Leonardo Cabral em 12 de Julho de 2019
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Estudantes e pais se mobilizaram e dizem não aceitar transferência dos estudantes
O reordenamento tem como justificativa a contenção de gastos, por parte do governo do Estado, ou seja, o remanejamento para o prédio da escola João Leite de Barros, vai refletir diretamente nas contas de água, luz, telefone, entre outros gastos.
Ao todo, quatro turmas do 1° ao 3° ano do Ensino Médio do Dom Bosco, que conta com aproximadamente 150 estudantes, serão transferidos e da escola Gabriel Vandoni, três turmas do ensino médio, sendo duas para o João Leite e uma para a Escola Carlos de Castro Brasil.
Já em Ladário, a informação é de que cinco turmas do Ensino Médio da Escola 02 de Setembro deverão ser transferidas para a Escola Leme do Prado. Ambas da Rede Estadual de Ensino.
Revolta e abaixo-assinado
Ainda na tentativa de reverter a situação, estudantes da escola Dom Bosco e alguns pais iniciaram na manhã desta sexta-feira, 12 de julho, um abaixo-assinado contra o remanejamento.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Pais e alunos recolhem assinatura de moradores do bairro Dom Bosco
Jucimary Silva Cunha, de 45 anos, que está cursando o 2° ano do Ensino Médio, disse que também está revoltada com a decisão. “Não fomos avisado de nada. Fomos pego de surpresa e eu não aceito que sejamos transferidos. Aqui é perto da minha casa e prezo pela segurança, sem contar com a locomoção que sabemos que não é fácil em nossa cidade”, disse ao Diário Corumbaense.
Acompanhando a filha de 15 anos, Andreia Rosa Covo Pereira está preocupada com a segurança da filha. “Me preocupo em relação ao deslocamento dela para outra região, ainda mais indo sozinha e sabendo da insegurança que temos. Já fico preocupada dela estudar aqui perto onde moramos, imagina longe. Sinceramente não tem cabimento essa decisão ainda mais que restam apenas cinco meses para encerrar o ano letivo. Por que não esperar acabar?”, questiona Andreia.
Mobilização não é pela rede social
Em busca também de explicação sobre a transferência do filho de 17 anos, Paulo da Conceição Vasconcelos, fez questão de ir até a escola para saber da situação, mas adiantou que é revoltante e encara tudo isso como falta de respeito.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Acompanhando o filho, Paulo da Conceição foi saber mais detalhes sobre a medida
A professora Sandra Moragas Leite de Barros, leciona há mais de 30 anos na escola e encara a situação como complicada, pois todos os cerca de 150 estudantes matriculados no Ensino Médio, no período noturno no Dom Bosco, estão frequentando os cursos regulares.
“A nossa clientela é antiga. A escola está enraizada aqui há muitos anos. Nossa clientela é especial, ainda mais por ser em curso regular. A escolha desses alunos é porque eles amam essa escola e o ensino diferenciado que aqui aplicamos. Serem transferidos para outro bairro nos preocupa bastante ainda mais quando o assunto é a segurança, sem contar os alunos que atendemos que vêm do outro lado da fronteira que são os bolivianos que estudam aqui de forma legal. A escola Dom Bosco é história da nossa região e em história a gente procura não mexer”, frisou a professora.
Nota da Secretaria de Educação
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado, diz que desde 2015, a Rede Estadual de Ensino passa por um processo de reordenamento, motivado pela diminuição do total de estudantes matriculados nos últimos dez anos. "Entre 2010 e 2018, esse número atingiu o quantitativo de 40 mil estudantes a menos em todas as etapas ofertadas pela REE", informa.
"Em função desse número, o processo de reordenamento consiste na transferência da oferta de determinadas turmas para outras unidades escolares, em localidades próximas, sempre com o objetivo de minimizar o impacto para os estudantes. Salientamos que este processo segue em curso e que todas as medidas serão comunicadas pela Secretaria de Estado de Educação (SED) e também pelos canais do Governo do Estado", conclui a nota.
Cidade Dom Bosco
Fundada em 03 de abril de 1961 pelo padre Ernesto Sassida, a Cidade Dom Bosco inicialmente era chamada de "Escola Profissional Alexandre de Castro". Tudo começou em um barracão doado por dona Catarina Anastácio Cruz, que cedeu espaço de sua casa para a construção dessa obra social e educativa.
De origem eslovena e falecido em 13 de março de 2013, o padre Ernesto continua "vivo" no ideal das ações que são mantidas em toda essa grande estrutura idealizada e criada por ele, bem como em cada cidadão beneficiado direta ou indiretamente com o trabalho continuado pela Missão Salesiana de Mato Grosso e doadores, em sua maioria, da Europa.
Em relação à escola, há um convênio entre o Governo do Estado e a Missão Salesiana. O Estado paga os professores e o aluguel do prédio enquanto a Missão Salesiana cuida da manutenção da estrutura.
ENIO MOURA: Temos dois deputados, um estadual, Evander, e outra federal, Bia, que tenho certeza que não se negarão a interceder pela comunidade do Bairro Dom Bosco.
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