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Cirurgias eletivas e exames de alto e médio custo estão suspensos na Santa Casa de Corumbá

Leonardo Cabral em 28 de Janeiro de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Santa Casa de Corumbá atende cerca de 130 mil habitantes, incluindo pacientes que vêm da Bolívia

A Santa Casa de Corumbá suspendeu a partir desta segunda-feira (28) todas as cirurgias eletivas (SUS, convênios, particular), bem como exames de alto e médio custo (tomografias e colonoscopias eletivas). Somente casos de urgência e emergência serão atendidos. Um documento da direção clínica do hospital foi encaminhado ao governador do Estado, Reinaldo Azambuja; ao prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes; secretarias de Saúde Estadual e Municipal; Promotorias do Estado e da União; Defensoria Pública; Conselho Regional de Medicina e à Junta Interventora da Santa Casa. 

Nele, o corpo clínico relata que 2018 foi "turbulento", passando por várias dificuldades, como "atraso de pagamentos,  falta de materiais, medicamentos e insumos, tendo como tendência a piorar, pois há aumento diário do custo do atendimento hospitalar, somando-se ao atraso no pagamento de médicos", que vêm recebendo pelo atendimento a pacientes, em parcelas, há mais de 8 meses.  

 

Para o diretor clínico da Santa Casa, Lauther da Silva Serra, a situação chegou ao extremo. “Mesmo com todos os repasses, por meio da contratualização, é impossível trabalhar. O hospital tem gasto mensal de quase R$ 1,4 milhão e todo mês faltam mais R$ 700 mil. A contratualização há oito anos não é revista e nesse tempo,  tudo teve aumento. Não conseguimos pagar os fornecedores, vai virando uma bola de neve e estamos trabalhando sob pressão”, enfatizou Lauther.

 

A direção administrativa da Santa Casa ratificou a crise financeira enfrentada pela instituição filantrópica. “Temos uma defasagem no repasse do SUS (Sistema Único de Saúde). A tabela de material ortopédico, por exemplo, é de 1996 e há uma diferença muito grande nos valores. No ano passado, recebemos 12 repasses de recursos e tivemos o pagamento do 13° salário dos profissionais, isso agravou o desequilíbrio financeiro já existente. Há ainda o atraso no que se refere à questão das férias dos funcionários e honorários médicos", explicou ao Diário Corumbaense o diretor administrativo Adriano Pires.

 

Nova contratualização

 

Na quinta-feira, 24 de janeiro, o secretário municipal de Saúde, Rogério Leite, entregou a proposta da nova contratualização da Santa Casa de Corumbá  ao secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.  “O Governo do Estado nunca fechou a porta para a Santa Casa e para Corumbá, pelo contrário, sempre foi parceiro. O grande problema nosso é o subfinanciamento da saúde e das Santa Casas”, afirmou. 


“Com essa proposta entregue e protocolada, queremos a construção de uma nova contratualização – que se encerra agora em fevereiro e precisa ser renovada – capaz de aumentarmos o trabalho executado no hospital para toda a região”, complementou Rogério. Esse documento agora será analisado pela equipe técnica da Secretaria Estadual de Saúde. 

“Nesse documento colocamos todos os serviços que fazemos, toda a ampliação que pode ser feita, como uma macrorregião em saúde, e o financiamento de como seria feito. Propomos o Município arcar com R$ 750 mil mensais, e o Estado fomentando a macrorregionalização em saúde com o aporte de R$ 1,5 milhão”, explicou. 

Nessa proposta está inserido o fomento da regionalização em saúde, abrindo a Santa Casa para cirurgias eletivas, seja na área de ortopedia e cirurgia geral, para outras macro e microrregiões, também fomentando trazer os pacientes que, caso precisem da ginecologia obstetrícia para Corumbá, assim também como uma parte de Unacon, que seria o tratamento de oncologia, para Corumbá. 

“Temos uma dificuldade da Unacon hoje no Estado e em Corumbá ela está muito bem. Assim abriríamos a rede para trazer esses pacientes para cá. Foram entregues também as propostas, projetos, de serviços no que tange à Atenção em Saúde. Colocamos a condição de aparelhos que façam a videolaparoscopia, a videoscopia, a colonoscopia, ultrassom dentário e outros aparelhos que beneficiariam a estrutura de saúde da região”, reforçou Rogério Leite. 

“Apresentamos ainda a situação orçamentária e o déficit financeiro em relação ao custeio das ações. Mostramos o que temos hoje de medicamentos e materiais que poderiam ser ajudados num repasse emergencial para a Santa Casa. Foi solicitado esse aporte emergencial para que a gente consiga custear e não parar as cirurgias e pagar todos os servidores e fornecedores da Santa Casa”, concluiu o secretário.

Intervenção

A Santa Casa de Corumbá está sob intervenção desde 2010. Por mês, a Prefeitura de Corumbá repassa à instituição R$ 513.532,00 (quinhentos e treze mil, quinhentos e trinta e dois reais). Entre novembro de 2018 e janeiro deste ano, o Município já repassou à Santa Casa mais R$ 1,1 milhão além do valor contratualizado, o que ajudou a pagar o 13º salários dos funcionários. O SUS (Sistema Único de Saúde) aporta mensalmente mais R$ 1 milhão, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) outros R$ 353.482,00 (trezentos e cinquenta e três mil e quatrocentos e oitenta e dois reais) e a Prefeitura de Ladário R$ 20 mil. 

Mas, o hospital ainda registra um déficit mensal de aproximadamente R$ 780 mil para a manutenção dos serviços existentes, fora os valores que são utilizados para pagar credores antigos da Santa Casa. Com informações da assessoria de comunicação da PMC.

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