Ricardo Albertoni em 24 de Agosto de 2018
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
A ação foi detalhada durante coletiva realizada pelos órgãos envolvidos na sede da Polícia Federal
Com o objetivo de coibir contrabando e venda ilegal de combustíveis em Corumbá, a Polícia Federal, Receita Federal e equipe da Força Nacional, realizaram nesta sexta-feira (24) a Operação Mad Max. A ação, que culminou com a prisão em flagrante de cinco pessoas – 4 brasileiros e 1 boliviano – além da identificação de pelo menos quatro pontos de comercialização de combustível armazenado irregularmente, foi detalhada durante coletiva realizada na sede da PF.
O delegado da PF, Iuri Oliveira, destacou que a ação, de responsabilidade do delegado-chefe Sérgio Macedo, é resultado de um intenso trabalho colaborativo entre Polícia Federal e Receita. A troca de informações de inteligência possibilitou a identificação de um “fluxo suspeito” de indivíduos que traziam o combustível ilegal da Bolívia e o armazenavam clandestinamente em depósitos, inclusive em áreas residenciais, causando riscos à sociedade.
Ao todo, 26 servidores participaram da operação que apreendeu 900 litros de combustível, além de quatro veículos, inclusive com placas bolivianas. Nessas situações, os combustíveis eram vendidos a varejo e durante a investigação e o mapeamento dos pontos, até a movimentação de carretas foi flagrada pelas equipes. Os indivíduos presos responderão por contrabando e por armazenar substâncias tóxicas irregularmente, previsto no artigo 56 da Lei de Crimes Ambientais, a Lei 9605 de 1998. Se condenados nos dois crimes, podem cumprir pena de 3 a 9 anos de reclusão, além de multa.
“A PF e a Receita constantemente trocam informações de inteligência e nós temos verificado há algum tempo um movimento, um fluxo suspeito de indivíduos que provavelmente estariam trazendo combustível ilegal da Bolívia para o Brasil. É uma situação organizada e a gente sabe pelo histórico que em determinado momento a gente consegue prender, responsabilizar algumas pessoas e depois os criminosos se reorganizam e acabam praticando novamente. Sabemos que essa é uma dificuldade pela proximidade com a fronteira e ainda há a questão da diferença de preço de combustível, mas o nosso papel enquanto órgãos de repressão, é continuar agindo, coibindo e mostrar para a sociedade que estamos atuando dentro de nossas forças e esse é mais um resultado da nossa atuação”, destacou o delegado Iuri.
O responsável pela Inspetoria da Receita Federal em Corumbá, Zaquiel Schardong Vettorello, frisou a importância das denúncias e ressaltou a preocupação da população com o assunto que, segundo ele, trata-se de uma situação que possui um contexto histórico na região.
“Tenho dados de 2017 e 2018, sem contar essa operação de hoje. São aproximadamente 15 mil litros de combustível com apreensão de 10 veículos usados nessa rotina de trazer combustível da Bolívia para o Brasil em pontos específicos. Quando a gente coleta essas informações percebemos que muitas pessoas de Corumbá se preocupam e eu digo que devem se preocupar e continuar denunciando porque esses combustíveis às vezes estão em bairros residenciais, colocando em risco a casa de outras pessoas que não tem o conhecimento do que está acontecendo. É importante essa consciência da população corumbaense em continuar denunciando à Polícia Federal ou à Receita Federal esses pontos de comércio ilegal de combustível”, afirmou.
A PF também reforçou outros pontos que operações como a Mad Max têm a função de proteger. “Pode parecer que é uma coisa corriqueira, banal, trazer combustível e que isso 'não faz mal à ninguém', mas na verdade essa proteção legal tem algumas funções importantes como por exemplo proteger nossa indústria e nosso comércio nacional além de, sobretudo, proteger as pessoas, a segurança daquelas pessoas que estão manuseando esses produtos químicos perigosos. Sabemos que o combustível utilizado na Bolívia não é compatível com o utilizado no Brasil e em médio prazo pode causar danos aos veículos e talvez até danos à vida”, disse.
O combustível apreendido, segundo a PF, vai ser colocado à disposição de órgão ambiental ainda a ser definido.
Apoio da Força Nacional
Equipe de 8 homens presentes em Corumbá atuaram no apoio da operação. O comandante da Força Nacional na região, tenente João Fernandes Xavier, explicou que a função das equipes de elite que permanecem por cerca de seis meses na cidade é dar o suporte aos órgãos de segurança.
“Para muita gente somos estranhos em Corumbá. Em 2010, a Força esteve aqui e a gente voltou para prestar um suporte operacional para a PF e a Receita. Pessoas já nos perguntaram o que a gente faz aqui, praticamente não divulgamos nada, mas atuamos em casos assim, depois de uma investigação da Polícia Federal juntamente com a Receita foram descobertos os pontos onde havia combustível ilegal, demos o suporte operacional e prendemos”, explicou.
O auditor fiscal da Receita, Hermano Toscano, afirmou que em tempos de escassez de recursos humanos é importante a união entre os órgãos no combate aos crimes nesta região de fronteira. “Nunca é demais falar do problema de recursos humanos que os órgãos estão enfrentando e esse reforço da Força Nacional para que a gente possa executar esse tipo de operação é bastante importante. É uma situação quase que dramática que os órgãos estão enfrentando e na Receita não é diferente. Esse problema de pessoal faz com que a gente se una ainda mais, aproveite as expertises dos órgãos para que possamos unidos combater esses crimes transfronteiriços, porque da maneira que está hoje, com a escassez de recursos humanos, fica cada vez mais difícil enfrentar o crime”, destacou Hermano.
Mad Max
O nome da operação faz referência ao personagem fictício de filmes de ação e ficção científica que se passam em um futuro pós-apocalíptico, onde a gasolina e água são os bens mais valiosos.
21/03/2019 Mad Max 2: Operação detém três e apreende 900 litros de combustível em Corumbá
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.