afirmou Rodrigo Xavier.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Diretor de Minas da Vetorial, Rodrigo dos Anjos Xavier, garantiu que a barragem é estável e segura

Ele ainda ressaltou que em caso de um rompimento dos rejeitos, a lama ultrapassaria a BR numa condição em que pouquíssimo tempo se conseguiria desobstruir a 262. “É uma barragem com pequena capacidade de reservação se compararmos com barragens iguais às de Minas Gerias. Nós estamos preparados para causar o mínimo de impacto, apesar de acreditar firmemente que isso não irá acontecer, conforme todos os estudos técnicos que apontam que a barragem é segura. Mas a simulação é uma necessidade legal”, ressaltou Xavier.

Confirmando a segurança da barragem, o engenheiro civil da Vetorial, Danilo Palhares, destacou o procedimento de evacuação em caso de um sinistro. 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Engenheiro Danilo Palhares disse que o tempo previsto para a chegada da lama até a BR-262 é em torno de 27 minutos

“Temos uma sirene de alerta em cada residência que seria atingida, toda uma equipe treinada, com carros de alerta para bloquear a rodovia e para que não tenha nenhum tipo de acidente, assim como nenhuma vítima. No caso da simulação, estreamos identificando uma anomalia na barragem e acionando as sirenes, bloqueando a rodovia, onde as nossas equipes treinadas para eventual ocorrência possa auxiliar a comunidade até os pontos de encontro"

O engenheiro civil ainda alertou que o tempo previsto para a chegada da lama até a BR-262 é em torno de 27 minutos. “A nossa equipe treinada, com os carros, deve chegar entre sete e oito minutos, para que possamos ter a rodovia bloqueada Já ao último ponto de encontro, o rejeito deve chegar em até duas horas, uma mancha de até oito quilômetros”, completou.

Lenise Quirino, que sente um pouco de medo, pois tem sua casa na linha dos rejeitos e uma sirene de alerta dentro do seu terreno, disse que a preocupação existe, ainda mais se o rompimento da barragem for à noite e em dia de chuva.

“Eu vou sair de casa com meus três filhos pequenos e ir até o ponto de encontro que fica próximo aqui. O desespero toma conta na hora. Mas se for de dia, a gente dá um jeito e vai, já que trabalhadores da empresa passaram aqui e já explicaram certinho como proceder: temos que ir até o ponto de encontro rapidamente e lá esperar uma condução para que possamos ser levados para um local seguro”, mencionou a moradora que participou da simulação.

Finalidade da ação 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Mina Laís está localizada a cerca de 25 km das áreas urbanas de Corumbá e Ladário

A simulação foi realizada pela Defesa Civil de Corumbá, em parceria com as mineradoras. Para o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Fábio Catarinelli, essa é uma forma não só do cumprimento da legislação, mas também do empreendedor, no caso a empresa mineradora, mostrar aos moradores que eles estão cumprindo as regras.

“Sabemos que o rompimento de uma barragem traz danos. Os órgãos que participam aqui estão para somar com a simulação e contribuindo na observação de cada procedimento realizado no dia de hoje. Toda a estrutura do simulado é desenvolvida através da segurança de barragem e se verificar uma situação que precisa ser melhorada, vamos levar ao empreendedor. É muito melhor prevenir, do que contabilizar danos. Nessa simulação, o empreendedor mostra quais os procedimentos realizados e como a população pode agir. Aqui no Estado vemos que as empresas de Corumbá são as primeiras a realizarem as simulações”, falou  Catarinelli ao Diário Corumbaense.

Participando da ação, o comandante do 3° Grupamento de Bombeiros de Corumbá, major Luciano Lopes de Alencar, avaliou como importante a realização da simulação, uma vez que todos as informações deverão ser repassadas aos militares do grupamento.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Antes do início da simulação, órgãos envolvidos participaram de uma apresentação

“É fundamental que a empresa esteja preocupada e faça o treinamento dos seus funcionários, para a preservação de suas vidas e também para a comunidade local, principalmente para a população diretamente que poderá ser atingida. É importante que essas pessoas possam estar envolvidas diante de um eventual desastre que possa ocorrer aqui na área. Estamos presentes para acompanhar e colaborar da melhor maneira possível, com opiniões e poder levar essas informações aos bombeiros que se encontram em nosso grupamento, para que nós também estejamos preparados da melhor maneira possível numa eventual situação de risco. Temos que estar sempre atentos, a rotina é o principal problema desse trabalho de risco, então, a atenção no dia a dia é fundamental e isso a empresa está demonstrando junto à Defesa Civil Municipal”, afirmou Alencar.

Durante a simulação de rompimento dos rejeitos, foi possível identificar eventuais desvios e propor ações corretivas; medir a capacidade de atuação com agilidade em um eventual sinistro; aferir, em conjunto com as Defesas Civis (Estado e Município), juntamente com demais órgãos se as formas de alarmes adotadas nas “ZAS” foram eficazes.

Acompanharam a simulação representantes das Defesas Civis de Corumbá e do Estado, Exército, Marinha, Ministério do Trabalho, Ministério Público Estadual e Federal, Prefeitura de Corumbá (Fundação de Meio Ambiente), Ibama, Imasul, Corpo de Bombeiros, Agência Nacional de Mineração e Polícia Rodoviária Federal, que deu apoio ao bloqueio da BR-262.

“Ajudamos os envolvidos na simulação no bloqueio da via, em dois pontos. Basicamente fizemos apontamentos negativos e positivos, auxiliando de fato, como a empresa pode fazer esse bloqueio da rodovia, no caso de um sinistro”, salientou o agente da PRF, Magnani.

Ao todo, a empresa coloca à disposição nove pontos de Zonas de Autossalvamentos, que abrangem a área atingida pela lama de rejeitos, segundo estudo de dam-break. Três deles ficam no interior da barragem, seis no entorno da barragem - em um raio de 08 km -, cinco no Jacadigo e um no sítio Nossa Senhora Auxiliadora, próximo à fazenda 4k.

Pontos:

Ponto A- Barragem

Ponto A- Barragem

Ponto B- Pátio Bananal

Ponto C- Fazenda NSA

Ponto D- Residência moradores- Paulo e Lenice

Ponto E- Residência moradores- Lenita

Ponto F- Residência morador- Aldo

Ponto G- Residência moradora- Sebastiana

Ponto H- Residência- Itamar.

A outra simulação, desta vez, com a empresa Vale, acontece nesta quinta-feira, 29 de agosto, na região onde está localizada a barragem Gregório (morraria de Santa Cruz), com capacidade para 9 milhões de metros cúbicos.

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