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Corumbaense Paula Mirhan prepara 1º CD solo com financiamento coletivo

Lívia Gaertner em 02 de Abril de 2019

Cacá Bernardes

Alguém com voz e interpretação singulares, Paula sempre foi cobrada para gravar um CD só dela

Quem se recorda dos Festivais Estudantis da Canção na década de 90 em Corumbá, com certeza, lembra de seu nome e de sua voz. A corumbaense Paula Mirhan deixou a cidade pantaneira aos 18 anos de idade com destino a São Paulo onde buscou amadurecer o talento inegável visto nos palcos corumbaenses.

Na Capital Paulista, ela encontrou o conhecimento técnico, ao mesmo tempo em que se enveredou por projetos culturais como atriz e cantora. Ao longo desses anos, muitos projetos surgiram, mas nenhum tão essencial (na melhor acepção da palavra) quanto o que ela está prestes a tornar realidade.

“Petróleo” é o primeiro CD solo da cantora que optou por dar vida ao projeto através de financiamento coletivo. Ela hospedou o projeto na conhecida plataforma digital Catarse onde conta com o apoio de patrocinadores que, em mais diferentes escalas, recebem recompensas conforme as modalidades de colaboração.

Em entrevista ao Diário Corumbaense, ela falou sobre sua carreira e Petróleo, que segue com financiamento coletivo até o dia 20 deste mês.

“Eu saí de Corumbá há 18 anos e, tirando os 4 anos que tive de formação na Unicamp, os outros 14 anos me dedico a trabalhos artísticos intensos na cidade de São Paulo. Como minha formação é em Artes Cênicas e Música, eu me dividi nesses anos de trabalho entre as duas áreas, atuando em 11 espetáculos adultos e 4 espetáculos infantis, gravando 8 CDs de projetos onde eu era a cantora principal”, lembrou.

Alguém com voz e interpretação singulares, Paula sempre foi cobrada pelos admiradores de sua arte para gravar um CD só dela, porém como uma artista muito preocupada com o papel desse profissional no mundo, ela encarou esse tempo todo como um processo.

“Precisava amadurecer e entender algumas questões da minha existência como mulher, artista, criadora e capaz de gerir uma ideia. Foi num processo intenso e, durante ele, descobri um afeto extremamente importante para as transformações que eu estava buscando: o ódio. Pode parecer esquisito, mas eu explico melhor: saber que eu, como mulher poderia sentir ódio, foi libertador. Vivemos numa sociedade onde esse afeto é renegado e mal compreendido, e quando ele aparece, vem de forma destrutiva e cheio de intolerâncias. Não é à toa que estamos, cada vez mais, presenciando, no dia a dia, crimes de ódio contra negros, pobres, mulheres, gays, trans e todos aqueles que saem do chamado ‘padrão de comportamento’. Então eu percebi que precisava falar sobre isso e a melhor maneira que encontrei foi gravando um CD”, explica.

“Petróleo é uma metáfora para esse afeto renegado (que podem ser outros, não apenas o ódio), que fica sendo fermentado por debaixo de camadas e mais camadas e que, quando chega na superfície, pode transbordar de forma destruidora, se não for olhado com cuidado, se não for assumido, se não for tratado. Eu ando bastante interessada em psicanálise e indico um livro que foi muito importante no processo de entendimento desses afetos renegados: ‘A reinvenção da intimidade’, do Christian Dunker, psicanalista, com pós-doutorado pela Manchester Metropolitan University e professor livre docente em Psicanálise na USP. Indico também um vídeo dele no YouTube chamado: A função transformadora do ódio”.

Canções

Entre o repertório de Petróleo estão composições de Chico César, Chico Salem, Arthur de Faria e Alessandra Leão, Lê Coelho, Marcelo Segreto, Michelle Navarro, entre outros artistas. Entretanto, há marca de Paula também na assinatura de composições.

“Eu já me coloquei como compositora em dois CDs da Filarmônica de Pasárgada, banda que existe desde 2008 e com quem já gravei 3 discos. Mas dessa vez eu considero um pouco diferente porque eu estou assumindo a responsabilidade de compor para um CD que é meu. Mas não será um trabalho só com músicas minhas. A faixa que dá nome ao disco, Petróleo, é uma parceria minha com a baterista, cantora e compositora daqui de São Paulo, Mariah Portugal”, conta ao revelar outras possibilidades de repertório.

Arte: Victor Marcelo

Cartaz que faz uma homenagem à Corumbá e que é uma das recompensas do Catarse

“A música Chalana (clássico de Mário Zan composta em Corumbá) está no repertório do show e está sendo cogitada para o CD, e uma das recompensas que ofereço no Catarse é um cartaz com a ilustração do artista Victor Marcelo, que conhece Corumbá e que desenhou uma Chalana com o nome de Petróleo subindo o rio Paraguai”.

Eu apoio

Falando no site Catarse que ajuda a promover financiamentos coletivos, essa também é uma experiência nova para a artista que aderiu à modalidade “tudo ou nada”, ou seja, ou consegue o valor total para gravação do CD ou os valores dos apoiadores serão devolvidos.

“Sempre fui relutante em fazer um financiamento coletivo porque ficava pensando que isso seria inconveniente para com as pessoas. Quando eu entendi que o financiamento coletivo é muito mais que isso, topei arriscar. Mais do que pedir dinheiro para as pessoas, meu objetivo é definir minha rede de afetos, é falar com todas as pessoas que fizeram parte da minha história sobre um projeto que de fato está sendo transformador pra mim e que acredito muito, fala de um assunto pertinente aos dias de hoje. Quando você apoia uma projeto como o meu, você entra no universo de criação do artista, você entende os processos que o fizeram chegar ao CD, os custos disso, você recebe em troca não só objetos como recompensa (camisetas, o CD, cartazes, etc..), mas também uma troca afetiva com o artista”, comenta.

E, para Paula, se tem afetividade, tem sua cidade natal que, segundo ela, é um local onde tem muito desejo de se apresentar novamente e, nesta nova vez, com um trabalho que diz bastante sobre ela.

“Corumbá é metade da minha vida, pensando nos meus 36 anos. E metade importantíssima de formação da pessoa que eu me tornei. Minhas memórias de infância, minha rede de afetos (amigos, artistas, família) são tão fortes e definitivas do meu caráter, que é impossível que esse lugar não esteja incrustado na minha pele, nos meus ossos, no meu sangue, na minha voz. Na minha programação, lanço o CD em outubro na cidade de São Paulo e a partir daí, nada me segura! Corumbá está, com toda certeza, incluída na agenda, é só me chamar que eu vou. Até porque fiz um CD pensando numa formação pequena: eu e mais dois músicos, facilitando o deslocamento, barateando custos, claro sem perder a qualidade. O CD estará disponível nas plataformas digitais em primeiro lugar para as pessoas que contribuírem no Catarse. O lançamento digital para todos acontecerá depois do show de lançamento do CD. Então, convido a todos para entrarem no site do Catarse e garantirem suas recompensas”, finalizou.

No site www.catarse.me, as pessoas podem colaborar com o projeto Petróleo a partir de R$ 10.  Veja vídeo abaixo:

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