G1 MS/TV Morena em 19 de Julho de 2019
O médico suspeito de exigir dinheiro de uma paciente do SUS para fazer uma cirurgia agora enfrenta a denúncia de abuso sexual. O relato partiu de uma mulher que mora em Corumbá. O médico foi denunciado pelo Ministério Público no mês passado e virou réu em um processo que corre em segredo de justiça.
A denúncia partiu de uma paciente de 35 anos. Ela gravou em 2015 a segunda consulta que teve com o médico Ricardo Chauvet em uma clínica municipal de saúde. A mulher tinha ficado incomodada com o comportamento do ginecologista no primeiro exame por causa de nódulos no seio.
"Ele apoiou na maca com as pernas abertas assim, e pediu para que eu ficasse de frente para ele. Me mandou levantar os braços de frente e mandou dar as costas. Aí pediu de novo para eu ficar de frente e, de novo, de costas. E nisso ele começou a me tocar por trás, né? Naquela eu fiquei... Só que assim, você não tem reação na hora."
Com um celular na bolsa, ela voltou ao consultório. A imagem mostra a paciente de costas enquanto o médico toca os seios da mulher nua. O médico diz: "Mãos ao alto, tá? No alto; lá no teto, tá? Pode esticar seu braço, ficar de costas para mim. Solta bem o corpo, procure relaxar. Qualquer coisa que sentir é só falar, tá bom? Vou forçar um pouquinho, tá?"
A reportagem mostrou o vídeo para o vice-presidente da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia na região centro-oeste, Alex Bortoto, que afirma: "O exame de mama deve ser feito com a paciente sentada de frente para o médico. Depois ela deita e faz a apalpação com ela deitada. Esse tipo de procedimento não existe. Não pode ser feito dessa forma", declara.
A paciente entregou a gravação à polícia. O promotor Fábio Adalberto Cardoso de Moraes explica por qual crime ele foi denunciado pelo MP. "O Ministério Público tipificou como violação sexual mediante fraude, o que é um crime previsto no código penal. Tem pena de 2 a 6 anos de reclusão."
Outra denúncia
Segundo o Ministério da Saúde, para os três procedimentos de retirada de pólipo do útero cobertos pelo SUS, os valores repassados aos hospitais variam de R$ 167 a R$ 173,33. Se o procedimento for feito em ambulatório, de R$ 22,62 a R$ 74.
Depois que a reportagem foi ao ar, Chauvet pediu afastamento do centro de saúde da mulher e três outras pacientes fizeram denúncias de cobranças indevidas por parte do médico. Outras duas ainda serão ouvidas pelo Ministério Público.
A reportagem tentou falar com o médico, mas ele não atendeu às ligações. Na última semana, Ricardo Chauvet tinha negado as acusações sobre a cobrança de dinheiro para operar uma paciente do SUS.
Investigação está sob sigilo
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) declarou que já existe uma apuração disciplinar em relação ao médico e que a investigação tramita em sigilo, como determina o Código de Processo Ético Profissional.
A Santa Casa de Corumbá afirmou que a denúncia sobre a cobrança de dinheiro para realizar cirurgia está sob análise, e que aguarda o parecer da Comissão de Ética.
A Prefeitura de Corumbá declarou que um procedimento administrativo disciplinar segue sob sigilo e que, se for constatado o abuso sexual, o médico poderá ser desligado.
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