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Defensoria acusa PF de Corumbá de entrar na Bolívia e "deter" testemunha de crime ilegalmente

Leonardo Cabral e Rosana Nunes em 20 de Março de 2019

Policiais federais de Corumbá são acusados de entrar em território boliviano, na cidade de Puerto Suárez, atrás de uma testemunha do assassinato do fazendeiro boliviano, Alfredo Rangel Weber, de 48 anos, na noite do dia 23 de fevereiro deste ano. Alfredo, que havia sido esfaqueado em uma festa, era transportado por uma ambulância do Hospital San Juan de Dios, com placas do país vizinho, para a Santa Casa de Corumbá, quando na rodovia Ramão Gomes, em território brasileiro, um homem interceptou a viatura, abriu a porta e matou o boliviano com quatro tiros. O motorista da ambulância retornou para a Bolívia e não denunciou o caso às autoridades policiais do Brasil. 

Conforme o portal de notícias Clave 300, o motorista da ambulância, que presenciou toda a cena, juntamente com uma filha e irmã da vítima, teria sido levado da cidade boliviana para a sede da PF em Corumbá, na última sexta-feira (15).

A coordenadora da Defensoria Pública de Puerto Suárez, representada por Rexona Vaca, foi quem recebeu a denúncia. “O trabalhador municipal foi retirado de seu país sem que as autoridades bolivianas tivessem conhecimento do fato. Eles o levaram sem um tradutor, sem um advogado, e o mantiveram incomunicável das 09h até pouco depois das 14h daquele dia", reclamou a coordenadora à imprensa boliviana.

A Defensoria Pública da Bolívia, solicitará por meio do Ministério das Relações Exteriores daquele País uma posição do Governo do Brasil, sobre as supostas ações da Polícia Federal naquele município fronteiriço.

PF nega ter detido testemunha

Em nota, a Polícia Federal esclareceu que a denúncia não é verdadeira, pois o homicídio não foi registrado oficialmente em Corumbá e a corporação não tem tal atribuição.

"A própria explicação dos fatos, retirada dos órgãos de imprensa, já demonstra a falta de atribuição da Polícia Federal, visto que, crimes de homicídio, salvo quando praticados contra servidores públicos federais no exercício da função não são investigados pela Polícia Judiciária da União. Desta forma, sequer existe investigação sobre estes fatos na Delegacia da Polícia Federal em Corumbá e policiais federais jamais teriam ingressado em território boliviano para realizar diligências da forma como foi retratado pelos órgãos de imprensa", diz a nota da assessoria da PF.