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Um mês após morte de bebê, pais fazem manifestação e cobram respostas da Maternidade

Leonardo Cabral em 15 de Abril de 2019

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Familiares e amigos dando apoio ao casal que perdeu o primeiro filho

Um mês após a morte do bebê Valentim, os pais,  Bruno Adrison Barbosa, de 27 anos, e Katiuscia Fernandes da Costa, de 24 anos, estão em busca de uma resposta concreta sobre os fatos que os fizeram sair da Maternidade de Corumbá, sem o filho no braço. “Uma dor que vou levar para toda a minha vida”, relatou emocionada a mãe que esteve junto com amigos e familiares em um protesto em frente à unidade hospitalar na manhã desta segunda-feira, 15 de abril. Com apoio de familiares e amigos e com cartazes em mãos, eles pediram por justiça e por uma resposta rápida para o que aconteceu. O casal alega que houve negligência médica.

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Emocionada, Katiuscia quer uma resposta para o que aconteceu com o filho

“Esse protesto é para que consigamos entender o que aconteceu. Queremos uma resposta para uma negligência médica que tirou a vida do meu filho. Era uma gravidez saudável, meu filho estava saudável. Vamos lutar até o fim e não vamos desistir”, relatou ao este Diário Corumbaense, Katiuscia Fernandes. “O mais difícil nesse tempo todo é ver minhas amigas que estavam gestantes no mesmo período que eu com os filhos nos braços e olhar para os meus e não ter o Valentim”, completou. 

Já o pai, Bruno Adrison, disse que além da resposta, a manifestação serve de alerta para que outros pais não passem pela mesma situação. "Quando saímos da maternidade, nos foi dito que isso o que aconteceu era um procedimento normal. Se para eles é assim, para a gente não. Foi uma vida perdida. Nossa família está unida e vamos seguir cobrando respostas”, garantiu Bruno a este Diário.

Apoio

Dando apoio ao casal e relembrando todo o sofrimento passado junto a sua esposa, Wilson Cosme Campos de Oliveira, pai da Maria, disse que há um ano convive com esse sentimento de não ter sua filha nos braços também.

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Wilson Cosme passou pela mesma perda que o casal e veio dar apoio

“Um ano muito difícil, estou aqui para me solidarizar com eles, pois eu e minha mulher passamos pelo mesmo sofrimento. Entramos na maternidade e saímos sem a Maria. Foram momentos difíceis, pois o médico que nos atendeu disse à minha esposa que a Maria estava morta na barriga dela, mas ela nasceu viva e devido a complicações não resistiu. Foi caso de negligência médica . Não é justo mais casais passarem pelo que nós passamos”, comentou Wilson que estava muito emocionado.

Conselho de ética

Após a denúncia, a junta interventora da Associação Beneficente de Corumbá pediu à direção clínica do hospital para que apurasse os fatos e tomasse as providências legais. 

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Diretor clínico e integrante de junta interventora disseram que caso é apurado

O diretor clínico da Santa Casa, médico Lauther Serra, e José Luiz de Aquino Amorim, membro diretor da Junta interventora, informaram que o Conselho de Ética da Santa Casa está analisando os fatos.

“Logo depois, todos os resultados serão encaminhados ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso do Sul. Além da questão dos médicos, está sendo analisado todo o atendimento que foi dado à essa paciente. Se houve falhas, elas devem ser corrigidas e os responsáveis punidos”, esclareceu Lauther. 

José Luiz Aquino, mencionou que a situação não envolve diretamente a Santa Casa. “Logo depois dos fatos estivemos com a família e eles foram contundentes em afirmar que não havia reclamação ligada à Santa Casa, e, sim, foi especificamente contra o ato médico. Todos os procedimentos estão sendo acompanhados, nos solidarizamos com a família, e se houver culpados, serão tomadas providências. A competência é do CRM”, explicou.

O caso Valentim

Com pouco mais de 8 meses de gestação, Katiuscia começou a sentir contrações e dores muito fortes por volta da 01h do dia 10 de março, e ainda apresentava um pequeno sangramento. Imediatamente, Bruno levou a esposa para a Maternidade de Corumbá e foi aí que começou o drama dos dois.

Bruno relatou que encontrou a porta da maternidade trancada, mas logo foram atendidos e encaminhados para a sala da médica plantonista. Porém, conforme relatos dele, a médica e a enfermeira estavam preocupadas com o sumiço da chave de um carro enquanto Katiuscia se contorcia de dor. Depois de algum tempo, ela finalmente foi examinada, a médica fez o toque e então eles foram informados que estaria tudo normal, que o casal estaria equivocado com a data de nascimento do filho e foram liberados.  

Bruno disse que a dores não cessaram e que a esposa passou por muito sofrimento e na segunda-feira, 11 de março, os dois voltaram à Maternidade às 10h. Outro médico plantonista os atendeu e também disse que “não era nada”.

O casal resolveu ir a uma clínica particular e, novamente, teria ouvido que estava tudo “normal” e o médico os liberou. No entanto, as dores não cessavam e Bruno resolveu entrar em contato com o médico responsável em acompanhar o pré-natal no começo da gravidez. "Ele sim nos tratou com humanidade, saiu de uma cirurgia no hospital e a atendeu na maternidade, mesmo não estando de plantão. Mas, infelizmente, às 16h do dia 14 de março, ele constatou que o bebê já não tinha mais batimentos cardíacos. Valentim tinha 53 centímetros e pesava 3 quilos e 200 gramas.

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