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Secretaria de Saúde de Corumbá emite Nota Técnica sobre casos de Arenavírus na Bolívia

Da Redação com Agência Brasil em 05 de Julho de 2019

O governo da Bolívia está advertindo a população sobre o surto de febre hemorrágica no país, após a ocorrência de duas mortes em consequência da doença. A febre hemorrágica é transmitida pelas fezes e urina de ratos que podem portar o vírus que causa a infecção. Também é transmitida entre os seres humanos pelo sangue e outros meios. A taxa de mortalidade em consequência da doença é de cerca de 30%.

Funcionários do Ministério da Saúde da Bolívia disseram que um agricultor infectado morreu em abril em uma cidade localizada a cerca de 160 quilômetros ao norte da capital La Paz. Uma médica que o tratou também morreu em junho. Os funcionários disseram ainda que mais dois médicos que tiveram contato com a médica também contraíram a doença e estão inconscientes.Um grande número de ratos foi encontrado em áreas em volta da fazenda da primeira vítima. Ao mesmo tempo, membros de sua família apresentaram sintomas da doença.

Por ser fazer fronteira com a Bolívia, a Secretaria de Saúde Corumbá, através da Vigilância em Saúde emitiu Nota Técnica n°01/2019, em 05 de julho, a respeito do Arenavirus. Confira a Nota abaixo:

 

Nota Informativa nº 01/2019 - SMS/GVS/VE-DT


1. Do Arenavírus: constituem um gênero de vírus que contém dois segmentos de RNA circular. O vírus tem esse nome porque apresenta pequenos grânulos, que parecem areia (arena em espanhol) ao microscópio.

 

2. Dos casos da Bolívia: Destaca-se que os casos são da região de Caravani, localizado há 161 km de La Paz. Em relação a fronteira Brasil x Bolivia, está em 1970Km de distância de Guajará- mirim/RO; 1.662Km de Corumbá/MS e 1.366Km de Epitaciolândia/AC.

     

Em 28 de junho de 2019, o Ministério da Saúde do Estado Plurinacional da Bolívia recebeu o relato de 03 casos de Síndrome Febril Hemorrágica devido de uma doença viral de etiologia desconhecida com suspeita de transmissão pessoa a pessoa.

 

Caso índice: homem de 65 anos, residente do município de Caranavi, departamento de La Paz, com histórico de viagens para o município de Guanay, departamento de La Paz. Com data de início de sintomas em 1º de maio buscando atendimento no Hospital de Caranavi manifestando uma síndrome febril hemorrágica. O caso é atendido por um estudante de medicina, e morre no dia 07 de maio. Este caso, também teve contato com um membro de sua família, um homem de 22 anos (caso 2), que iniciou os sintomas em 29 de maio, desenvolvendo uma síndrome hemorrágica febril e que atualmente está em recuperação. A estudante de medicina (caso 3) que atendeu ao primeiro caso, uma mulher de 25 anos, começou a apresentar sintomas no dia 20 de maio, apresentando inicialmente uma síndrome febril inespecífica que evoluiu para síndrome hemorrágica febril, sendo que no dia 02 de junho ela foi transferida para um hospital de referência na cidade de La Paz e morre no dia 4 de junho. Durante a transferência e manejo clínico da paciente, dois médicos tiveram contato com suas secreções sanguínea, respiratória e gastrointestinal após a realização de procedimentos invasivos (intubação e endoscopia). O médico (caso 5) que realizou o atendimento do caso 3 durante sua transferência do município de Caranavi para a cidade de La Paz em 03 de junho e o gastroenterologista (caso 6) que realizou uma endoscopia de emergência em 04 de junho, começaram os sintomas em 18 de junho, inicialmente apresentando uma síndrome febril inespecífica com fraqueza muscular, mialgias, artralgias e mal-estar, que posteriormente evoluiu para síndrome hemorrágica febril. Ambos estão hospitalizados e foram classificados como casos prováveis. De acordo com as definições operacionais estabelecidas pelo Ministério da Saúde da Bolívia, foram registrados 7 casos suspeitos, destes, 3 tiveram contato com o estudante de medicina em um hospital da cidade de La Paz (2 durante a endoscopia e 1 na unidade de terapia intensiva); 3 são estudantes de medicina que prestaram atendimento médico a casos prováveis; e 1 é filha de um dos casos prováveis. Todos estão sob manejo clínico, observação e isolamento. Em 02 de julho, o Centro de Doenças Tropicais (CENETROP), que é um dos laboratórios nacionais de referência, relatou a identificação de um arenavírus, similar ao vírus Chapare arenavírus na amostra relativa do familiar do primeiro caso que desenvolveu a síndrome Febre hemorrágica e está em recuperação.

 

3.Dos vetores: O principal transmissor para os humanos são ratos e camundongos silvestres.

 

4. Da transmissão: A transmissão pode ocorrer por ingestão de água e alimentos contaminados por urina e fezes de roedores. A transmissão de pessoa a pessoa pode ocorrer por contato com secreções: urina, fezes, vômito e saliva do doente.

 

5. Sinais e sintomas: Após incubação de 05 a 16 dias, surge doença febril de início insidioso com mal estar, lombomialgias, dor epigástrica e retro-orbital, tonturas, fotofobia e constipação. Após 4 a 5 dias, a doença se agrava com síndrome vascular, doença neurológica e hepatite. Nesta fase, o paciente apresenta-se com prostração extrema, dor abdominal, hiperemia conjuntival, rubor em face e tronco, hipotensão ortostática, hemorragia petequial, conjuntival e de mucosas, hematúria, vesículas em palato, linfadenopatia generalizada e encefalite. A síndrome de extravasamento capilar causa pulso fino e choque, acometimento pulmonar e edemas, principalmente em face e região cervical, bem como eleva o hematócrito. Também, surge leucopenia com linfocitopenia e trombocitopenia. A doença neurológica produz hiporreflexia, tremores e outras alterações cerebelares. Convulsões e coma sinalizam mal prognóstico.

 

6. Mortalidade: de 16 a 45%. A doença é mais grave durante a gestação (50 a 92%).

 

7. Da prevenção: recomenda-se a adoção de precauções universais e manter vigilância dos contatos.

 

8. Conclusão: devido à fronteira seca entre Corumbá e a Bolívia, é necessário que haja uma atenção maior com os pacientes oriundos da Bolívia, que apresentem sinais e sintomas condizentes com a infecção por Arenavírus.


Vigilância em Saúde



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