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PF aponta ligação entre Marun e fraudes no Ministério do Trabalho

Campo Grande News em 05 de Julho de 2018

O ministro Carlos Marun (Governo) entrou na mira de investigadores da Polícia Federal na operação Registro Espúrio, que apura a suposta ação de uma organização criminosa especializada em fraudar registros sindicais no Ministério do Trabalho. Materiais levantados na ação sugerem intervenção do ministro em pedidos envolvendo sindicatos e cooperativas de Mato Grosso do Sul.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

PF suspeita que Marun agiu para ter atendidos pleitos envolvendo entidades sindicais no Ministério do Trabalho

Apesar do pedido da PF, a Procuradoria-Geral da República entendeu não haver, ao menos por enquanto, indícios de que o assessor do presidente Michel Temer teve participação no esquema. A PF havia pedido o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços de Marun e sua chefe de gabinete, Vivianne de Melo, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Contudo, a PGR descartou a tomada de tais medidas.

As suspeitas sobre Marun foram relatadas em despacho do STF (Supremo Tribunal Federal) de sexta-feira (29), assinado pelo ministro Edson Fachin e que culminou no afastamento do ministro Helton Yomura (Trabalho). O relator concordou com a PGR, mas pontuou trechos das apurações que indicam suspeitas contra Marun.

Entre os materiais apreendidos na Registro Espúrio, como mensagens de celular, haveria provas sustentando que Marun “se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades de seu interesse”. Conversas entre Vivianne e Renato Araújo Júnior, ex-coordenador de Registro Sindical do Ministério do Trabalho e que está preso, serviram como evidências de que houve demandas da Secretaria de Governo tratadas na pasta do Trabalho.

Mato Grosso do Sul

As investigações citam que, em 23 de maio deste ano, Júlio de Souza Bernardo (o Júlio Canelinha, chefe de Gabinete do ministro do Trabalho) enviou mensagem a Araújo Júnior pedindo despacho no Diário Oficial da União a ser revertido para atender a pedido de Marun.

No despacho, foi retirado o termo “Cooperativas” do Sintrael (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Carnes de Derivados, Indústrias da Alimentação) de São Gabriel do Oeste – a 140 km de Campo Grande –, excluindo ainda o município da base de atuação do Sintracoop-MS (Sindicato Estadual dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas de Mato Grosso do Sul).

Mensagem de Yomura a auxiliares afirma que a decisão atendia interesses do Solidariedade em Santa Catarina, mas desagradara Marun. O tema voltou a ser discutido no dia 25 daquele mês, sugerindo que houve cobrança para que Canelinha desse “celeridade nos processos de interesse do ministro Marun, pressionando Renato a priorizar tais processos”, destaca o relatório, indicando haver influência de “interesses políticos” na concessão de registros sindicais.

Marun foi procurado pela Folha e pelo Campo Grande News para se posicionar sobre as suspeitas. A reportagem não obteve resposta até a publicação desta matéria.

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